Introdução.
Certamente ninguém gostaria de ser
chamado de trapaceiro, mentiroso, suplantador, enganador. Muito menos um
cristão. Mas pare e pense por alguns instantes: será que eu e você não temos
algo em comum com Jacó?
Se você estudar a vida deste
patriarca ira se surpreender. Verá que durante a nossa trajetória espiritual,
não só agimos, como também somos parecidíssimos com ele. Pecamos. Tentamos
inutilmente fugir da presença de Deus. É Ele quem toma a iniciativa de
reconciliação e sai em nosso encalço. E quando inevitavelmente o encontro
acontece e, nos rendemos a Ele, nunca mais seremos os mesmos. Recebemos de Deus
uma natureza espiritual, passamos a ser nova criatura. Só depois da
reconciliação com Deus é possível fazer as pazes com nossos semelhantes. Passamos
a agir pacificamente e a buscar a santificação. Aí a eternidade passa a ser
apenas uma questão de tempo. E quando ela chegar? Ah, eu e você também
receberemos de Deus um novo nome (Ap 2:17)!
A profecia e o nascimento (Gn
25:20-26).
Como qualquer um de nós, Jacó um dia
veio à existência. No entanto, a destacar, que o seu nascimento foi em
respostas a oração elevada ao Céu (durante 20 anos) por seu pai Isaque - haja
visto que sua mãe Rebeca era estéril. “E
Rebeca sua mulher concebeu” diz a Palavra (v.21). Entretanto, ela começou a
sentir algo estranho e como qualquer serva de Deus que se preza foi consultar
ao Senhor (v. 22). O que está havendo comigo? “E o SENHOR lhe disse: Duas
nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um
povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor”
(v.23). Quer saber o desfecho? Abra sua Bíblia e leia os versículos 24-26.
E agora, se eu te disser que seu nascimento foi profetizado, você
acreditará?
“Tu viste quando os meus ossos
estavam sendo feitos, quando eu estava sendo formado na barriga da minha mãe,
crescendo ali em segredo, Tu me viste antes de eu ter nascido. Os dias que me
deste para viver foram todos escritos no Teu livro quando ainda nenhum deles
existia” (Salmos 139:15-16) NTLH.
O pecado (Gn 25:27-29).
O autor da epístola aos Hebreus
exorta-nos dizendo que o que atrapalha a corrida do cristão é, acima de tudo, o
pecado que se agarra firmemente nele (Hb 12:1).
Antes do nascimento de seus filhos
gêmeos, Deus informou Rebeca de que o mais velho, o primogênito, serviria o
mais jovem (Gn 25:23). Jacó, o mais jovem, se tornou seu favorito. Ela
estava determinada a providenciar para que a profecia acontecesse exatamente
como Deus dissera que estava disposta a usar artifícios e engano, esquecendo-se
de que a promessa viera de Deus e era Sua responsabilidade cumpri-la. Se
ela tão somente houvesse confiado em Deus e permitido que Ele operasse em favor
de seu filho! Ele é especialista em transformar em primeiros os que não são
primogênitos à Sua vista e Seus planos.
Embora merecesse o objeto de seu
desejo – o direito de primogenitura e consequentemente a bênção que ela
reservava, Jacó tentou alcançá-lo por métodos pouco recomendáveis. Como
podemos evitar esse mesmo raciocínio tortuoso de que o fim justifica os meios?
Esaú ficou com ódio de Jacó, pois
além dele ter-lhe tirado os direitos que cabiam ao filho mais velho, agora
tirou-lhe também a bênção. “Então pensou assim: O meu pai vai morrer logo.
Quando acabarem os dias de luto, vou matar o meu irmão” (Gn 27:41
NTLH).
A fuga (Gn 28:2;10).
Foi sempre assim e assim será até
que o mal seja erradicado do universo. Adão e Eva; Jonas; Jacó, entre outros,
bem que tentaram. Inútil. Impossível.
