“Muitos me dirão naquele
dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não
expulsamos demônios? e em teu nome não
fizemos muitas maravilhas (muitos milagres)?” (Mateus 7:22).
“E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:23).
“Porque o SENHOR não vê
como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (1 Samuel 16:7).
Introdução
Considerando estas passagens bíblicas, podemos
asseverar que ações corretas praticadas por motivações equivocadas podem
colocar em risco a nossa salvação. De forma prática e simples: fazer a coisa
certa por motivos errado – inútil vos será.
Será
que o ato de dar dinheiro na igreja pode ser incluído ente as muitas maravilhas
que fizemos em nome de Deus?
Será
que estaremos nós cometendo iniquidade (pecado) ao fazer doações por motivos
errados? Poderemos nos perder ao agirmos assim?
Nenhum
de nós tem autonomia ou direito de julgar. O objetivo desta mensagem é levá-lo
a uma reflexão e, se for o caso, rever os conceitos acerca de doações.
Dar
dinheiro na igreja tem sido uma prática cada vez mais questionada. Certamente em virtude dos abusos de
lideranças religiosas de caráter duvidoso, e a suspeita de que os recursos
destinados à causa acabam no bolso dos apóstolos, bispos e pastores, não são
poucas as pessoas que se sentem desestimuladas à contribuição financeira.
Outras tantas se sentem enganadas, e algumas o foram de fato. Há ainda os que
preferem fazer o bem sem a intermediação institucional. Mas o fato é que as
igrejas e suas respectivas ações de solidariedade vivem das ofertas financeiras
de seus frequentadores e fiéis. Entre as instituições que mais recebem
doações, as igrejas ocupam de longe o primeiro lugar na lista de valores
arrecadados.
Então,
por que as pessoas contribuem financeiramente nas igrejas?
Investimento
Não são poucas as pessoas que
tratam suas contribuições financeiras como investimento. Contribuem na
perspectiva da negociação: dou 10% da minha renda e sou abençoado com 100% de
retorno. Chegam a afirmar que o fazem com embasamento bíblico. Afinal, não é o
próprio Deus que afirma, inclusive pedindo para ser colocado à prova: “se Eu
não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida”? (Mal. 3:10 u.p.)
Onde está escrito que essa “bênção
sem medida” seria material, financeira?
Tentar fazer negócios com Deus é
um contrassenso, pois quem negocia sua doação está preocupado com o benefício
próprio, doa por motivação egoísta, imaginando levar vantagem na transação.
Ressaltamos que é fato - quem muito semeia, muito colhe. Mas essa não é a
melhor motivação para a contribuição financeira na igreja.
Obrigação
Há quem contribua por obrigação.
É verdade que a Bíblia ensina que a contribuição financeira é um dever de
todo cristão: “Trazei todos os
dízimos à casa do tesouro” (Malaquias 3:10).
A devolução do dízimo, estabelecida
no Antigo Testamento na relação de Deus com seu povo Israel foi mencionada por
Jesus aos seus discípulos, que deveriam não apenas dar o dízimo, mas ir além,
doando medida maior, excedendo em justiça. A medida maior era na verdade muito
maior. Os religiosos doam 10%, os cristãos abrem mão de tudo, pois creem que
não apenas o dízimo pertence a Deus, mas todos os recursos e riquezas que têm
em mãos pertencem a Deus e estão apenas sob seus cuidados – não passam de fiéis
mordomos.
Doar por
doar, para cumprir uma mera formalidade, é farisaísmo. Está escrito: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos
escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:20).
Alguns mais nobres doam por gratidão.
Pensam, “estou recebendo tanto de Deus,
que devo retribuir contribuindo de alguma maneira”.
O que pode haver de errado ao doar
por gratidão?
Erro não, mas, risco. Nesse
caso, correm o risco de doar apenas enquanto têm, ou apenas enquanto estão
sendo abençoados. A gratidão é uma
motivação legítima, mas ainda não é a melhor motivação para a contribuição
financeira.
Visão
Existem também os que contribuem em
razão de seu compromisso com a causa, com a visão, acreditam em uma
instituição e querem por seu dinheiro em algo significativo. Vocês já viram
alguém patrocinando perdedores? É obvio que não.
Então, muito
bom. Devem continuar fazendo isso. Até
porque, quem diz que acredita em alguma coisa, mas não mete a mão no bolso,
no fundo, não acredita.
Mas essa motivação está ainda aquém
do espírito cristão. É medíocre. Aliás, não são apenas os cristãos que
patrocinam o que acreditam. Não nos esqueçamos de que somos a luz do mundo, o
sal da, ou não somos? Fomos chamados
para fazer a diferença.
Compaixão
Muitos são os que doam por compaixão.
Não conseguem não se identificar com o sofrimento alheio, não conseguem viver
de modo indiferente ao sofrimento alheio, sentem as dores do próximo como se
fossem dores próprias. Seu coração se comove e suas mãos se apressam em
serviço. A compaixão mobiliza, exige ação prática. Isso é cristão. Mas ainda não é suficiente.
Generosidade
Poucos contribuem por generosidade.
São pessoas agraciadas por Deus com o dom da liberalidade. Estão sempre
dispostas a doar, a contribuir, a participar.Nem sempre são compreendidas. Fazem o bem sem ver a quem. Doam porque não
vivem para acumular ou entesourar para si mesmos. Não precisam ter muito. Não
precisam ver alguém sofrendo, não perguntam se a causa é digna, não querem
saber se o destinatário da doação é merecedor de ajuda. Pouco lhes importa se
aqueles que administrarão os recursos o farão com lisura e total transparência.
Eles doam porque doar faz parte do
seu caráter. Simplesmente são generosos. Gente rara, mas existe.
O relacionamento com Jesus gera esse
tipo de gente. São aqueles que deliberadamente acataram as orientações do
Divino Mestre depositando os tesouros no Céu (Mt 6:19:21).
Adoração
Finalmente,
há os que contribuem por piedade. Piedade, não no sentido de pena, comiseração
ou dó. Piedade como devoção, gesto de adoração, ato que visa apenas e
tão somente manifestar a graça de Deus no mundo. Financiam causas,
mantém instituições, ajudam pessoas, tratam suas posses como dádivas de Deus, e
por isso são gratos, e são generosos. Mas o dinheiro que doam aos
outros, na verdade entregam nas mãos de Deus. Para essas pessoas, contribuir
é adorar.
Conclusão
“Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24). Quando ofertamos na igreja,
adoramos a Deus em verdade, de forma racional. Que o façamos pelos motivos
corretos para que não venhamos a comprometer nossa espiritualidade e
consequentemente a vida eterna.
Assim sendo, que “cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com
tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2 Coríntios 9:7).
É o meu
desejo e a minha oração, Amém!!!
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