“Não te
tornes cúmplice de pecados de outrem” (I Tim 5:22 - ARA).
Introdução
Talvez, por motivos óbvios, você
nunca tenha ouvido falar sobre a existência de tal pecado em sua igreja e,
dificilmente ouvirá, entretanto ele existe há muito tempo. Trata-se de uma das
transgressões da Lei de Deus mais difundida em meio às instituições religiosas.
A etimologia da palavra
A palavra conivência não é
encontrada na Palavra de Deus, mas sim uma correlata – cumplicidade.
Segundo a Pequena Enciclopédia
Bíblica O. S. Boyer, cúmplice é a pessoa que tomou parte num delito ou crime.
Ela está presente em Mateus 23:30; Efésios 5:11; I Timóteo 5:22; II João 11 e
em Apocalipse 18:4.
A Grande Enciclopédia Larousse
Cultural é mais contundente em definir conivência como: s.f. (Do latim
conniventia, conivência, indulgência). Cumplicidade, conluio; acordo secreto,
mancomunação e conivente como: adj. (Do latim connivens, conniventis). Diz-se
daquele que está secretamente de acordo com outrem para a prática de alguma
ação condenável; cúmplice, comparsa.
Tudo em nome de Deus
Não é novidade para ninguém que em
nome de Deus já se travaram muitas batalhas e guerras. Pessoas foram, são e
serão, em nome de Deus, perseguidas, presas, violentadas, torturadas e mortas.
Durante os 1260 anos de supremacia papal (538 d.C. /1798), por exemplo, o mundo
viveu uma das páginas mais horrorosas de sua história. Os livros de história
geral, museus, estão aí para quem quiser saber mais a respeito.
Durante este período de supremacia
papal, a igreja romana matou mais pessoas do que a 1ª (9 milhões) e 2ª (entre
50 e 70 milhões) guerras mundiais juntas. Tudo feito em nome de Deus!
Como
já foi dito, a violência contra cristãos continua ativa. Sites como Missão A Voz dos Mártires e Missão Portas Abertas podem referendar
tal afirmação.
O x da
questão
As Cruzadas, a “Santa Inquisição”,
entre outras, fazem parte da História Geral, são de conhecimento público, ou
seja, todo mundo sabe ou pelo menos devia saber; mas o que dizer acerca daquilo
que acontece nos bastidores das instituições religiosas? Será que você é tão ingênuo
assim a ponto de achar que tudo no meio evangélico funciona como um verdadeiro
relógio suíço? Que não exististe politicagem, nepotismo, favoritismo,
corrupção. Acredite, existe sim e o que é pior; de forma velada e pior ainda,
com a conivência de muitos, mas que por motivos diversos, se calam, consentem.
Trata-se de um assunto mantido a
sete chaves ou quase. Sempre que alguém dos altos escalões de alguma entidade
religiosa se envolve em alguma coisa estranha à missão da igreja, todo um
arsenal de proteção é disparado visando resguardar a moral, o caráter, a
dignidade do ungido, sob a alegação de o “ungido
do Senhor é intocável”.
Quando o
vazamento acontece
Pelo fato de estar escrito: “Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz
para ficar oculto, mas para ser descoberto” (Marcos 4:22); um belo dia as coisas mal feitas aparecem e aí,
podem até virar livros como no caso da jornalista Marília de Camargo César ao escrever
Feridos em nome de Deus, um retrato verídico de toda forma de abusos cometidos em
nome de Deus.
Na primeira orelha do referido livro está
escrito: “Quando a fé se deixa manipular,
pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e
sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmando
de lideranças despreparadas. Carentes de acolhimento são habilmente capturados
pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de
braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo
momento com Deus. Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração
sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas
abertas pelo caminho”.
A clássica
Há ainda outra situação, a clássica,
deprimente, em que tal modalidade de pecado acontece: toda vez que se quer
literalmente meter a mão no bolso da relutante congregação. O clichê,
redundâncias a parte, sempre se repete e inicia-se mais ou menos assim: “Deus não precisa de dinheiro” ... “eu
não vim aqui buscar dinheiro”... e continua lembrando aos desavisados membros
que na ocasião dos votos batismais ele se comprometeu a manter a igreja com
seus recursos. Via de regra termina com a alegação mais contundente da
paróquia: “A sua obrigação é dar,
devolver, ofertar, dizimar. O vai ser feito dali para frente com os recursos
auferidos não é de sua responsabilidade”. Será?
Até onde
vai a responsabilidade
Antes que você me pergunte se tal
afirmação procede, prefiro que você tire suas próprias conclusões. Por isso,
sinceramente responda-me:
Se um piromaníaco contumaz e
inveterado chega para você e alegando estar devidamente curado de sua
insanidade, suplica-lhe por apenas uma caixa de fósforos. Você ingenuamente
acreditando dá a ele o tão sonhado objeto de desejo. E ele o que faz? Sai por
aí colocando fogo em tudo que encontra pela frente. E aí, ainda que indiretamente, você é ou não
responsável pelos delitos cometidos?
Um velho adágio popular reza que “os nossos direitos terminam onde começam os
direitos dos outros”; perfeito. Acontece que não estamos tratando de
direitos e sim de deveres, de obrigações, de responsabilidades.
Conclusão
Como membro, colaborador,
associado, seja lá o nome como você é chamado em sua comunidade, igreja ou
congregação; saiba que você tem todo o direito de protestar quando perceber que
as coisas não estão acontecendo segundo o “assim
diz o Senhor”, inclusive quando os recursos auferidos não estiverem sendo utilizados
de maneira correta.
Você pode não ser responsável
direto, mas é corresponsável, é conivente sim! E conivência, conforme afirma a
mensagem, é pecado!
© Nelson Teixeira Santos
Formidavel, que Deus continue te usando...
ResponderExcluirMuito bom!
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