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QUEBRANDO TABUS - PARTE VIII


 
Chapter four

MITO NÚMERO TRÊS: “O CASAMENTO ME TORNARÁ FELIZ”

Uma das razões por que o casamento tem sofrido críticas hoje em dia é que ele não é o remédio para todos os males que se pensa que é. E nenhum povo do mundo faz maiores exigências do casamento do que os americanos. Ele também não faz o que nossos pais, amigos, educadores e o sucesso não foram capazes de fazer: tornar-nos felizes. Ainda cremos que o casamento é a nossa grande esperança. Ele nos separará de nosso passado, nos dará todo o amor de que precisamos agora e nos garantirá uma velhice tranquila. “Felizes para sempre” ainda consta em nossos sonhos.

A cerimônia do casamento é uma revelação ao mundo de que cremos que encontramos alguém que nos tornará felizes. Um marido divorciado disse, a um pastor amigo, o que muitos não teriam a coragem de dizer: “Deus abençoe a minha querida esposa; ela tentou tão intensamente! Eu dei a esta mulher três dos melhores anos de minha vida, esperando que ela pudesse me entender e me fazer sentir homem. Ela simplesmente não tinha condições. Ela simplesmente não soube como me fazer feliz”.

Os pais dele haviam tentado e falhado. Outros falharam. Por isso, ele casou-se e deu à esposa a chance de acertar. Ela, porém, também não o conseguiu. Mas ele tentará outra vez, estou certo, e dará a outra mulher o mesmo privilégio. E ela também falhará. Cada nova tentativa, nessa mesma direção, desse menino crescido, está destinada a aumentar o seu desapontamento e frustração. Ele é um sonhador.

Um homem “pensou alto”, para mim, acerca do motivo por que o  seu casamento não durou. Ele já fizera a quinta tentativa. Ele é um homem genioso, e as suas explosões destroem tudo o que realmente deseja. Mas, no conceito dele, a esposa é sempre a culpada, porque não conseguia produzir a felicidade.

Três falácias compõem este mito:

O casamento compensará os fracassos do passado. “Minha mãe não gostava de mim; uma vez meu pai não abotoou as minhas calças direito; vivíamos no lado errado da cidade; minha professora do primário foi um fracasso. O casamento será um porto em que lançarei a âncora – serei aceito. Todo o passado será esquecido. Será um novo começo”. Claro que será um relacionamento novo, mas o passado o perseguirá como um cão de caça. Nós nos casamos por todas as razões erradas: fugir de um lar desajustado, tirar desforra, provar algo. Os problemas do casamento trarão e volta o passado, e o passado determinará como nos haveremos com os problemas. O seu passado influenciará o seu casamento mais do que o seu casamento irá alterar o seu passado.

O casamento não modifica o passado; ele o revela. Nem Deus pode mudar o passado; ele aconteceu; é imutável. Mas Deus pode nos livrar de sua tirania. E então poderemos aprender do passado e usá-lo como plataforma, da qual lançaremos contra-ataques positivos.

Segunda falácia: O meu cônjuge propiciará o que preciso. Se eu crer nisso, criarei uma dependência controlada. Tornar-me-ei um aleijado emocional. A qualidade de minha vida é determinada pelos outros. Não pertenço a mim mesmo. Eles agem, eu reajo. Eles comandam o espetáculo, eu sou um espectador. Eu me apoio neles; quando eles se movem, eu caio. Eles apanham um resfriado, sou eu quem espirra. Eu vivo através deles, e os torno moralmente obrigados a providenciar o meu bem-estar. Quando eles não conseguem providenciar o que acho que preciso, eu os culpo pelos meus fracassos. Eu lhes dei o poder de me destruírem.

Uma jovem esposa de pastor, em soluços, fez esta confissão a David Wilkerson: “Agora não há absolutamente nenhuma esperança para o nosso casamento. Vivemos em dois mundos deferentes. Ele está demasiadamente envolvido no seu trabalho; não tem tempo para mim e para as crianças. Todo o meu mundo girava ao redor dele, mas agora estou ficando cansada de ficar em casa, esperando por ele. Não estou realizando nada, pessoalmente. Nem sei se ainda o amo”.

Sabiamente, David respondeu: “Que vergonha! Toda a sua felicidade depende apenas do que o seu marido faz? Sendo um bom marido, tratando-a da maneira que você pensa que deve ser tratada, gastando um pouco de tempo com você – então você pode achar um pouco de felicidade! Mas se ele a menosprezar, o seu mundo desmoronará! Tudo depende dos atos de seu marido! Jovem, você não é uma pessoa inteira; é apenas meia pessoa. Você não pode sobreviver se depender de outrem para ser feliz. A verdadeira liberação da mulher significa você encontrar a sua própria felicidade em si mesma, através do poder de Deus”.