Naturalmente, para nós é muito fácil
olhar para estes personagens e balançar a cabeça em reprovação. Como podem ter
feito algo tão estúpido? Mas quantas vezes nós, de alguma forma sutil, tentamos
fazer a mesma coisa? Talvez não estejamos fugindo, ao menos fisicamente, “da
presença do Senhor” (porque isto é impossível), mas como tentamos ir,
abertamente ou mesmo inadvertidamente, “para longe do Senhor”?
Mas se você faz parte do grupo dos
que ainda não se convenceu deste fato. Que continua tentando. Reafirmo,
fundamentado na Palavra de Deus: É inútil tentar fugir de Deus. Abra sua Bíblia em Salmo 139, especialmente
os versículos 7-10.
As mentiras (Gn 27:19;24).
“E Jacó disse a seu pai: Eu
sou Esaú, teu primogênito”; (v.19).
“E disse: És tu meu filho Esaú
mesmo? E ele disse: Eu sou”. (v.24). E era? A mentira é uma coisa
tão ofensiva a Deus que a Bíblia afirma mais de uma vez no livro do Apocalipse
que, nem mentirosos, nem a mentira entrarão na nova terra Ap. 21:8;27).
Aos olhos humanos é crime, neste
caso específico: falsidade ideológica. A mentira não procede de Deus, é,
portanto, maligna (Jo 8:44). Tome muito cuidado, pois ela produz o chamado
efeito bola de neve.
Existe também um princípio bíblico
que reza: "Não erreis: Deus não se deixa
escarnecer; porque tudo o que o homem semear,
isso também ceifará." (Gl 6:7).
Voltemos à história. Quando a mando de sua mãe, Jacó fugindo de seu irmão foi
para Harã, terra de onde seu avo Abraão tinha saído, foi parar nas mãos de
quem? De Labão.
Lá, em vez de encontrar abrigo,
Jacó mais uma vez provou a amargura do engano. Desta vez, foi ele a vítima,
quando o astucioso e esperto Labão primeiramente o ludibriou, fazendo-o
casar-se com a filha errada e, então, o enganou novamente, mudando seu salário
durante os longos anos de serviço. Cada episódio trazia forçosamente à lembrança
de Jacó como seu próprio engano ofendeu o coração de Deus.
Seguramente a mentira não é um
bom recurso para quem almeja o Céu.
O encontro com Deus (Gn
28:12-15).
A graça paciente de Deus é algo que
está além da lógica e da compreensão humana. Quando desobedecemos, quando
tentamos fugir do que Deus nos ordena, quando Deus diz uma coisa e nós fazemos
outra, esse poderia ser nosso fim.
De forma alguma Deus é obrigado a
continuar a nos sustentar, especialmente quando falhamos. Porém. Porém,
motivado por um amor que é muito grande para entendermos, Ele continua
trabalhando conosco, apesar de continuarmos a cometer nossos erros. Deus não
desiste nunca!
Embora seja difícil para o ser
humano reconhecer, Deus está no controle de todos e de tudo – da minha, da sua
vida, de nosso mundo, do Universo. E, e, e num belo dia o encontro
inevitavelmente acontecerá. Pode ser entre as folhagens de um jardim – Adão e
Eva; num deserto, diante de um arbusto em chamas – Moisés; dentro de um porão
de navio – Jonas; montado num animal a caminho de Damasco - Saulo. Não há como
escapar! O encontro de Jacó com Deus foi em sonho, tendo ele por travesseiro
uma pedra –a visão da escada posta na terra cujo topo atingia o Céu.
O encontro é importante. Mas
acredite. Mais importante ainda é a nossa reação diante do encontro.
Reconciliação ou rejeição. Você decide.
O encontro com anjos (Gn 32:1).
Quando passamos a
andar com Deus passamos a ter também a companhia de anjos. Está escrito: "O
anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra."
