Sem entrar no mérito desta questão,
mas apenas para chamar sua atenção, o dia 7 de outubro se aproxima a passos
largos e certamente muitas dúvidas assolam a mente de muitos brasileiros,
inclusive nós - cristãos.
ü Comparecer ou não às
urnas?
ü Votar ou não votar?
ü Se, sim. Em quais
candidatos? Como avaliá-los?
ü Se não. Votar em
branco ou anular o voto?
ü Cristãos devem
envolver-se com a política?
ü Cristãos podem
candidatar-se?
Respostas prontas não existem, mas
desejo desafiá-lo e ao mesmo tempo convidá-lo para uma reflexão sobre os textos
que encontrei na net acerca deste assunto. Os três primeiros são
denominacionais; os dois últimos não. Alguns foram postados recentemente,
outros nem tanto.
A leitura dos mesmos permitirá que
você tome uma posição mais abalizada e talvez até o leve a rever seus conceitos
sobre este assunto que a cada dois anos tende a fazer a cabeça de muita gente,
inclusive a nossa.
Uma coisa é certa. Por mais
equilibrada que venha ser sua decisão, os resultados, sejam quais forem em
07.10.12, você será direta ou indiretamente afetado. É o preço pago por ser
cidadão de dupla cidadania, ou se preferir, de estar no mundo mas não pertencer
ao mundo.
Boa
leitura. Boa reflexão.
Que Deus te conceda sabedoria suficiente para tomar
a decisão correta!
É o meu desejo e a minha oração. Amém!!!
A IGREJA ADVENTISTA E A
POLÍTICA
Depois de ser questionado, como
pastor e amigo, por muitas pessoas de nosso rol de relacionamento (família,
igreja, amizades, etc.), resolvi pesquisar e escrever o seguinte
esclarecimento: a Igreja Adventista do Sétimo Dia sempre manteve posição
oficial de não se posicionar a favor ou contra qualquer partido político e/ou
seus candidatos. Essa posição é mantida em todos os níveis organizacionais e
institucionais da denominação, inclusive em suas congregações locais.
Os membros da Igreja Adventista do
Sétimo Dia devem reconhecer ser seu dever individual escolher livre e
conscientemente em quem votar. O princípio básico é sempre votar em candidatos
cuja ideologia, crenças, estilo de vida e propostas políticas estejam mais
próximos dos princípios adventistas.
Entre os princípios mais
importantes, estão: (1) liberdade religiosa, (2) separação entre Igreja e
Estado, (3) observância do sábado, (4) conduta moral, (5) temperança cristã,
(6) apoio ao sistema educacional privado mantido pela Igreja, e a (6) tentativa
de melhorar a qualidade de vida das classes moral e economicamente
desfavorecidas. A posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre algumas
dessas questões é enunciada no livro Declarações da Igreja (Tatuí, SP: CPB,
2003).
Ellen White adverte contra votar em candidatos sem compromisso com a liberdade religiosa: “Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa. [...] O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 475).
Uma sensata atitude, quanto em quem votar, seria orar pedindo sabedoria (Tiago 1:5). Lembrando que a Palavra de Deus nos revela que “todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas” (Romanos 13:1).
Ellen White adverte contra votar em candidatos sem compromisso com a liberdade religiosa: “Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa. [...] O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 475).
Uma sensata atitude, quanto em quem votar, seria orar pedindo sabedoria (Tiago 1:5). Lembrando que a Palavra de Deus nos revela que “todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas” (Romanos 13:1).
Pr.
Moisés Biondo,
IASD Central de Artur Nogueira
IASD Central de Artur Nogueira
O CRISTÃO E A POLÍTICA
Por
Bert B. Beach
Desde
o nascimento da igreja cristã, estas questões têm sido debatidas vez após vez:
Qual é o papel do cristão na política? Pode um membro ou a própria igreja
envolver-se em política? Como deviam se relacionar com o governo e com as
autoridades políticas?
Alguns
adventistas do sétimo dia acham que a igreja não desempenha nenhum papel
político, e o cristão individual, no máximo, uma parte minúscula. Esta opinião
funda-se sobre o conceito de que o reino de Cristo não é deste mundo. Outros
adventistas insistem que tanto indivíduos como a igreja têm responsabilidades
sociopolíticas incontestáveis para melhorar as condições de vida. Alguns
cristãos vão mais longe e pretendem que a tarefa principal do cristianismo é
trabalhar para criar uma ordem política cristã que resulte no estabelecimento
do reino de Deus na Terra. Entre uma e outra, há todo uma gama de opiniões.
O exemplo
de Cristo
Jesus
raramente mencionou o tipo de sociedade política à qual Seus discípulos deviam
aspirar. Ele não pretendeu ser um reformador sociopolítico. Ele não enunciou
nenhuma plataforma política. As tentações no deserto tinham uma dimensão
claramente política e Ele as resistiu. Embora Ele tivesse mais de uma
oportunidade para apoderar-Se do governo da sociedade por uma espécie de golpe
de estado (ex.: o alimentar a multidão e a entrada triunfal em Jerusalém), Ele
não escolheu esta opção.
Ao
mesmo tempo, os ensinos de Jesus não podiam deixar de ter uma influência
sociopolítica ao serem observados pela comunidade cristã. Ele ofereceu boas
novas aos pobres, liberdade para os oprimidos e vida abundante (João 10:10).
Portanto, os adventistas, seguindo o exemplo de cristãos através dos séculos,
precisam reconhecer sua responsabilidade social. Os pioneiros adventistas
pregavam não só o evangelho de salvação individual, mas também se preocupavam
com alcoólatras, escravos, mulheres oprimidas e as necessidades educacionais de
crianças e jovens.