E ele continuou: “O casamento não é feito de duas metades tentando se tornarem um todo. Pelo contrário, o casamento consiste de duas pessoas inteiras, que são unidas pelo Espírito de Deus. O casamento nunca funciona, a não ser que cada cônjuge mantenha a sua identidade, estabeleça os seus próprios valores, encontre o seu próprio senso de realização e descubra a sua própria fonte de felicidade... através do Senhor”.

Intimamente ligada está a terceira falácia deste mito: A felicidade é um resultado – o amor, um sentimento. A felicidade é o resultado de um relacionamento, e o amor, algo que você consome gulosamente.

Esses dois conceitos encorajam o cônjuge a ser passivo: a esperar, reagir apenas, ver para que lado o vento sopra. Ele espera que “algo de bom vai acontecer” com ele. Muitos de nós chegamos ao casamento gritando: “Satisfaça as minhas necessidades, ame-me, faça-me feliz”, e depois esperamos, e esperamos. E temos esperança.

Mas a verdade é que essa felicidade é uma escolha. Abraham Lincoln sempre dizia: “A maioria das pessoas é tão feliz quanto escolheu ser.” Você não pode escolher os seus sentimentos de felicidade, mas pode escolher as ações que propiciarão esses sentimentos. Não fazemos o que fazemos porque sentimos da maneira como sentimos; sentimos da maneira como sentimos porque fazemos o que fazemos. Agimos, e assim aprendemos uma nova maneira de sentir; e não sentimos, e assim aprendemos uma nova maneira de agir.

Temos pouco controle sobre as nossas emoções, mas tremendo controle sobre as nossas ações. Foi por isso que Erich Fromm disse: “O amor não é uma vítima de minhas emoções, mas um servo de minha vontade.” A Bíblia diz a mesma coisa: “Acostumemo-nos a amarmos uns aos outros.” Você já praticou algo: piano, tênis, canto, natação? O que é prática? É a repetição da mesma ação até que você se torna perito, até que aquilo se torna parte de você.

A prática relaciona-se com as ações. Você não pode praticar sentimentos. Portanto, amor é algo que você faz. Eric Hoffer acrescenta: “Amor é uma atividade direcionada para outra pessoa.” Visto que é ação, é uma decisão – um ato consciente da vontade, um ato de fé. Na cerimônia de casamento, o pastor pergunta: “Você vai amar esta pessoa?” presumindo que amor é algo que você decide que vai exercer. E você responde: “Sim, vou”, uma promessa, em vez de um sentimento – uma promessa de fazer, em vez de uma promessa de reagir. Quando uma ação do amor é iniciada em relação a um cônjuge no nível volitivo, os outros elementos do amor, intelectuais e emocionais, aparecerão por si. E, como nos lembra John Drakeford: “Uma vez estabelecido um padrão de comportamento, ele tem o seu próprio modo de realização.”

Assim, precisamos escolher. Um solteiro infeliz será um casado infeliz. Um celibatário infeliz não será modificado por uma aliança matrimonial. Nenhum cônjuge poderá fazer por mim o que eu não decidir desejar. A minha felicidade é de minha escolha, e não da obrigação de meu cônjuge.

 
MITO NÚMERO QUATRO; “OS FILHOS MANTÊM OS CASAIS UNIDOS”

Há uma crença comum de que os filhos consertam um casamento. Se isso fosse verdade, considerando-se as estatísticas de divórcio, eles não tiveram sucesso nisso. Isso significaria que os filhos de divorciados estão sofrendo devido ao seu próprio fracasso. Absurdo!

Uma fábula relacionada com essa crença diz: “O nosso casamento pode não ser tão firme, mas a presença de crianças criará um ponto focal unificador. Se ambos nos concentrarmos em criar filhos, as nossas diferenças pessoais desaparecerão.” Isto é como atear um fósforo em um barril de pólvora e sentar em cima dele.

Os filhos não resolvem os problemas conjugais; eles os revelam, os agravam. Eles são muito maus conselheiros matrimoniais. Em vez de aliviar as tensões maritais, eles as aumentam. As falhas encobertas serão expostas, e esses amorzinhos vão precipitar um terremoto.

