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A IGREJA DO “NADA A VER”


Como enfrentar a tendência relativista dos tempos atuais

 

           Faz algum tempo, ouvi algumas pessoas expressarem suas preocupações com respeito à suposta existência do que chamam de “igreja do nada a ver”. Mas não se trata de uma nova denominação religiosa oficial.

 

           De acordo com aquelas pessoas, os adeptos desse, digamos, movimento se destacam por minimizar princípios e normas de conduta cristã. Sempre que são confrontados com a necessidade de observá-los, rechaçam a ideia com a expressa “nada a ver”, julgando-os obsoletos e descontextualizados da modernidade.

 

           Pensando bem, parece que a tal ”igreja” existe informalmente dentro da igreja real.            Ela é como que a versão “na linguagem de hoje” do relativismo característico da mentalidade pós-moderna, contrária ao absolutismo de princípios, normas e valores que são marcos distintivos do povo de Deus.

 

           Ao contrário do que muitos aparentemente imaginam, a tendência pós-modernista não é posse exclusiva de segmentos culturalmente privilegiados da sociedade. Ela tem alcançado todo grupo socialmente engajado ou que tenha acesso aos meios de comunicação. Obviamente, não poderia ignorar a Igreja Adventista. E, embora essa tendência não seja benéfica à fé individual nem à unidade coletiva, consciente ou inconscientemente, alguns entre nos lhe tem dado guarida.

 

           Reinder Bruinsma, pastor jubilado, ex-presidente da União Holandesa, aponta os seguintes sintomas da tendência pós-modernista entre membros da Igreja Adventista (Ministério, jan./fev. 2006, págs. 29-31):

 

           1) - Questionamento da ideia de movimento adventista mundial e tendência para pensar e agir localmente.

            2) – Desconfiança nas estruturas institucionais e desinteresse pela hierarquia da igreja.

           3) – Relativismo doutrinário e comportamental. Cada um estabelece a sua própria verdade, conforme a conveniência pessoal. 

           4) – Mudanças no estilo de culto, com ênfase crescente na experiência, música contemporânea, drama e reuniões informais.

           5) – Ampliação dos limites para aplicação da disciplina eclesiástica. Tendência cada vez maior para transigir com princípios.

           6) – Questionamento da eclesiologia adventista.

 

           Somos o povo remanescente, a igreja da profecia, ou apenas uma opção entre outras igrejas?

           Apesar de tudo, estou convencido de que, se o pós-modernismo tem riscos, também nos oferece grandes oportunidades, entre as quais a de nos voltarmos para a Bíblia. Precisamos estar atentos aos “dardos inflamados” com que o inimigo tenta destruir

nossa fé e a unidade da igreja. Somente estando firmados na Palavra de Deus é que nos encontraremos plenamente protegidos. Nesse sentido, Jesus Cristo orou: “Não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal... Santifica-os na verdade, a Tua Palavra é a verdade” (João 17:15,17).

 

           Ou seja, não precisamos, nem devemos viver marginalizados ou isolados no mundo, fechados atrás dos muros de algum monastério. Pela natureza da nossa missão, temos que interagir com o mundo sem, contudo, ser influenciados por seus conceitos, tendências e máximas. Como “sal da terra” e “luz do mundo”, é nosso dever permanecer nele, exemplificando o poder transformador do evangelho, agindo como objetos inoxidáveis que entram em contato com a impureza, mas não se deixam contaminar. E sempre que o inimigo tentar nos seduzir, com as suas bajulações ou fúria, precisamos ter coração e mente transbordantes das verdades da Palavra, fazendo de seus princípios nosso escudo; e do “está escrito” nossa defesa.

 

          É oportuno lembrar que não nos conferida autoridade para julgar, muito menos condenar, e que o amor cristão não nos permite estigmatizar quem quer que seja. Estamos todos em fase de militância e crescimento. Portanto, devemos alimentar a disposição de nos aceitarmos mutuamente, ouvir uns aos outros e continuar a buscar, juntos, no estudo da Bíblia, respostas para nossos questionamentos.

 

           Ao fazermos isso com a mente aberta e dirigida pelo Espírito Santo, à sombra da graça de Deus, construiremos uma igreja em amor e nos tornaremos um povo “zeloso e de boas obras”, pronto para o encontro com Jesus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           Zinaldo A. Santos é editor da revista Ministério. Revista Adventista I Setembro – 2009, pág. 42.

 

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