A base
bíblica de responsabilidade sociopolítica
A
responsabilidade sociopolítica cristã baseia-se sobre dois fundamentos
bíblicos. Primeiro, a doutrina da Criação. Deus criou o Universo e nos
designou como os mordomos deste mundo. Mordomia implica tanto em
responsabilidade como prestação de contas pelo domínio sobre o qual tem jurisdição.
Segundo,
a doutrina do homem. Os seres humanos são criados à imagem de Deus. Os
parâmetros da responsabilidade humana de servir jazem dentro deste conceito
bíblico da natureza humana. A visão cristã é que homens e mulheres não são uma
espuma sobre o mar da vida, mas pessoas com um papel responsável a desempenhar
e com um futuro promissor. O potencial humano confere propósito, direção e
otimismo a cristãos a serviço de outros num contexto comunitário.
Assim,
o cristianismo não é uma religião de individualismo isolado ou de introversão;
é uma religião de comunidade. Os dons e as virtudes cristãs têm implicações
sociais. Devoção a Jesus Cristo significa devoção a todos os filhos de Deus, e
devoção gera responsabilidade pelo bem-estar de outros.
O dilema
de uma dupla cidadania
Cristãos sinceros
confrontam o dilema de uma dupla cidadania. De um lado eles pertencem ao reino
de Deus, e do outro, a sua terra natal. São parte da “nova humanidade” e vivem
no meio da “velha humanidade”. Há aqui um conflito inerente? Precisa
a juventude adventista do sétimo dia escolher uma cidadania e renunciar à
outra? Não há dúvida de que ocasionalmente possa haver conflito quando as
exigências ou deveres de uma cidadania colidem com os da outra. Em tais casos
as Escrituras são claras: “Antes importa obedecer a Deus
do que aos homens” (Atos
5:29).
Não obstante, o reino
de Deus não se encontra isolado deste mundo; “está entre vós”(Lucas
17:21). Em outras palavras, o reino de Deus é uma esfera, um comprometimento,
uma atitude e um modo de vida e pensar que permeia a toda nossa existência e
que dá um sentido especial à cidadania nacional. É a soberania de Deus
invadindo o viver humano.
Nada fazer
é ação política
A organização política
da sociedade é a provisão divina para a humanidade caída. Deus não pede que as
pessoas corretas se distanciem do processo político de governo e deixem o
controle sociopolítico e econômico nas mãos dos “malfeitores”. Os cristãos devem ser o sal e a luz do
mundo social, e portanto não podem simplesmente se afastar do processo
político. Com efeito, tal abdicação é em si mesma uma ação política que abre o
caminho para o controle político para aqueles que não apoiam valores cristãos. “Nada
fazer” é uma receita
certa para o pecado ficar senhor da situação. Os adventistas têm tanto o
direito como o dever de usar a cidadania terrestre para manter a igreja livre
para cumprir seu mandato divino e ajudar como indivíduos a atender às
necessidades sociais gritantes.
Deveres de
cidadania política
Os
adventistas do sétimo dia confrontam pelo menos quatro deveres da cidadania
política.
Primeiro,
o dever de orar a favor dos que exercem autoridade governamental. Precisamos
orar por auxílio divino para resolver alguns dos problemas sociopolíticos que
afetam negativamente a vida humana e a proclamação do evangelho. As orações e
súplicas dos fiéis ascendem muito mais alto do que as declarações e ações
políticas que enchem montanhas de papel reciclável.
Segundo,
o dever de votar e de fazer petições às autoridades no poder. Os adventistas
devem votar mesmo quando a escolha seja entre o menor de dois males. Em conexão
com isto, a obtenção do título de eleitor é o primeiro passo.
Terceiro,
o dever de educar-se e informar-se. Os adventistas, não menos que outros
cidadãos, devem instruir-se continuamente quanto a questões que afetam a vida
presente e futura. Ignorância política não aumenta a felicidade espiritual.
Quarto, o dever de
candidatar-se e ocupar cargos públicos. Os adventistas têm este direito
constitucional. Há também designação para cargos governamentais que não
envolvem campanha eleitoral. Ellen White afirma que não há nada errado na
aspiração de “sentar em conselhos
deliberativos e legislativos e ajudar votar leis para a nação”.1
Contudo, ela aconselha que ministros e professores empregados pela igreja se
abstenham de atividades políticas partidárias.2 A razão que ela dá é bem clara:
política partidária pode criar divisões. Um pastor poderia facilmente dividir
uma congregação e enfraquecer grandemente sua habilidade de servir como pastor
de todo o rebanho, tomando partido.
Perigo de
envolvimento político
Tendo
salientado a responsabilidade e privilégios da cidadania, torna-se necessário
advertir contra o perigo de envolvimento político tanto do indivíduo como da
igreja. Os adventistas, como outros cristãos, podem ser enganados por César.
Sucesso na política envolve compromisso, exaltação própria, ocultar fraquezas e
desempenhar papéis partidários. Às vezes torna-se necessário aceitar
expedientes que não se enquadram com as melhores convicções morais. A política
é um patrão exigente e absorvente. Os políticos cristãos caminham sobre uma
corda bamba. Devem evitar contaminar-se com a qualidade irônica e absorvente do
ativismo político que pode rebaixar seus esforços a um nível em que Deus parece
não envolver-Se nos assuntos humanos.