Todo estudo de satisfação conjugal mostra que há um declínio quando os filhos começam a nascer. Quando chega o terceiro filho a satisfação conjugal decresce drasticamente. Isto não nos deve surpreender. O que é que um filho acrescenta ao casamento? A presença iniludível de uma criatura dependente, exigente, egoísta, vulnerável, que tem duas extremidades que precisam ser limpas. Certamente isso vai mudar o programa, suscitar frustrações, esgotar a mãe e diminuir a conta bancária. Fará surgir em nós o que há de melhor e o que há de pior.

As dificuldades do casamento causarão discordância a respeito da criação dos filhos, quanto à sua disciplina e instrução. Um dos pais é mais permissivo, o outro, mais autoritário. Um diz: Fique. O outro: Deixe-o ir. Os filhos, estando entre ambos, jogam um cônjuge contra o outro, e, inconscientemente, os separam ainda mais.

O foco primordial precisa ser o casamento, e não os filhos. Precisamos nos concentrar no que damos aos filhos, e não no que eles nos dão.

Quando Jesus disse: “Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne”, ele não falou nem uma palavra a respeito dos filhos. Só acerca do casamento. O casamento é permanente, a paternidade temporária. Precisamos nos esmerar no que é permanente, e não no que é temporário, e criar os filhos no contexto de um casamento em crescimento.

O Dr. Armin Graams enfatiza:

Nunca se pretendeu que os filhos fossem o eixo da família. O seu lugar é na periferia, protegidos e amados, mas respeitados como crianças, esperando-se deles que se portem como tais. O centro de uma família é a relação entre o marido e a esposa. Tudo o mais gira em torno disso. Desta maneira, quando os filhos deixam o convívio da família, podem fazê-lo causando o mínimo de perturbação para a unidade familiar. Se eles são o centro dessa unidade, não podem sair sem causar uma ruptura séria nela. A nossa função, como pais, é tornarmo-nos gradualmente desnecessários, equipar a criança e permitir que ela circunde a família em órbitas cada vez mais amplas, até estabelecer-se individualmente na sociedade como adulto responsável.

Até mesmo filhos doentes podem ter um efeito devastador sobre o casamento. Um estudo indicou um grande coeficiente de divórcios que acontecem depois que um filho morreu, após longa enfermidade. A mãe que passa noite e dia cuidando do filho têm a tendência de negligenciar quase totalmente o seu casamento. Logo depois do funeral a deterioração surge na superfície, e muitos maridos vão embora. Fico pensando que apoio e cuidado esses maridos estavam oferecendo durante aqueles dias dolorosos – evidentemente muito pouco. Talvez eles também fossem crianças.

Um estudo feito na Califórnia descobriu que os casamentos de uma surpreendente porcentagem de oitenta por cento de pais com filhos que tinham câncer finalmente se separou! O Dr. Sidney Arje, da Sociedade Americana de Câncer, concorda: “Quando as pessoas se descobrem nesta situação, há todo tipo de reações. Há uma grande interligação de agressões, e, antes de você perceber, muitos maridos e esposas estão se detestando.”

“E, se há uma patologia emocional na família, esta situação a estimula”, diz o Dr. M. Lois Murphey, diretor dos pediatras de um grande hospital americano. ”O câncer não produz nada que já não estivesse latente anteriormente.”

Desta forma, como eu disse em meu livro The Marriage Affair, o casamento começa com duas pessoas, e termina com as mesmas duas. Ele passa pelo ciclo da paternidade, e volta ao ponto onde começou. Começa com casal apaixonado, mas não necessariamente termina dessa maneira. Muitas vezes isto acontece por causa de um lar centralizado nos filhos, e quando esses filhos crescem e vão embora, não há mais centro de interesse comum. Esses pais, no esforço de fazer  o melhor pelos seus descendentes, na verdade, permitiram que os seus filhos se intrometessem entre eles, para o detrimento de todas as pessoas envolvidas.

Estes quatro mitos matrimoniais têm uma característica em comum, uma falácia que os liga: a de que você pode livrar-se de sua responsabilidade. Que outrem – Deus, o seu cônjuge, o seu filho – é responsável pelo seu bem-estar. Que outrem deva ser o iniciador.

Esta maneira de pensar prepara você de maneira perfeita para ter um “caso”. Se Deus não lhe deu o cônjuge ideal e o seu cônjuge e seus filhos não lhe propiciam felicidade, por que não procurar em outra parte? Algures você a encontrará.

E isto também é um mito.

O Mito da Grama Mais Verde de J. Allan Petersen, 4ª Edição/ 1990, Juerp, págs. 69 - 74.

 

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