Chapter one
Ainda existe alguém
fiel?
O que outrora era
chamado de adultério e escondido como estigma de culpa e embaraço, agora é um
“caso” – uma palavra que soa bem, convidativa, envolta em mistério, fascínio e
emoção.
“O que você quer dizer” – perguntei.
“Petersen, tal história não termina costumeiramente em
tragédia e frustração; muitas vezes é através de um ‘caso’
extraconjugal que uma pessoa encontra o verdadeiro amor e felicidade e
alegria pela primeira vez. Podemos almoçar juntos?”
No carro, indo para o restaurante, fiquei sabendo que
esse homem franco, meia idade, era um pastor e dirigia três pequenas igrejas
naquela região. Embora casado com uma bela e talentosa mulher (em sua própria
descrição), ele estava profundamente envolvido com uma jovem pianista de uma de
suas igrejas.
“Minha esposa é uma boa mulher, mas quando eu me casei
com ela foi apenas uma decisão intelectual, e não sabíamos o que era o amor. O
nosso casamento é sólido, mas não muito emocionante, e os nossos três filhos adolescentes estão indo bem.”
“Fale-me a respeito da pianista.”
“Eu comecei a atender chamados pastorais na casa dela
quando os filhos estavam na escola e o marido trabalhando. Descobri que
tínhamos afinidade em muitos sentidos, e que havia nela uma vivacidade que
minha esposa não possui. Gostei da maneira como eu agia e me sentia quando
estava com ela. A primeira vez que ‘fizemos amor’ foi algo do outro mundo.”
Com nervosa excitação em sua voz, ele continuou: “Ela é
tão desinibida e satisfaz todas as fantasias sexuais que já tive. Eu nunca
havia me divertido muito em minha vida; nunca havia me sentido jovem, romântico
ou ‘sexy’. Pela primeira vez descobri o que é o verdadeiro amor. Temos o
direito de ser felizes, não é? Qualquer coisa que seja boa assim tem que estar
correta. Eu preferiria ir para o inferno com ela, do que para o céu com minha
esposa.”
“Amor verdadeiro?” – perguntei.
“Certamente! Eu estou sempre pensando no melhor para ela.
Eu jamais a feriria. Não poderia pensar em ‘fazer amor’ com ela enquanto
estivesse menstruada ou quando estivesse nos dias férteis.”
“Se isto é amor verdadeiro, porque você não se divorcia
de sua esposa e se casa com ela?” – sugeri jocosamente.
“O que? Você está brincando! Ora, isto seria errado. Eu
não quero ferir minha esposa e destruir duas famílias.”
Ela era uma mulher muito atraente: jovem e um tanto
tímida. Eu me encontrara com ela depois da sessão de uma conferência, e ela
perguntara se eu tinha tempo para ouvir a sua história. Impecavelmente vestida,
o cabelo bem penteado, ela parecia um modelo comparecendo a uma entrevista.
Quando nos sentamos, ela teve todo o cuidado com a sua postura. A posição de
suas mãos e pés era tal, que presumi que ela era muito dona de si ou havia sido
treinada em uma escola de arte. Séria e pesando cuidadosamente cada palavra,
ela falou de seu casamento malogrado que estava agora no limiar do colapso. Ela
e seu marido haviam viajado oitenta quilômetros, para participar daquela
conferência.
A história desconcertante do casamento deles parecia
focalizar-se em uma queixa: “Eu preciso tanto que ele goste de mim. Preciso
sentir que significo algo para ele. Eu daria tudo para que ele dissesse que sou
maravilhosa ou linda para ele. Não posso entender por que recebo cumprimentos
de outras pessoas a respeito de minha aparência e meus talentos e parece que
ele não os nota de forma alguma.”
“Você encontrou alguém que a encoraja e aprecia?” –
perguntei.
Ela hesitou, olhou para o assoalho e, vacilante, balançou
a cabeça afirmativamente.
“Fale-me a esse respeito” – continuei.
“Sei que isso está errado e sinto-me culpada, mas não sei
o que fazer. Eu nunca pensei em ter um ‘caso’ – de fato, este homem é o mais
feio que conheço – mas aprendi a amá-lo. Da primeira vez que o vi, senti
repulsa, mas ele falou amável e compreensivamente; ele me aceitou, fez-me
sentir mulher, importante e atraente, e me deu apoio emocional que eu tanto
queria de meu marido. Finalmente esqueci a sua aparência, porque quando alguém
faz por você o que ele fez, você deseja dar-lhe de volta muito mais – tudo o
que você tem.”
A essa altura havia lágrimas em seus olhos, e ela
exclamou: “Não posso suportar a ideia de desistir dele, porque acho que meu
marido jamais mudará.”
O
Executivo
Eu estava em meu quarto de hotel, esperando. Alguém bateu
à porta. O homem que havia telefonado, marcando um encontro, chegara. Ele era
conhecido na cidade, tivera êxito nos negócios e era muito considerado por sua
capacidade de liderança e seu excelente casamento e família maravilhosa. Ele
viera de sólidas origens, fora educado em colégios evangélicos, era um líder em
suam igreja e estava ativamente envolvido em muitos empreendimentos cristãos.