Há
um perigo crescente de as igrejas se envolverem em política. Isto leva à
interpretação da fé e do evangelho cristãos em termos de valores políticos. O interesse
em muitas igrejas parece ter-se transferido da moralidade individual à
moralidade social. O resultado é que, em certos segmentos da sociedade
eclesiástica, idéias seculares começam a moldar os valores cristãos de modo a
haver pouca diferença entre o secular e o sagrado. É triste constatar que
amiúde as atitudes de cristãos são as mesmas da sociedade em geral.
Envolvimento
circunspecto da igreja
O
que acabamos de dizer aponta à necessidade de um envolvimento político
judicioso. Uma igreja mundial, com milhares de instituições, dez milhões de
membros adultos e muitos interessados, não pode evitar contato com o Estado e o
envolvimento político. Não somente pessoas, mas também organizações
eclesiásticas, têm direitos e responsabilidades. A igreja tem o direito de
intervir no caso de legislação ou ações regulatórias, tanto positivas como
negativas, que afetem a missão da igreja.
A
igreja não deve jamais (e jamais é um termo forte) identificar-se com um
partido político particular ou com um sistema político. Uma identificação tal
pode de início trazer um privilégio temporário rápido, mas inevitavelmente
arrastará a igreja pela rampa descendente que leva a uma paralisia de sua ação
evangelística e profética. Em suma, “a igreja deve ser a igreja”, e não uma agência
social. Sua iniciativa mais prometedora para mudar a sociedade é transformar
indivíduos, gente. Os adventistas do sétimo dia cumprem, numa estrada de mão
dupla a missão de Deus no mundo: evangelismo e serviço.
Bert B. Beach (Ph.D., Universidade
de Paris, Sorbonne) é o diretor de relações entre igrejas da Associação Geral
dos Adventistas do Sétimo Dia. Seu endereço: 12501 Old Columbia Pike, Silver
Spring, MD 20904-6600, E.U.A.
Notas
e referências
1.
Ellen G. White, Mensagens aos Jovens, pág. 36.
2.
Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, págs. 391-395
Notícias sobre crises políticas e corrupções governamentais acabam polarizando a opinião pública dos países afetados. É curioso ver, de um lado, políticos questionáveis se fazendo de vítimas para continuar recebendo o apoio popular e, do outro lado, oposicionistas aproveitando a situação para se autoproclamarem os únicos “salvadores” da pátria. Ao mesmo tempo em que vários políticos tradicionais vão perdendo a credibilidade, algumas denominações evangélicas têm-se mobilizado politicamente, a ponto de montarem suas próprias bancadas em câmaras de vereadores, nas assembléias legislativas, na Câmara dos Deputados e mesmo no Senado Federal. Tais bancadas se formam sob a alegação de que os políticos evangélicos são mais honestos e confiáveis.
A crescente militância política evangélica tem suscitado algumas indagações importantes entre os próprios adventistas: Deveriam os adventistas continuar politicamente passivos ou assumir uma postura mais agressiva diante das crises governamentais? Como a Igreja Adventista do Sétimo Dia encara a candidatura de alguns de seus membros a cargos políticos através de eleições públicas? Que critérios devem ser usados na escolha dos candidatos em quem votar?
No capítulo “Nossa Atitude Quanto à Política”, do livro Obreiros Evangélicos, págs. 391-396 (ver também Fundamentos da Educação Cristã, págs. 475-484), podem ser encontradas importantes orientações sobre o não envolvimento de obreiros denominacionais em questões políticas. Já o presente artigo menciona alguns conceitos básicos sobre a posição dos adventistas como cidadãos, candidatos e eleitores políticos.
ORGANIZAÇÃO APOLÍTICA
Existem pelo menos três princípios fundamentais que regem a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a política. Um deles é o princípio da separação entre Igreja e Estado, levando cada uma dessas entidades a cumprir suas respectivas funções sem interferir nos negócios da outra. A Igreja crê que só poderá preservar esse princípio por meio de uma postura denominacional apolítica, não se posicionando nem a favor e nem contra quaisquer regimes ou partidos políticos. Essa postura deve caracterizar, não apenas a organização adventista em todos os seus níveis, mas também todas as instituições por ela mantidas, todas as congregações adventistas locais, bem como todos os obreiros assalariados pela organização.
A Igreja encontra nos ensinos de Cristo e dos apóstolos base suficiente para evitar qualquer militância política institucional. O cristianismo apostólico cumpria sua missão evangélica sob as estruturas opressoras do Império Romano sem se voltar contra elas. O próprio Cristo afirmou que o Seu reino “não é deste mundo” e que, por conseguinte, os Seus “ministros” não empunham bandeiras políticas (João 18:36). Qualquer compromisso político ou partidário por parte da denominação dificultaria a pregação do “evangelho eterno” a todos os seres humanos indistintamente (Mt. 24:14; Apoc. 14:6).
Outro princípio fundamental é que o nível de justiça social de um país é diretamente proporcional ao nível de justiça individual de cada um dos seus cidadãos, e que esta justiça individual, por sua vez, deriva do interior da própria pessoa. Reconhecendo as dimensões sociais do pecado, a Igreja apóia e mesmo participa de projetos sociais e educacionais que beneficiam a vida comunitária sem conflitarem com os princípios bíblicos. Muitos desses projetos são levados a efeito em nome da Adra – Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais. No entanto, a Igreja não participa de quaisquer greves e passeatas de índole política e partidária que acabariam comprometendo sua postura apolítica.
A validade de uma perspectiva que parta do interior para o exterior do ser humano é destacada por Cristo ao afirmar que “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mar. 7:21, 22). Consequentemente, a solução cabal para esses problemas não está na mera formulação de novas leis ou no ativismo revolucionário, e sim, na conversão interior do ser humano. Nas palavras de Cristo, “limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!” Mt. 23:26.
