Por mais profundo que cavemos, ou
quantas vezes façamos isso, ainda podemos explorar e achar pérolas
escondidas nas Escrituras.
Introdução
Muitos sermões e
estudos bíblicos impressionam e edificam os ouvintes, não apenas
pelo conteúdo e modo pelo qual a mensagem é transmitida, mas pelo
dinamismo da apresentação. Por isso, é oportuno refletirmos sobre alguns
princípios que ajudam a dinamizar mais ainda o estudo da Palavra de
Deus.1 Assim, a
Escritura, que guarda preciosos tesouros para aqueles que os procuram
com diligência, se tornará mais viva e eficaz para o estudante.
Faça
perguntas certas
Em primeiro lugar, o item
fundamental no estudo dinâmico da Bíblia é saber fazer as perguntas
certas. As questões podem ser informativas, as quais requerem apenas a
explanação dos fatos. Ao mesmo tempo em que são as mais simples,
perguntas informativas também contribuem pouco para o aprofundamento da
percepção bíblica. Aqui estão alguns exemplos: Quantos livros tem o
Antigo Testamento? Com quantos anos morreu Matusalém? Quais livros foram
escritos pelo apóstolo Paulo? Quais são os evangelhos sinóticos?
Mas as perguntas também
podem ser interpretativas. Essas perguntas são cognitivamente
superiores às informativas, porque demandam entendimento do que está sendo dito
ou lido. Por exemplo: Qual é a diferença entre o livro de João e os
evangelhos sinóticos? O que significa aceitar Jesus como Salvador e Senhor?
Que semelhanças e diferenças existem nas três parábolas de Lucas 15?
Outra modalidade de
perguntas que podem ajudar a dinamizar o estudo da Bíblia são as
sensitivas, cuja finalidade é detectar como o aluno se sente. A
vantagem é que as perguntas saem do nível cognitivo e lidam com aspectos
sentimentais e emocionais da pessoa. Elas devem ser feitas, a fim de
estabelecer aplicações apropriadas e específicas, ligando o mundo
bíblico à realidade individual. Alguns exemplos: Depois de ter estudado o
Salmo 23, de que modo você crê que pode experimentar Deus como o Pastor de
sua vida? O fato de ter Cristo como intercessor no santuário celestial faz
diferença em sua vida? Como? O estudo do Salmo 91 lhe transmite paz? Descreva
seu sentimento a esse respeito.
Um estudo proveitoso e
dinâmico da Bíblia precisa encontrar aplicação à vida pessoal, pois
isso garante o desejo de continuar dedicando tempo e esforço à leitura
dela. Por isso, existem as perguntas aplicativas, cujo objetivo é
mostrar a utilidade do estudo, como se a pessoa estivesse indagando: De
que maneira isso pode me ajudar na vida diária? Em que aspectos o
estudo deste capítulo ou tema contribui para meu crescimento espiritual?
Quais são as decisões que Deus espera que eu tome depois deste
estudo?
Faça
anotações
Em segundo lugar, o estudo
dinâmico da Bíblia é enriquecido pelo hábito de anotar o que foi observado
e descoberto em suas páginas. De fato, nossa percepção e compreensão
clara do texto ocorrem quando registramos nossas ideias a respeito dele.
Na verdade, “esta é a diferença entre ler a Bíblia e estudá-la.”2 Quando
lemos a Escritura, passamos os olhos nas passagens selecionadas; mas,
quando a estudamos, tomamos nota daquilo que nos impacta. Além de
possibilitar um aprendizado duradouro, essas notas podem se transformar em
esboços para lições e sermões relevantes.
Atualmente, existem muitas
facilidades tecnológicas para se tomar anotações. Elas podem ser feitas
no IPhone, IPad, IPod, notebook ou no telefone celular. Entretanto,
nada substitui o antigo hábito de fazer anotações na própria Bíblia,
na Lição da Escola Sabatina, ou num caderno especificamente designado
para essa finalidade. O importante é desconfiar da memória, não
deixando escapar frases nem pensamentos que podem ser usados em
outros momentos.
Valorize a
aplicação
Em terceiro lugar, “o objetivo do
estudo bíblico é sua aplicação, não apenas a interpretação. Como dizia Dwight
Moody, “a Bíblia não foi dada para aumentar nosso conhecimento, mas
para mudar nossa vida”. 3
Isso
não quer dizer que devamos privilegiar a aplicação da Bíblia
em detrimento de sua interpretação. Uma boa explicação facilita
uma aplicação adequada, além do que a abordagem meramente
aplicativa pode abrir portas para heresias e ensinos superficiais.
