“Porque para com Deus não há acepção de pessoas”. Rm 2:11.
“Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso
condenados pela lei como transgressores”. Tiago 2:9. [def.: diferença, distinção, parcialidade]
“Então, falou Pedro, dizendo:
Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas”. Atos 10:34.
Introdução.
O ser humano tem uma facilidade incrível para generalizar pessoas e
coisas.
“Mineiro é desconfiado”, ”gaúcho
é papudo”, “judeu é pão-duro”, “político é corrupto”, “português é...”.
Tais expressões são comuns entre nós, e ditas com tanta naturalidade como se
fossem verdades inquestionáveis.
Paulistas acusam cariocas de preguiçosos,
e estes revidam dizendo que paulista vive só para trabalhar.
Suas origens.
Via de regra, basta conhecer dois
indivíduos do mesmo lugar e com uma característica em comum para se concluir
apressadamente que “todo mundo lá é assim...”
Basta que dois
moradores de uma comunidade carente da periferia, popularmente denominada
favela envolvam-se no mais banal dos delitos para que se diga que “todo
morador de favela não presta, é mau caráter e é perigoso”.
Basta que dois brasileiros
preguiçosos estudem na mesma universidade estrangeira para que se forme o
conceito de que “todo brasileiro é preguiçoso”.
Basta que o marido derrame duas
vezes café com leite no tapete da sala para que a esposa diga: “Toda vez
acontece isso. É sempre a mesma coisa”.
Certa vez um jovem “levou o fora”
da namorada. E ao desabafar sua desilusão amorosa no ombro de um amigo, este,
com ar de sabedoria sentenciou: “Console-se. Elas são todas iguais”. E a mesma coisa tem sido dita a muitas
meninas desiludidas: “Os homens são assim mesmo”.
O hábito de generalizar é
inconveniente por pelo menos dois motivos:
Em primeiro lugar, porque
cometemos injustiça para como os indivíduos que se constituem exceção à regra.
Se afirmarmos que “judeu é
pão-duro” estamos sendo injustos para com os judeus que não o são.
Se dissermos que “jornalista é
mentiroso”, estamos sendo injustos para com os jornalistas comprometidos
com a verdade. Ou não existem tais casos?
Igualmente ao assegurarmos que “político
é corrupto” estamos sendo injustos para com aqueles que têm o devido
respeito para com seus eleitores.
Em segundo lugar, o hábito de generalizar em questões materiais, pode levar o indivíduo a proceder de igual modo nas coisas espirituais. E quando isto acontece, a pessoa pode ser levada a ter uma compreensão distorcida da verdade. Vejamos alguns exemplos:
• Na Idade Média pensava-se que os processos vitais no organismo dos homens e animais não podiam ser estudados, pois eram considerados miraculosos, isto é, a digestão, a assimilação do alimento pelo corpo, bem como a circulação do sangue no organismo, eram realizados por atos diretos de Deus, e não podiam ser entendidas.
Quando, porém, William Harvey, não
satisfeito com essa explanação mística dos processos vitais, passou a
estudá-los, chegando finalmente a demonstrar que o sangue circula através do
organismo bombeado pelo coração, e graças a um sistema de válvulas, muitos que
acreditavam na operação divina em tais fenômenos, passaram então a desacreditar
de toda e qualquer interferência divina. Passaram a generalizar os processos da
Natureza, atribuindo tudo a leis mecanicistas. – SDABC, vol. 1, pág. 47.
• Hiram Edson (1806-1882) um
dos arautos da esperança adventista, que com intenso ardor e fé inquebrantável
participou na fundação e posterior triunfo da causa do advento escreveu que
após o grande desapontamento de 1844 muitos adventistas se perguntaram: “O
que mais não estará errado? Terá a Bíblia falhado? Será que não há Deus, nem
Céu, nem cidade de ouro, nem paraíso? Será tudo uma engenhosa fábula? –
Hiram Edson, Life and Experience, n.d. págs. 4 e 5.