Um terceiro princípio fundamental é que cada cristão-adventista possui uma dupla cidadania – ele é, acima de tudo, cidadão do reino de Deus e, em segundo plano, cidadão do país em que nasceu ou do qual obteve a cidadania. Conseqüentemente, deve exercer sua cidadania terrestre com base nos princípios cristãos de respeito ao próximo. Mesmo desaprovando situações de injustiça e exploração social, a Igreja Adventista do Sétimo Dia procura se relacionar respeitosamente com o governo civil e os partidos políticos de cada país em que exerce suas atividades, sem com isso comprometer os princípios bíblicos.
Que o cristianismo não isenta os cristãos dos seus deveres civis é evidente na ordem de Cristo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Mar. 12:17. O Novo Testamento apresenta várias orientações a respeito do dever cristão de honrar os governos civis como instituídos por Deus (ver Rom. 13:1-7; Tito 3:1 e 2; I Pedro 2:13-17). Somente quando tais governos obrigam seus súditos a transgredirem as leis divinas é que o cristão deve assumir a postura de que “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”. Atos 5:29.
VOTO DE CONFIANÇA
Quando uma eleição se aproxima, como você decide em quem vai votar? Fazer a escolha certa não é tarefa tão simples. Exige observação, prudência e boa análise do eleitor. Estas dicas poderão ajudá-lo no exercício da cidadania:
• Informe-se sobre os candidatos através do que sai nos meios de comunicação.
• Certifique-se do real comprometimento do candidato com seus ideais e propostas. Naturalmente, você não pode medir a sinceridade do candidato, mas pode estudar seu histórico na política.
• Ouça atentamente as propostas dos candidatos e escolha aqueles que estão propondo ações que você considera corretas.
• Escolha um representante que faria as mesmas propostas e tomaria as mesmas decisões que você, se estivesse ocupando o mesmo cargo. Por isso o candidato precisa pensar e agir como você.
• Fique atento ao candidato que tenta comprar seu voto. Se ele é capaz de fazer isso sendo apenas um candidato, imagine o que fará depois de eleito.
• Leve o número do seu candidato anotado, para não correr o risco de se atrapalhar no momento da votação.
CANDIDATOS ADVENTISTAS
Entre os direitos do cristão-adventista no exercício de sua cidadania, está o de ocupar cargos políticos. O Antigo Testamento menciona vários membros do povo de Deus que exerceram funções de grande projeção no governo de importantes nações pagãs da época. Por exemplo, José foi por muitos anos primeiro-ministro do Egito, a mais importante nação da época (Gên. 41:38-45). Colocado por Deus sobre o trono daquele país (Gên. 45:7, 8), José se manteve “puro e imaculado na corte do rei”, e foi “um representante de Cristo” aos egípcios (Medicina e Salvação, pág. 36; Patriarcas e Profetas, págs. 368-369). Daniel exerceu importantes cargos governamentais em Babilônia sob o reinado de Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro (Dan. 2:48, 49; 5:11, 12, 29; 6:1-3, 28; 8:27). Com um apego incondicional aos princípios divinos, Daniel e seus companheiros foram embaixadores do verdadeiro Deus na corte desses reis (ver Dan. caps. 1, 3 e 6).
A postura de José e Daniel nas cortes pagãs do Egito e de Babilônia, respectivamente, corrobora o fato de que é possível ser cristão sob governos não comprometidos com a religião bíblica. Mas o aprisionamento de José (Gn. 39:7-23), o teste alimentar de Daniel e seus três companheiros (Dan. 1), a passagem desses três companheiros na fornalha de fogo (Dan. 3) e a experiência de Daniel na cova dos leões (Dan. 6) comprovam que há um preço elevado a ser pago por aqueles que ocupam cargos públicos em ambientes hostis à verdadeira religião. O exemplo do rei Salomão deixa claro que boas intenções iniciais (II Crôn. 1:1-13) podem ser corrompidas pela influência de ambientes vulgares (I Reis 11:1-15). Já a atitude do rei Ezequias para com a embaixada de Babilônia comprova que governantes tementes a Deus correm o risco de se orgulharem de suas próprias consecuções (II Reis 20:12-19).
É interessante notarmos que José e Daniel foram nomeados para suas funções públicas pelos próprios monarcas da época. Mas hoje, na maioria das democracias modernas, as pessoas precisam se candidatar e concorrer a tais funções em um processo bem mais competitivo. O fato de existirem políticos corruptos não significa que todo político seja corrupto. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia, normalmente, não encoraje e nem desestimule a candidatura política dos seus membros, ela também reconhece que a sociedade contemporânea tem sido beneficiada pelo bom exemplo de alguns políticos adventistas que concorrem honestamente a determinados cargos públicos e os exercem dignamente, sem comprometerem com isso os princípios bíblicos. A influência positiva de políticos adventistas tem sido decisiva, em vários países, para o estabelecimento de legislações que facilitem a observância do sábado.
A Igreja espera que os adventistas que se candidatam a cargos políticos elegíveis sejam honestos em sua campanha e, se eleitos, também no exercício de suas funções políticas. Cada candidato deve conduzir o seu processo eleitoral-político (1) sem assumir posturas ideológicas e partidárias contrárias aos princípios cristãos; (2) sem se valer de recursos financeiros inapropriados; (3) sem prometer o que não possa cumprir; (4) sem denegrir a reputação de outros candidatos igualmente honestos; (5) sem se envolver com coligações não condizentes com a fé cristã-adventista; (6) sem jamais comprometer a observância do sábado em suas campanhas; e (7) sem minimizar seu compromisso pessoal com o estilo de vida adventista em coquetéis e confraternizações sociais.