(Salmos 34: 7). As Escrituras Sagradas também afirmam em Salmo 91:11-12; Mateus
4:6: “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em
todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não
tropeces com o teu pé em pedra”.
Jacó está retornando, a mando de
Deus, à terra de seus pais (Gn 31:3). Ele está angustiado, agora, ele tem a
consciência dos erros cometidos, sabe que terá de enfrentar seu irmão que um
dia jurou matá-lo, mas não sabe qual será sua reação. Após ter colocado a salvo
sua família e tudo o que possuía, diz a Palavra que “Jacó, porém, ficou só;
e lutou com ele um homem, até que a alva subiu” (Gn 32:24).
A mudança de nome (Gn
32:28-30).
Ellen G. White é clara em dizer que
Jacó esteve lutando com Cristo, o “Anjo do concerto”. – Patriarcas e
Profetas, pág. 197. Não é de admirar que, na descrição da noite de luta, por
duas vezes os textos bíblicos declaram que foi Deus que apareceu a Jacó naquela
noite. Aqui vemos quão próximo e pessoal o Senhor está disposto a chegar de
Seu povo.
“E disse: Deixa-me ir, porque já
a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. E
disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Então disse: Não te
chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os
homens, e prevaleceste” (Gn 32:26-28).
Mas porque mudar de nome? Qual é o
significado da mudança de nome?
Ao perceber que lutara com um ser
sobrenatural, Jacó implorou uma bênção (Gn 32:26). Sua petição e perseverança
foram recompensadas pela mudança de nome. Seu nome não seria mais Jacó
(“agarrar o calcanhar” e, por extensão, “passar da conta” ou “enganar”). Seria
Israel (“ele luta com Deus”). A luta e a vitória de Jacó deve ser a experiência
de todo cristão – de todos que aguardam a segunda vinda de Jesus.
Deus mudou o nome de Jacó, como o
de Abraão, de Sara, de Pedro e de Paulo, como símbolo da mudança que fez na
vida deles.
O encontro com seu irmão
(Gn 33:1-20).
O Espírito de Profecia nos revela
que: “Jacó tinha recebido a bênção que havia anelado. Seu pecado como
suplantador e enganador fora perdoado; e doce era a paz de reconciliação com
Deus. Jacó não mais receava encontrar seu irmão. Deus, que lhe perdoara o
pecado, poderia mover o coração de Esaú também para aceitar sua humilhação e
arrependimento” PP, pág. 195. Diferentemente daquilo que muita gente pensa,
este texto revela-nos que as ações de Jacó no preparo para encontrar Esaú; sua
procura excessiva em satisfazer seu irmão, não significa que as promessas que
Deus lhe fizera não teriam sido suficientes para levá-lo a avançar só pela fé.
O que ele estava mostrando era a fé em ação.
Conclusão.
Jacó aprendeu uma lição que o
Senhor deseja que conheçamos: Não importa a que profundidade venhamos a
cair, Deus está sempre nos buscando, chamando ao arrependimento, anelando nos
restaurar e curar da apostasia.
O triste é que Jacó, o enganador,
roubou o que legalmente lhe pertencia, e que Deus lhe teria dado a Seu próprio
tempo, caso ele tivesse confiado. Seu roubo lhe assegurou o direito de
primogenitura, mas Jacó pagou caro por ele: fugitivo, sem dinheiro, sem casa,
perdeu o irmão e quase a vida, e nunca mais viu sua mãe em vida.
Embora tenhamos muita coisa em comum
com Jacó, que esta não seja a tua, nem a minha experiência. É o meu desejo e a
minha oração. Amém!!! .
muito edificante este estudo, que Deus lhe abençoe e lhe de inspiraçao para continuar a estudar a Palavra.
ResponderExcluirJacó não Significa enganador, mentiroso, trapaceiro, se consultarmos um dicionário veremos que o significado e totalmente diferente.
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