Pular para o conteúdo principal

MUITO MAIS QUE UMA NECESSIDADE


           “Então Pedro veio a Jesus e perguntou-lhe: Senhor, quantas vezes eu devo perdoar um irmão que pecar contra mim? Sete vezes? Você não deve perdoar sete vezes”, disse Jesus, “mas setenta vezes sete” (Mateus 18:22).
 

           Introdução.

            Se resolvêssemos premiar quem nunca ofendeu nem foi ofendido, será que apareceria algum candidato honesto para reclamá-lo?

É de se duvidar. O homem é um ser que ofende.

            Porém, se errar é humano (Rom. 3:23), perdoar é divino (Dan. 9:9) e negar o perdão é diabólico.

            Hoje, muitos pesquisadores reconhecem que o ódio envenena e mata. Existe até empresas de consultoria recomendando o perdão como terapia para desbloquear a mente e liberar a criatividade.

 

            Para os religiosos, a importância do perdão não é novidade.

Para o apóstolo Paulo o perdão é assunto estratégico.

Estratégico? Acaso existe alguma guerra sendo travada? Sim, uma guerra entre dois poderes, entre duas forças, entre Cristo e Satanás a respeito do caráter de Deus, sua Lei e sua soberania no universo. Uma guerra pela conquista de nossas mentes. No campo de batalha entre o bem e o mal, o perdão é um importante plano estratégico de batalha para Deus. Se os cristãos deixarem de perdoarem-se uns aos outros, dividirão o exército de Cristo e darão a vitória a Satanás. Moral da história: exército dividido não ganha guerra!

Certa vez, o impulsivo apóstolo Pedro perguntou a Jesus se deveríamos perdoar até sete vezes. Os judeus recomendavam três. Se a pessoa voltasse a errar, era sinal de que não tinha remédio. Pedro quis ser generoso e elevou o limite do perdão para sete, o número da perfeição. A resposta de Cristo foi genial, como sempre: “Não. Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete”. Mt. 18:22

            Perdoar 490 vezes ao mesmo indivíduo eqüivale a perdoar infinitamente. Isso tornaria a vida livre de ódio. A gente pode se irar, como diz a Palavra de Deus (Salmo 4:4; Ef. 4:26), mas não odiar.

            Esse é o caminho da liberdade. Um caminho por sinal, nada fácil. David Augsbuger frisa, e, seu livro Livre para Perdoar, que o perdão é raro, difícil, caro e substitutivo.

            • É raro porque não se restringe ao joguinho de passar por cima das coisas que magoam. Perdoar não é fazer de conta que não tem importância. O autor nos aconselha a nunca dizer: “Esqueça, isso não é nada”. O esquecer vem após o perdoar.

• Ninguém disse que seria fácil; ninguém disse que não exigiria dor, orações e lágrimas. É difícil porque nosso senso de justiça quer nos levar em outra direção. O perdão diz “não” ao ego, que exige seus direitos.

            • É caro porque alguém tem que pagar o preço. Quem perdoa é que paga.

            • Nesse sentido, o perdão é também substitutivo. Você sofre no lugar do ofensor para que ele fique livre. Foi o que Cristo fez na cruz.

           Algumas razões para perdoar:

 

           1ª) A vingança não é a solução. Ela rebaixa o vingador ao nível do inimigo e consolida este ainda mais em seu erro. Inicia uma guerra sem fim. Martin Luther King Jr., pastor batista negro, norte-americano, Prêmio Nobel da Paz/1964, disse: “Você nunca vai se livrar do seu inimigo devolvendo ódio com ódio. Você vai livrar-se de um inimigo livrando-se da inimizade”.

 

           2ª) Quem perdoa é livre. Perdoando, você se sente livre para viver de forma criadora. Quem não perdoa carrega o inimigo atravessado no cérebro. Em tudo que se vai fazer, lá está ele chateando.

           3ª) O ódio é autodestrutivo. “O ódio é uma paralisia da mente, alma e espírito, tão potente que pode congelar nossa razão, emoções e todas as reações”, escreve Augsburger. Quando a amargura afeta uma pessoa, ela se torna cínica e crítica. A raiva contínua pode, literalmente, causar danos ao coração. O perdão pode representar a cura de muitos distúrbios, mas não basta sabermos disso. Precisamos perdoar.  Perdoar ou adoecer; você decide!