Conheço igrejas locais que enfrentaram sérias desavenças internas pelo fato de alguns dos seus membros se candidatarem a vereadores por partidos rivais. É certo que os membros da igreja têm o direito, como cidadãos, de se candidatarem e concorrerem a cargos elegíveis, bem como de procurarem convencer outros a neles votarem. Mas nenhuma programação oficial de qualquer congregação adventista deve ser usada como plataforma política que comprometa a postura apolítica da denominação. Candidatos adventistas que usam eventualmente o púlpito devem pregar o evangelho, sem jamais falar sobre política. Deus poderá abençoar ricamente os candidatos que exercerem honestamente sua cidadania, respeitando a posição apolítica da igreja e de seus obreiros, e promoverem a cordialidade e a unidade de nossas congregações.
ELEITORES ADVENTISTAS
Os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia devem reconhecer ser seu dever individual escolher conscientemente em quem votar. O princípio básico é sempre votar em candidatos cuja ideologia, crenças, estilo de vida e propostas políticas estejam mais próximos dos princípios adventistas. Entre os princípios mais importantes estão: liberdade religiosa, separação entre Igreja e Estado, observância do sábado, conduta moral, temperança cristã, apoio ao sistema educacional privado mantido pela Igreja, e a tentativa de melhorar a qualidade de vida das classes moral e economicamente desfavorecidas. A posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre algumas dessas questões é enunciada no livro Declarações da Igreja (Tatuí, SP: CPB, 2003).
Ellen White adverte contra votar em candidatos sem compromisso com a liberdade religiosa: “Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um falso sábado, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos.” – Fundamentos da Educação Cristã, pág. 475.
Um dos maiores problemas na escolha de candidatos é a teoria de que “os fins justificam os meios”. Se determinado candidato, mesmo sem compromisso com os princípios acima mencionados, promete beneficiar financeira ou politicamente a Igreja, alguns líderes julgam pertinente apoiar tal candidato em troca desses favores. Mas esse tipo de barganha política jamais deveria ser tolerado nos meios adventistas. Acima de quaisquer benefícios coletivos ou individuais, deve estar o compromisso com os princípios adventistas.
Outro aspecto de especial interesse para os eleitores adventistas é a votação ou não em candidatos adventistas. Alguns crêem equivocadamente que, votando em candidatos adventistas, estariam ao mesmo tempo promovendo a liberdade religiosa e postergando os eventos finais. Mas é dever de todo o cristão-adventista exercer sua influência em favor da liberdade religiosa (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 375; Testemunhos para Ministros, págs. 200-203), contribuir positivamente para a finalização da pregação do evangelho (Mt. 24:14; 28:18-20), e deixar os eventos finais por conta de Deus (Atos 1:6-8).
Como membros do corpo de Cristo (I Cor. 12:12-31), deveríamos acabar com a falsa teoria de que “adventista não deve votar em adventista”. Essa teoria só é aplicável a candidatos que não vivem uma vida condizente com os princípios adventistas ou cuja candidatura visa apenas a obter benefícios pessoais, sem uma proposta política adequada. Mas, por outro lado, se os candidatos adventistas são os que mais próximo se encontram dos princípios que sustentamos e se eles possuem boa proposta política, então, não existe qualquer justificativa plausível para se descartar tais candidatos simplesmente por serem adventistas.
Deveria ser considerada também a questão das eleições no sábado em países onde a votação é obrigatória. Este assunto foi tratado por Mário Veloso em seu artigo “Os adventistas e a eleição no sábado”, Revista Adventista (Brasil), julho de 1986, págs. 19-20. Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia não discipline os membros que, por iniciativa pessoal, votem durante as horas do sábado, a recomendação é que isso seja evitado. O referido artigo foi escrito como um apelo aos políticos brasileiros para que houvesse um “prolongamento das horas para o exercício do voto, de tal maneira que os adventistas possam votar depois do pôr-do-sol do sábado”. A declaração de que Ellen White votaria até mesmo “no sábado” diz respeito à causa da temperança, ou seja, à lei seca de proibição da venda de bebidas alcoólicas, em Des Moines, Iowa, em 1881 (ver Arthur L. White, Ellen G. White, vol. 3, págs. 158-161). Mas essa declaração não provê qualquer endosso a votação política em dia de sábado.
CONCLUSÃO
A Igreja Adventista do Sétimo Dia sempre manteve uma posição oficial apolítica de não se posicionar a favor ou contra qualquer regime ou partido político. Essa posição é mantida em todos os níveis organizacionais e institucionais da denominação, inclusive em suas congregações locais. Os obreiros assalariados pela denominação devem manter a mesma postura. Consequentemente, nenhum púlpito adventista e nenhuma reunião promovida oficialmente pela denominação jamais deveria desfraldar qualquer bandeira política. Ele é um lugar onde o evangelho eterno deve ser proclamado com o propósito de conduzir à salvação em Cristo pessoas de todas as etnias e de todos os partidos políticos, sem preferências e discriminações.
Por contraste, a Igreja faculta aos seus membros o direito individual de exercer sua cidadania, inclusive a de se candidatar a cargos políticos e de exercê-los dignamente. Tanto no processo eleitoral como no exercício da função, espera-se que cada adventista engajado em tais atividades mantenha uma postura digna de verdadeiro cristão adventista. Todos os políticos adventistas deveriam considerar a José e Daniel como seus modelos políticos. Deveriam sentir ser seu dever zelar pessoal e publicamente pela liberdade religiosa e pelos princípios cristãos em um mundo carente dos valores absolutos da verdadeira religião bíblica.
