A igreja não é o lugar para palavras condenatórias ou impensadas
Introdução.
O historiador e crítico inglês
Thomas Carlyle afirmou que “falar é a
arte de sufocar e interromper o pensamento”, ao passo que o orador ateniense
Isócrates dizia: “A palavra é o fio de
ouro do pensamento”. Esses conceitos são aparentemente opostos.
Pensar sem falar é reflexão e falar
sem pensar é tolice. Falar pouco é prudência. Falar demais é insensatez.
Lao-Tsé dizia: “O homem que sabe, não
fala; o homem que fala, não sabe”.
Com base nos pensamentos acima,
diríamos que o silêncio é ouro. Mas a Bíblia advoga equilíbrio ao afirmar
que há tempo “de estar calado e tempo de
falar” (Ec 3:7 u.p.). “Como maças de
ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25:11).
Como cristãos, precisamos dominar
a arte de falar prudentemente. Não se trata de falar de acordo com as
regras de gramática de nosso idioma. Trata-se da linguagem cristã.
Somos o que pensamos, mas nem sempre
somos o que falamos. Quando as palavras disfarçam nossa realidade interior,
somos hipócritas. Portanto, a atitude ideal seria falar o que sentimos, sem
racionalizações. Mas, em determinadas
circunstâncias, a prudência nos ensina que nem tudo o que pensamos deve vir à
tona. Daí o preceito bíblico: há tempo “de
estar calado e tempo de falar”.
A igreja é o lugar em que nos
cumpre dizer palavras de vida. Para tanto, é necessário que os que falam
expressem a vontade de Deus [I Pe 4:11]. Mas nem sempre as palavras ditas nessa
comunidade são construtivas e sensatas. Dois exemplos:
1º)
– Palavras condenatórias.
Há palavras que se
assemelham a setas afogueadas que queimam, cortam e dilaceram o coração. Na
igreja de Battle Creek, em 1870, havia alguns irmãos implacáveis no trato com
as pessoas. O irmão S era “demasiado
severo”. Por isso, recebeu o seguinte conselho de Ellen G. White: “Você distraiu, confundiu e espalhou as
pobres ovelhas. Teve zelo... mas não entendimento (Rm 10:2). Seu trabalho não
foi feito com amor, mas com rigor e severidade. Você foi exigente e dominante.
Não fortaleceu a fraca nem enfaixou a que mancava (Ez 34:4). Sua aspereza
imprudente empurrou algumas para fora do aprisco, as quais nunca poderão ser
alcançadas e trazidas de volta” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág.
109).
Ente os oficiais da igreja, alguns
precisam de freio na boca. Também há pastores que precisam usar zíper nos
lábios.
2º) – Palavras impensadas.
Quem não pensa antes de
falar, fala o que não deve. Tal atitude fere as ovelhas do aprisco do
Senhor, principalmente as recém-batizadas. “Tens
visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o
insensato do que para ele” (Pv 29:20).
Se você é líder, escolha a palavra
certa e diga-a na hora oportuna. Use linguagem inclusiva, cheia de amor e
misericórdia. Ninguém vai à igreja para levar pancada. “Não é bom proceder
sem refletir, e peca quem é precipitado” (Pv 19:2).
Poderíamos falar sobre os efeitos
negativos de palavras preconceituosas e agressivas, mas o que nos interessa é a
arte da sensatez no falar.
3°) - Palavras otimistas.
Num momento em que o povo de Israel
estava amedrontado com o relato de espias marcados pela síndrome do
catastrofismo, Calebe disse: “Eia!
Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela”
(Nm 13:30). Na linguagem de hoje, ele teria dito: “Pessoal, vamos em frente, porque para Deus não há nada impossível”!
A palavra tem o poder de mudar o
curso das coisas. No lar, no trabalho e na igreja, podemos hastear a
bandeira da esperança por meio de palavras otimistas.
Se você deseja ser uma bênção em
sua igreja, seja animoso. Não jogue no time dos pessimistas. “Palavra alguma deve ser proferida para
desanimar alguém, pois isso entristece o coração de Cristo e agrada grandemente
o adversário” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, págs.
292,293).
4°)
- Palavras oportunas.
Na hora de falar, fale. Não se
omita. Mas fale o que convém. Fale em harmonia com a vontade de Deus.
Como escritora, Ellen G. White se
preocupava com a influência de suas palavras. Certa vez, ela disse: “Estou muitíssimo ansiosa de usar palavras
que não deem ensejo para que alguém mantenha sentimentos errôneos”
(Mensagens Escolhidas, vol.3, pág. 52). Isso quer dizer senso de
responsabilidade.
Conclusão.
Paulo deixou um precioso conselho: “A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4:6).
Deus deseja que sejamos artesãos da
palavra sensata, polida e edificante.
Autor: Rubens Lessa – editor da Revista Adventista – rubens.lessa@cpb.com.br.
Fonte: Revista Adventista - junho 2009, pág. 2.
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