Depois de trocarmos algumas frases convencionais, ele se
sentou nervosamente em uma cadeira.
“Em que posso servi-lo?” – perguntei.
Por vários minutos, ele falou em termos gerais de
problemas que são comuns ao homem: “Todos enfrentam problemas... ninguém é perfeito...
mesmo como crentes, frequentemente lutamos com interrogações a respeito do que
ninguém sabe... algumas vezes há coisas aqui dentro que os outros não podem ver
e acontecem coisas que nos surpreendem...”
Senti o se embaraço para chegar ao ponto difícil de
revelar o objetivo de sua visita. Ele rodeou o problema repetidamente,
procurando algum indício de compreensão em meus olhos. Finalmente, em um
esforço para ajudá-lo, perguntei: “Por que você não me diz somente o nome dela
e conta como tudo começou?”
“Então você sabe, não é?”
É claro que, a essa altura, eu sabia.
Ele descreveu as recentes desavenças que ele e a esposa
estavam tendo a respeito dos filhos e como o seu relacionamento havia se
tornado tenso. Eles estavam pouco a pouco se afastando um do outro. Nesse mesmo
período de solidão, aparentemente ele foi lançado, de maneira inevitável,
devido a atividades eclesiásticas, nos braços de uma jovem e atraente mulher
divorciada. Ela havia ficado frustrada com o ex-marido: “Ele era bronco,
parado, sem atrativos – bom, mas chato.” As histórias dos dois eram como as
peças de dois quebra-cabeças que se ajustassem. Eles se encaixaram
perfeitamente. Parecia que fora algo providencial, algo que lhes acontecera
pelo destino. Eles se entendiam um ao outros, precisavam um do outro. Olhos se
encontraram e mãos se tocaram – contentamento, uma fagulha, uma chama, e, antes
de perceberem o que estava acontecendo, eles estavam na cama juntos.
Na ocasião em que ele veio conversar comigo, eles estavam
tendo encontros frequentes, e ele estava lutando com os sentimentos de terror e
fascínio – amor e um sentimento atormentador de culpa. “Eu sempre achei que
algo como isso não deve acontecer, mas quando acontece com você é diferente.
Orei sinceramente para que, se Deus não quisesse aquilo em nossas vidas, que
tirasse os sentimentos que tenho por ela. Chegamos a orar juntos. Orei neste
sentido repetidamente, e ele não respondeu; portanto, deve significar que ele
nos quer juntos.”
Em uma pequena cidade do centro-oeste, o culto terminou,
e a igreja estava se tornando vazia e silenciosa. Uma mulher, que retardara sua
retirada, esgueirou-se até mim, e perguntou se eu podia conceder-lhe um
momento. Indo direto ao assunto, ela expressou fortemente a sua discordância
com uma parte de minha mensagem: - Você chama isso de adultério; eu o chamo de
“um caso”. Você o faz soar como a coisa pior do mundo. Eu não estou envolvida
com algum vagabundo sujo da rua. O meu homem é respeitado e tão bom quanto
qualquer outra pessoa desta igreja. Acontece ser este meu pecado corriqueiro
e... qual é o seu? Você não é um anjo, é?
Ela piscou para mim, e mergulhou na noite.
Comentários do Nelson
Diante da
impossibilidade de apontarmos os capítulos preferidos por nossos seguidores e
leitores, do best-seller supracitado,
optamos por começar a partir do capítulo 1 e assim sucessivamente até
atingirmos o último capítulo. Como os capítulos são razoavelmente extensos e
visando tornar a leitura o mais agradável e menos cansativa possíveis, tomamos
a liberdade de fracioná-los igualmente em parte 1, parte 2... Boa leitura.
Comentando o texto
“Eu
sempre achei que algo como isso não deve acontecer, mas quando acontece com
você é diferente. Orei sinceramente para que, se Deus não quisesse aquilo em
nossas vidas, que tirasse os sentimentos que tenho por ela. Chegamos a orar
juntos. Orei neste sentido repetidamente, e ele não respondeu; portanto, deve
significar que ele nos quer juntos.”
Sem dúvida alguma este é o relato mais chocante descrito
na Parte1. Realmente, infidelidade conjugal não deve acontecer, mas pode
acontecer. Orar sinceramente, orar
juntos, orar esperando receber uma resposta divina de apoio a uma transgressão é
o cúmulo. Esqueceram de avisar os transgressores sobre o que está escrito em Êxodo 20:14, Deuteronômio 5:18; Mateus 5:27.
Ser cristão significa jamais esquecer que Deus nunca
lança novo fundamento sobre outro já estabelecido. Em outras palavras – tanto há 3.500 quando Ele escreveu com seu própio dedo em
tábuas de pedras, como hoje, século XXI, adultério é transgreção da lei, é
pecado. É algo tão grave que as Santas Escrituras advertem que aqueles que praticam
tal coisa não “herdarão
o reino de Deus”. (1 Coríntios 6:10).
Portanto, “Venerado seja entre todos o matrimônio e o
leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus
os julgará” (Hebreus
13:4).
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