Todos os membros da igreja deveriam votar conscientemente nos candidatos que melhor refletem os ideais adventistas. A escolha dos candidatos não deveria ser tanto por partido político, mas pela ideologia e os valores pessoais de cada um. Candidatos adventistas não deveriam ser discriminados simplesmente por serem adventistas, exceto se não demonstram uma conduta digna ou não possuam um plano de governo adequado. O voto de cada adventista deveria ser um testemunho autêntico a favor da liberdade religiosa que facilite o cumprimento da missão adventista nestes dias finais da história humana.
Fonte:
Extraído
do Site abciasd citando revista adventista /
Maio de 2006 (Artigo Escrito pelo Pr. Alberto Timm, Ph.D., é reitor do
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, coordenador do Espírito de
Profecia da Divisão Sul Americana e diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White
– Brasil.)
A mistura entre religião e
política é nitroglicerina pura. Quem mexe na coisa com displicência ou de
maneira inadequada corre riscos de ver a mistura explodir causando danos não
raras vezes irreparáveis. Pois essa nitroglicerina entrou de vez, e pela porta
dos fundos, diga-se de passagem, no cenário eleitoral da cidade de São Paulo. O
noticiário informa que José Serra, candidato do PSDB, recebeu o apoio da Igreja
Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago. A Igreja Universal do
Reino de Deus, com ligações estreitas com o PRB, apoia seu candidato, Celso
Russomano. O mesmo fazem as Igrejas Assembleia de Deus (Ministério Santo Amaro)
e a Igreja Renascer em Cristo. As igrejas Sara a Nossa Terra, setores dos
carismáticos católicos e segmentos dos fiéis dos padres Marcelo Rossi e Fábio
de Mello apoiam o candidato do PMDB, Gabriel Chalita. Notícias de bastidores do
mundo gospel divulgadas também pela imprensa paulistana revelam que a
coordenação inter-religiosa da campanha de Fernando Haddad teria alinhavado
acordo para apresentar o candidato do PT em estande na próxima edição da
ExpoCristã, evento evangélico que promove outra mistura letal: religião e
negócios.
Os apoios dos religiosos não
ocupam apenas as páginas dos jornais e as mídias virtuais. Estão presentes
também nos púlpitos das igrejas, notadamente aquelas caracterizadas por
lideranças de pendor autoritário – não admitem questionamento e muito menos
contestação – no modelo clericalista tipo “a igreja é minha”. Pastores, bispos
e apóstolos “abençoam” publicamente seus respectivos candidatos, com direito a
orações, discursos e defesas em nome da fé e de Deus. As fronteiras entre
templos e praças públicas, púlpitos e palanques, fiéis e eleitorado, guias
espirituais e cabos eleitorais foram absolutamente devassadas. As comunidades
de fé são transformadas em currais eleitorais e o antigo “voto de cabresto” foi
substituído por algo mais sofisticado, o “voto de cajado”, numa referência ao
abuso da autoridade pastoral sobre seus rebanhos.
Não faltam vozes condenando tais
alianças entre igrejas e candidatos e partidos políticos. Mas, por que razão a
prática é considerada inadmissível? O que existe de errado em uma igreja apoiar
a eleição de um candidato com quem poderá contar caso ele seja realmente eleito?
Por que razão o chamado “voto de cajado”, em que as lideranças religiosas
manipulam seus rebanhos para a adesão massiva a um candidato é considerada
inaceitável? Não basta dizer que “isso não é ético”. É preciso explicar porque.
O voto é um direito e uma
responsabilidade do cidadão. Sindicatos, agremiações culturais, ONGs, clubes
esportivos, associações da sociedade civil e empresas – embora se organizem
para apoiar seus representantes – não votam. Igrejas também não votam. Não
existe “voto coletivo”. Quem vota é o cidadão.
“Os deveres cívicos não devem ser
encarados como propriedade privada, mas como uma responsabilidade pública”.
Esta é a opinião de Michael Sandel, autor do best seller Justiça,
baseado em curso homônimo que atualmente ocupa a lista dos mais populares da
Universidade de Harvard. “Terceirizar os deveres cívicos significa aviltá-los e
tratá-los da maneira errada”, conclui.
A noção de deveres cívicos como
responsabilidade pública, defendida por Sandel, afeta o conceito de democracia
republicana, que pode ser compreendida pelo menos de duas maneiras. A primeira
é derivada do próprio entendimento da expressão: república, res pública,
significa “a coisa pública”. A democracia, por sua vez, pode ser compreendida,
mesmo com o risco do simplismo, o poder que emana do povo, é exercido pelo
povo, para o bem do povo. Em síntese, democracia republicana é o exercício de
administrar a coisa pública de modo a atender os interesses coletivos.
A segunda maneira de compreender
a democracia está voltada para tensão das forças entre os diferentes grupos
representativos da sociedade. Todos os segmentos da sociedade têm direito e
liberdade de associação, expressão e mobilização para a busca dos seus próprios
interesses. Em termos mais simples ainda, cada um puxa a brasa para a sua
sardinha, e assim a brasa fica espalhada e igualmente dividida para todas as
sardinhas. Na prática, isso é cruel. Primeiro, porque quem não se expressa, não
se associa e não se mobiliza, acaba ficando sem brasa para a sua sardinha. Mas
também e principalmente porque aqueles que têm mais condições de expressão,
associação e mobilização ficam com porções significativas de brasa em suas
sardinhas. Quem detém os poderes econômicos, políticos e de comunicação de
massa leva vantagem. Em outras palavras, como todos sabemos, sobra para os
pobres, que, aliás, nem mesmo sardinhas têm.