           4ª) Para que nossas orações sejam atendidas. “Quando chegamos a pedir misericórdia e bênçãos de Deus, devemos fazê-lo tendo no coração um espírito de amor e perdão. Como poderemos orar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nos perdoamos aos nossos devedores,” (Mt. 6:12) e não obstante alimentar um espírito de irreconciliação? Se esperamos que nossas orações sejam atendidas, devemos perdoar aos outros do mesmo modo e na mesma medida em que esperamos ser perdoados.” Ellen G. White, Caminho p/ Cristo, pág. 83.

           5ª) Jesus deixou-nos o exemplo: perdoou. A Sr.ª White afirma que “Jesus nos ensina que só poderemos receber o perdão de Deus se também nós perdoarmos aos outros.” O Maior Discurso de Cristo, pág. 113. Mas Ele fez muito mais que ensinar. Jesus perdoou a mulher apanhada em adultério. Assim fazendo Ele demonstrou que o perdão não é condicional e não pode ser conquistado. Ele não aprovou o que ela fez. Também não exigiu mudanças em sua vida para depois perdoá-la. Mas amou-a como pessoa e assim mesmo, como estava, foi perdoada.  Uma dica: separar o ofensor da ofensa cometida torna mais fácil perdoar.  Um conselho: não olhes para seu merecimento!

           6ª) Deus manda perdoar. Muito mais que uma necessidade, o mandamento de Deus é perdoar. Jesus disse: “Porque, se perdoarem as ofensas dos outros contra vocês, o Pai que está no Céu também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem os outros, o Pai também não perdoará as ofensas de vocês.” Mt. 6:14-15. Sem o perdão de Deus qual será nosso destino? Pense nisso.

           A oferta do perdão aos outros afeta o perdão de Deus a nós. “Aquele que está pouco disposto a perdoar os outros não merece ser perdoado. Além disso, perdoa-lo seria tolerar seu próprio espírito irreconciliável. ... Só quando estamos em paz com nosso semelhantes podemos estar bem com Deus”. SDA Bible Commentary, vol. 5, pág. 348.

            Aquele que não perdoa aos outros destrói a ponte por onde passaria o seu próprio perdão. Por isso, quando o Gal. James Oglethorpe disse ao pregador e grande reformador John Wesley que nunca perdoava, ele replicou: “Então espero, senhor, que jamais peque”. Um coração que não perdoa é imperdoável.

           

           Porque, como e a quem perdoar?

 

Mostre ao universo de que lado você está. Quando concedemos e recebemos perdão, desempenhamos um papel importante no plano da redenção. Quando concedemos e recebemos perdão, mostramos ao universo que vivemos na presença de Deus!

            Perdoe e esqueça. Você não deve agir igual àqueles índios norte americanos que, depois de um tratado de paz, enterravam suas machadinhas, mas deixavam o cabo de fora para uma eventualidade... Claro que, no fundo, a gente nunca esquece nada do que acontece. Porém, o perdão tira o veneno da lembrança. A abelha da memória passa a voar sem o ferrão. O apóstolo Paulo afirmou que se esquecia das coisas que para trás ficavam.     Faça como Deus; quando Ele perdoa nossos pecados e os esquece, nunca mais nos acusa deles.

            Não confunda indiferença com perdão. Colocar o outro no “gelo” não é perdoar. É ignorar a existência do conflito que precisa ser solucionado. A indiferença é superficial. O perdão abre a linha para contato, ainda que a gente não precise ficar pagando jantares para ex-desafetos.

            Perdoe logo. É mau negócio cultivar raiva. Se você pensa em perdoar, aja imediatamente. Precisamos perdoar, e fazê-lo o mais rápido possível. A pessoa não merece? Certamente que não. Mas perdão é exatamente isso. Um ato de altruísmo. É a realização de algo que a outra pessoa não merece. O perdão também não desculpa ou minimiza o ferimento causado pela outra pessoa. Pelo contrário, declara: “Sim, você fez algo que me machucou. Você agiu mal.” Perdoar é agir com misericórdia e dizer: “Escolho não sustentar isso contra você. Eu o perdôo”. Uma prova de que realmente perdoamos ao ofensor após a reconciliação, é o fato de nunca mais levantarmos a questão, a não ser com objetivos construtivos e com consentimento mútuo.  

            Perdoe a todos. Você deve perdoar a quem lhe faz pequenas e grandes ofensas, inclusive a você mesmo. No livro Culpa e Graça, o psiquiatra suíço Paul Tournier demonstra que todos nós sentimos culpa. Essa culpa pode ser real ou neurótica. Para não sermos esmagados por ela, temos de perdoar e pedir perdão. Culpa não solucionada, cria ansiedade e doença.

           Assim, podemos também considerar o perdão como um presente, é o único jeito de deixarmos esse fardo esmagador no meio do caminho e seguirmos a viagem mais leves.