Contudo, gastar tempo e esforço para se tornar erudito nos temas bíblicos
tem pouco proveito, se a Escritura não transformar nossa vida. Desse modo,
o pastor necessita extrair a ideia central do conteúdo lido,
explorando-o devidamente para aprender o que foi abordado. A partir
dessa essência, é necessário encontrar modos apropriados de tornar o
estudo relevante à própria vida, antes da aplicação dele à vida de
outros.
Bruce Wilkinson lembra que, muitas
vezes, “ficamos tão presos ao conteúdo, que nos esquecemos de que
o propósito dele é operar mudança de vida. É só olhar para as
congregações ou salas de aula para encontrar problemas e mais problemas.
Drogas, alcoolismo, imoralidade, divórcio, filhos rebeldes,
disfunções alimentícias, prioridades fora de lugar. A verdade parece não
estar nos conduzindo à parte alguma”. 4
Tão
importante quanto a interpretação do texto é a aplicação dele. E uma aplicação
eficaz nada mais é do que a compreensão dos benefícios do conteúdo
ensinado. Assim, o conteúdo sai do passado e se torna relevante, informando e
transformando no presente.
Estude
sistematicamente
O estudo sistemático da Bíblia é
outro aspecto que contribui para seu dinamismo. Algumas
pessoas querem estudar a Bíblia aleatoriamente e, ainda assim, desfrutar
de sua riqueza e poder transformador. Porém, frequentemente, elas são
desapontadas; porque o tesouro da Palavra está disponível apenas
àqueles que dela se alimentam diariamente.
Somos instados a refletir nas
palavras de Deus durante todo o tempo, em todo lugar e usando os mais
variados recursos (Dt 6:4-9). Isso nos faz entender que o estudo
sistemático é necessário para melhor aproveitamento, pois a natureza da
Bíblia requer estudo reflexivo, o que não é possível se adotarmos o
estilo rápido e casual. Como afirma Warren, “o estudo acidental da Palavra
de Deus é um insulto à santidade da Escritura”.5 Esse
estudo sistemático implica em
plano regular de leitura, seja qual for o método adotado, independentemente de se estudar cada livro, capítulo ou seção. Estudar a Bíblia de modo aleatório, fortuito, equivale a considerá-la um livro comum, indigno do melhor de nosso tempo e esforço.
plano regular de leitura, seja qual for o método adotado, independentemente de se estudar cada livro, capítulo ou seção. Estudar a Bíblia de modo aleatório, fortuito, equivale a considerá-la um livro comum, indigno do melhor de nosso tempo e esforço.
Um estudo dinâmico da
Bíblia jamais esgotará a riqueza das passagens da Escritura. Isaías fala a
respeito da infinita superioridade dos pensamentos divinos em relação
aos humanos (Is 55:8, 9). Então, considerando que a Escritura contém,
na linguagem humana, pensamentos de Deus, devemos admitir que
jamais teremos condições de exaurir sua riqueza. Contudo, isso não
deve nos desestimular no estudo dela. Ao contrário disso, deve nos lembrar
de que, por mais profundo que cavemos, ou quantas vezes façamos isso,
ainda podemos explorar e achar pérolas escondidas nas mesmas
histórias, parábolas ou exortações.
Conclusão
Finalmente, não devemos nos
esquecer das atitudes sem as quais será inútil toda tentativa de compreender a
Palavra de Deus: oração, meditação, fé e vontade pessoal.
Referências:
1 Adaptado de Richard Warren, Bible Study Methods: Twelve Ways
You Can Unlock God’s Word (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2006) p.
15-19.
2 Ibid., p. 15.
3 Ibid., p. 16.
4 Bruce Wilkinson, As 7 Leis do Aprendizado: Como Ensinar Quase a Praticamente Qualquer Pessoa (Venda Nova, MG: Editora Betânia, 1998), p. 105.
5 Richard Warren Op. Cit., p. 17.
2 Ibid., p. 15.
3 Ibid., p. 16.
4 Bruce Wilkinson, As 7 Leis do Aprendizado: Como Ensinar Quase a Praticamente Qualquer Pessoa (Venda Nova, MG: Editora Betânia, 1998), p. 105.
5 Richard Warren Op. Cit., p. 17.
Autor: Adolfo S. Suarez – Professor no Unasp, Engenheiro
Coelho, SP.
Fonte: Texto publicado na Revista Ministério Mar/Abr-2012.
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