O melhor exercício da democracia
é mesmo aquele em que cada cidadão está imbuído da busca dos interesses
coletivos, independentemente de seus próprios interesses ou de seus grupos
respectivos. Em termos ideais, os detentores do poder – em todas as instâncias
– deveriam exercê-lo para o bem comum e a promoção da justiça na sociedade. Se
a res é pública, todos os cidadãos deveriam dela se beneficiar. A expressão,
associação e mobilização na defesa dos interesses particulares de pessoas ou
grupos é uma traição aos ideais da democracia republicana.
Quando a igreja se associa e se
mobiliza ao redor de candidatos que atendem aos seus interesses, está fazendo o
jogo totalitário: governar do meu jeito, de acordo com os meus interesses, aos
quais todos devem se ajustar, sob pena de serem banidos do jogo. O cristão, é,
sim, chamado a viver dia a dia a prática de uma fé, que, por se manifestar
sempre a favor da justiça, invariavelmente trará, como resultado de sua ação
transformadora, consequências políticas. Respeitando as individualidades e
rechaçando veementemente os maniqueísmos e as manipulações, a igreja é lugar
privilegiado para a promoção de uma nova consciência. Boa parte dos movimentos
de transformação social surgiu de profundos compromissos espirituais e
motivações religiosas. Desmond Tutu ensinou que “não há nada mais político do
que dizer que religião e política não se misturam”. Quem se omite do processo
político favorece o status quo e fica refém do poder dominante. Vale a
reflexão. Até porque cristãos jamais deveriam se esquecer de que inegavelmente
são também seguidores de um prisioneiro político.
Quando a igreja extrapola seu
papel social e assume a disposição de “voto coletivo”, rouba do cidadão sua
prerrogativa de liberdade de consciência e opção ideológica e político
partidária, bem como seu direito inalienável de votar livremente. Nenhum apoio
institucional é vazio de interesses particulares. A igreja que apoia um candidato
está explicitando sua expectativa de retribuição e recompensa. Em outras
palavras, está colocando à venda aquilo que deveria estar fora da lógica de
mercado, a saber, o voto e o mandato público.
Essa perversão da democracia
representativa, no entanto, é mais antiga que a Grécia. Todos os poderosos a
praticam. Vergonhosa e infelizmente, não faltam líderes religiosos que
participam do jogo com os mesmos critérios de injustiça e espírito totalitário
dos outros atores, comprometidos apenas consigo mesmos e os grupos que
sustentam seus privilégios. A comunidade da fé que deveria exercer na sociedade
um papel profético e diaconal acaba sendo levada por lideranças pseudo
espirituais, que abusam de sua autoridade, se vendem por trinta moedas, e
vendem o justo por preço menor do que o dos passarinhos, como já acusou o
profeta hebreu. Para esses líderes oportunistas e inescrupulosos, a res é
pública, mas a cosa é nostra – com todas as implicações do trocadilho.
Ed René Kivitz - graduado em Teologia pela Faculdade Teológica
Batista de São Paulo, mestre em Ciências da Religião pela Universidade
Metodista de São Paulo; pastor presidente da Igreja Batista de Água Branca, em
São Paulo; autor de Quebrando paradigmas (Abba Press), Vivendo com propósitos,
Outra Espiritualidade e O livro mais mal humorado da Bíblia (Mundo Cristão);
idealizador do Fórum Cristão de Profissionais.
UMA PALAVRA PASTORAL SOBRE AS
ELEIÇÕES
Fundador
e Diretor do Instituto Jetro, Rodolfo Montosa, proferiu uma "Palavra
Pastoral sobre Eleições" deste ano na 1ª Igreja Presbiteriana
Independente de Londrina-PR onde é Pastor Titular. Confira abaixo a
mensagem na íntegra, e se preferir, veja o vídeo desta palavra no nosso Canal
Oficial do Youtube clique aqui.
Estamos às vésperas das eleições a
presidente, senadores, governadores, deputados federais e estaduais. Nos últimos
dias temos acompanhado muitas manifestações que têm o objetivo de denunciar
movimentos que se levantam contra a liberdade de expressão da igreja e na
direção de legalizar matérias contrárias à ética cristã. De fato, estamos
vivendo um tempo que exige muita reflexão em busca de discernimento. Peço sua
atenção para três palavras que me vêm ao coração neste momento.
A primeira palavra é de alerta.
Alguns projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional agridem diretamente a igreja. Quero citar alguns exemplos: o PL 1.154/03 pretende proibir a veiculação de programas em que o teor seja considerado preconceito religioso, o que classificaria como crime a pregação contra rituais satânicos, por exemplo. O PL 952/03 pretende classificar como crime atos religiosos que possam ser considerados abusivos à boa fé das pessoas, dando margem a que pastores sejam considerados criminosos por pregarem sobre dízimos e ofertas. O PL 4.270/04 pretende enquadrar como passível de ação civil comentários feitos contra ações praticadas por grupos religiosos, o que proibiria a pregação evangélica que contesta práticas de feitiçaria, por exemplo.
Alguns projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional agridem diretamente a igreja. Quero citar alguns exemplos: o PL 1.154/03 pretende proibir a veiculação de programas em que o teor seja considerado preconceito religioso, o que classificaria como crime a pregação contra rituais satânicos, por exemplo. O PL 952/03 pretende classificar como crime atos religiosos que possam ser considerados abusivos à boa fé das pessoas, dando margem a que pastores sejam considerados criminosos por pregarem sobre dízimos e ofertas. O PL 4.270/04 pretende enquadrar como passível de ação civil comentários feitos contra ações praticadas por grupos religiosos, o que proibiria a pregação evangélica que contesta práticas de feitiçaria, por exemplo.