            Se o perdão fosse levado a sério, não haveria tantas pessoas machucadas e infelizes.   Só o amor vence o ódio e a indiferença.

 

           Conclusão.

            Se você, apesar das boas razões expostas para perdoar, como diz a Sr.ª White, continua “alimentar um espírito de irreconciliação”, permita-me apresentar-lhe o sétimo motivo, esse, é irrefutável. Se for tão difícil perdoar uma palavra indelicada, uma repulsa, um ombro frio, um insulto, um xingamento, enfim, uma ofensa, pergunto-lhe:

O que levou Deus a perdoar nossos muitos pecados?

Foi a cruz. A julgar pelo alto preço pago por Cristo na cruz, concluímos que o perdão é muito importante. Se Cristo levando os nossos pecados, não nos fizer ver o preço do perdão, o que mais o fará? O céu. “Eu sei que há um céu para mim”, diz um dos versos da 2ª estrofe do hino de n.º 123 do HA.


·         Existe um céu a sua espera, entretanto, o caminho para o céu passa necessariamente pelo perdão. Sem perdão não há céu.


·         O céu será uma realidade somente para aquele que estiver sempre disposto a perdoar.


·          Perdoar é o conselho e o mandamento divino a cada um de nós.


·         Sejamos perdoadores.  É o meu desejo e a minha oração. Amém!!!


 

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AS TRÊS FASES DO JUÍZO DE DEUS

Apocalipse 14:6-7                                      Introdução             É um prazer tê-los em nossa igreja para mais uma noite de estudos do livro de Daniel. Nossa proposta é que todos os domingos aprendamos verdades divinas reveladas na Palavra de Deus. No domingo passado estudamos sobre um tema magnífico e antes de entrarmos na aula de hoje, iremos recapitular rapidamente o nosso estudo anterior.             Relembrando             Ao relembrar o gráfico profético vemos que antes da 2ª vinda de Jesus, ocorreria o juízo de Deus, você lembra?             Jesus não vem para julgar, Ele vem para dar a recompensa. O julgamento já terá ocorrido antes dEle voltar e este julgamento é chamado de julgamento investigativo, ou juízo investigativo (Apocalipse 22:12).             É chegada a hora do seu juízo             Leiamos Apocalipse 14:6-7             Devemos destacar alguns pontos nestes versos:             1° essa seria uma mensagem pregada em todo mu

DEZ INIMIGOS DA ORAÇÃO EFICAZ

           Segundo afirma o Pr. John Maxwell, em seu livro intitulado “Parceiros de Oração” existem aproximadamente dez inimigos da oração intercessória eficaz.            I João 5:15 diz que Deus sempre nos ouve.             Isto significa que Ele vai conceder tudo o que pedimos?            “Há condições para o cumprimento das promessas de Deus e a oração nunca pode substituir o dever”. PJ, pág. 143.            Uma coisa, porém, é certa. Deus ouve e responde a todas as orações.            Há, entretanto, três maneiras de Deus responder aos nossos pedidos: sim ; não e espere um pouco .   Alguns exemplos bíblicos que confirmam tal citação:            ·   Um homem leproso pediu para Jesus cura-lo. Jesus o curou imediat. Mat. 8:1- 6;            ·   Josué e Calebe tinham o desejo de tomar posse da terra prometida imediatamente. Mas tiveram que esperar quarenta anos (14600 dias). Num. 14:8;            ·   Moisés rogara a Deus que o deixasse cruzar o Jordão imed

ONDE ESTÁ ESCRITO QUE...

           Introdução .            Existe, inclusive no meio adventista, uma coisa interessante que os estudiosos denominam de cultura corporativa. Trata-se de um conjunto de regulamentos, de regras, de preceitos, que são levados a sério, até demais, muito embora não estejam escritos em lugar nenhum.             “Não tenho nenhum desejo de perturbar a fé de ninguém. Pelo contrário, quero que essa fé seja sincera, realista e verdadeiramente bíblica. Mas os crentes, por vezes, creem em coisas que não estão na Bíblia, por causa de um método errado de interpretação ou de uma esperança infantil de que Deus assumirá as responsabilidades por elas” . (O Mito da Grama Mais Verde de J. Allan Petersen, 4ª Edição/ 1990, Juerp, pág. 63).             O objetivo deste estudo é levá-lo a rever seus conceitos .            Deus é avesso a mudanças?            Todos nós certamente temos a resposta na ponta da língua. Sim. Está escrito lá no livro de Malaquias 3:6. Ou então está lá n