Pelo fato de Cristo não ter vindo em 22 de Outubro de 1844, a data em que O esperavam, muitos puseram em dúvida todas as suas crenças. O desapontamento provocou dúvidas generalizadas sobre todo o corpo de doutrinas que ardorosamente defendiam.
Um único fracasso em sua teologia
foi suficiente para que toda a estrutura doutrinária passasse a ser
questionada.
Percebemos
nós o perigo da generalização?
• Em Romanos 14:5 lemos: “Um
faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um
esteja inteiramente seguro de seu próprio ânimo”.
Paulo está falando aqui especificamente das antigas festas judaicas. Mas os que têm o hábito de generalizar as coisas, insistem em incluir aqui o repouso sabático, que nada tem a ver com este assunto.
• Cristo é descrito pelo
profeta Isaías como um “homem de dores” (Isaías 53:3). Esta descrição,
porém, não se aplica a toda a Sua vida. Cristo Se tornou um “homem de dores”
apenas ao aproximar-se a Sua grande aflição.
A pena da inspiração revela que
Cristo era, na verdade, uma pessoa alegre, que irradiava simpatia. Diz Ellen
White: “Sua fisionomia não apresentava a expressão do desgosto ou do
descontentamento, mas sempre de inalterável serenidade. Seu coração era um
manancial de vida; e onde quer que fosse, levava descanso e paz, contentamento
e alegria”. Caminho para Cristo, pág. 103.
O
preconceito.
O preconceito humano é um dos
condenáveis resultados duradouros depois da queda. Foi o hábito de generalizar,
aliado ao seu primo-irmão, o preconceito, levou alguns contemporâneos de Cristo
a duvidarem de Sua messianidade só porque Ele era nazareno: “Filipe
encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos Aquele de quem se referiram os
profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré
pode sair alguma coisa boa?” João 1:45-46.
A expressão é muito clara. Natanael
estava, com efeito, dizendo: “Ora, ora, não me diga que o Cristo é de
Nazaré! Logo daquele lugarzinho de gente grossa! Em Nazaré não há nada que
preste, portanto o Cristo não pode ser de lá”.
Os galileus, e em particular o povo
de Nazaré, eram olhados com desprezo pelos habitantes da Judéia, por causa das
suas maneiras e da sua fala. “Os nazarenos são uns grossos”, era o que
se pensava.
É interessante notar, porém, que o
próprio Natanael era Galileu, de Caná, cidade situada a pouca distância de
Nazaré. Natanael, pois, devia conhecer muito bem os seus vizinhos.
Como “verdadeiro israelita”
(verso 47), Natanael esperava a “consolação de Israel” com paciente
devoção e sinceridade. Mas os homens bons também podem ter os seus
preconceitos. Assim sendo, é possível que Natanael partilhasse da opinião
generalizada de que “da Galiléia não se levanta profeta” (João 7:52).
Além disso, era voz corrente ente os
judeus que quando “vier o Cristo, ninguém saberá donde Ele é” (João
7:27).
Concluímos então, que mesmo pessoas
talentosas, honradas e consagradas não estão livres deste pecado.
A resposta de Filipe é a melhor que
poderia ter sido dada: “Vem e vê” (João 1:46).
Ver a Jesus face a face é mais
convincente do que qualquer argumentação. Natanael aceitou o convite de Filipe
e, ao ver e ouvir a Jesus, reconheceu ser Ele o Filho de Deus (verso 49).
Conclusão.
A semelhança dos judeus
preconceituosos e bairristas do tempo de Cristo, que O repeliam por ser
nazareno, quantos hoje não O rejeitariam se ele fosse baiano, gaúcho ou
paulista?
·
A
generalização acompanhada de seus parentes próximos, o preconceito e o
bairrismo, podem ter graves consequências espirituais: podem nos levar a
rejeitar não apenas muitos filhos de Deus, mas o próprio Filho de Deus.
·
Que
Deus nos abençoe para que possamos ver a Jesus como Natanael O viu.
·
Ver
a Cristo, e com Ele conviver, é a resposta a todos os nossos problemas e
imperfeições.
Que Deus nos dê essa visão espiritual! Amém!!!
Autor:
desconhecido
Fonte:
idem
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