Diversos outros projetos de lei
agridem a ética cristã. Somente na tentativa de descriminalizar o aborto
existem mais de 30 projetos de lei. Alguns parlamentares defendem a
descriminalização do uso de drogas, ou até da regulamentação da prostituição
como profissão. Outro exemplo que tem ocupado as manchetes de jornais é o PLC 122/06 que
pretende tornar criminosa toda a manifestação contrária à prática do
homossexualismo.
Como cristãos amamos os
feiticeiros, mas não a feitiçaria; amamos os adúlteros, mas não o adultério;
amamos as prostitutas, mas não a prostituição; amamos os homossexuais, mas não
o homossexualismo.
Esses são apenas alguns exemplos das
inúmeras tentativas de atacar a Igreja, ou atacar assuntos que ferem a ética
que pregamos.
Mesmo assim, não devemos nos
enxergar como vítimas. Assim como nós, muitos outros segmentos sofrem seus
riscos e pressões. Isso é o movimento natural de uma sociedade multifacetada
como a brasileira, com valores diversos e variados.
A segunda palavra é de posicionamento.
Por sermos tão diferentes uns dos outros no Brasil, precisamos buscar candidatos que representem nosso pensamento cristão e respeito à Constituição brasileira. É importante sermos representados por pessoas com discernimento e experiência suficientes para ocuparem de fato os cargos pretendidos.
A segunda palavra é de posicionamento.
Por sermos tão diferentes uns dos outros no Brasil, precisamos buscar candidatos que representem nosso pensamento cristão e respeito à Constituição brasileira. É importante sermos representados por pessoas com discernimento e experiência suficientes para ocuparem de fato os cargos pretendidos.
Permita-me fazer uma rápida
explicação sobre o comportamento das pessoas. Encontramos na sociedade pelo menos quatro
grandes maneiras diferentes de procedimentos nas relações humanas. Algumas
pessoas pensam assim: o
que é meu é meu e o que é seu é meu (= opressor). Esse é o
pior tipo de iniquidade de onde nasce o ditador e o opressor. Outras pessoas
pensam assim: o que é
meu é meu e o que é seu é seu (= egoísta). Esse pensamento
domina a maior parte da sociedade e dá base ao comportamento individualista e
egoísta. O capitalismo tem muito dele. Já outras poucas pessoas pensam assim: o que é seu é meu e o que é meu é seu
(= comunista) . Essa é a base do discurso comunista, mas a
história demonstrou que nunca funcionou literalmente. Na prática tornou-se um
sistema regido por ditadores. O último grupo pensa assim: o que é seu é seu e o que é meu é seu
(= cristão). Esse grupo respeita o recurso do outro e
coloca à disposição por sua deliberada vontade seus recursos próprios. Aqui
está o fundamento da ética cristã, embora pouco vivida pelos cristãos.
Muito bem. Permita-me orientar o
seguinte: devemos fugir de todo o candidato que pensa como o tirano: o que é meu é meu e o que é seu é meu.
Identifique se seu candidato pensa e age de maneira imposta e autoritária. Não
vote neles! Muitos em nome da defesa de um direito próprio, lutam para tirar o
direito do outro. Cuidado que, nem todo o candidato que se diz cristão reflete
todo o pensamento cristão. Muitos candidatos "lobos" se vestem de
"cordeiros" para nos enganar. Você precisa conhecer a história de
vida e pensamento de seus candidatos. Pesquise, converse, pergunte e vote.
Lembre-se que o exercício consciente
da cidadania não se esgota na participação do processo eleitoral. Precisamos
acompanhar os eleitos por meio da intercessão, da exigência de prestação de
contas e do devido apoio.
A terceira palavra é de confiança.
Sei que muitas notícias que nos cercam geram profundo desconforto e temor. Mas devemos manter nossos olhos em Deus que é soberano na história da humanidade. Muitos são os textos bíblicos que nos deixam claro que o coração das autoridades está nas mãos dele. É bom notar que todos os Projetos de Lei que tramitam no congresso passam por um natural processo de lentidão. Além disso, temos a Constituição a nosso favor. Isso significa que alguns Projetos de Lei , mesmo que venham à luz, nascerão mortos, pois são inconstitucionais.
A terceira palavra é de confiança.
Sei que muitas notícias que nos cercam geram profundo desconforto e temor. Mas devemos manter nossos olhos em Deus que é soberano na história da humanidade. Muitos são os textos bíblicos que nos deixam claro que o coração das autoridades está nas mãos dele. É bom notar que todos os Projetos de Lei que tramitam no congresso passam por um natural processo de lentidão. Além disso, temos a Constituição a nosso favor. Isso significa que alguns Projetos de Lei , mesmo que venham à luz, nascerão mortos, pois são inconstitucionais.
Para concluir quero citar o sábio
que disse "quando
o justo governa, o povo se alegra, mas quando o ímpio governa o povo
geme." (Provérbios 29.2)
Vamos orar para que o Senhor coloque pessoas justas nos atuais cargos governamentais.
Vamos orar para que o Senhor coloque pessoas justas nos atuais cargos governamentais.
Exerça sua cidadania. Vote
consciente. Vote certo.
Reprodução autorizada desde que mantida a
integridade dos textos, mencionado o autor e a fonte como: http://www.institutojetro.com/
e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com.
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