“Em verdade, em verdade vos digo: Se
o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer,
produz muito fruto”. João
12:24
Introdução.
Por que
Cristo compara, muitas vezes a Palavra de Deus à semente (grão)?
As
parábolas do semeador, da semente, do grão de mostarda de Mt, Mc, Lucas.
1 - Grão de trigo.
Pequena
semente que, como todas as demais, por si só, isoladamente, pouco significa,
mas, uma vez que é colocada na terra, multiplicar-se-á em grãos.
Você
já parou para pensar que quando seguras em suas mãos um punhado de sementes de
trigo, tens contigo um trigal?
Ou
que quando aprisionas em tuas mãos um punhado de sementes de árvores, sabes que
é uma floresta que ali repousa?
Antes
que seja tentado a pensar que és poderoso, que basta lançá-las ao solo e elas
transformar-se-ão num trigal ou numa floresta de árvores frondosas, saiba que
as sementes trazem em si o mistério da vida e o milagre da fecundação.
É o que afirma a Srª Ellen White no livro
Parábolas de Jesus, página 63: “A semente
encerra um princípio germinativo, princípio que Deus mesmo implantou; porém,
abandonada a si própria não teria a faculdade de medrar”.
Para
um botânico, em poucas palavras, semente é o grão, ou parte do fruto, próprio
para a reprodução, que contém um embrião (no caso do trigo) monocotiledôneo,
envolvido por um tecido rico em reservas nutritivas chamado de albume ou
albúmem, que se constitui na parte comestível dos grãos.
Para
aqueles que ouviam o sermão de Jesus naquela ocasião, trigo era uma das coisas
com a qual eles estavam bastante familiarizados.
Supostamente
originário da Palestina, Pérsia e regiões limítrofes, já era cultivado desde
5.000 a.C. no Egito e, na China, desde 3.000 a .C. É um dos mais importantes cereais na
alimentação humana.
Semente
também é a imagem (ilustração) de muitas coisas aparentemente insignificantes,
mas que aproveitadas e colocadas em ambiente propício, resultarão numa colheita
rica e farta, atingindo assim sua finalidade.
O
mesmo pode ser dito a respeito das pessoas. Talvez seja necessário pensar,
aqui, em mim mesmo. O que sou eu? Insignificância que guarda em si um enorme
potencial.
Por
isso, Cristo compara a Palavra de Deus à semente: pequena, insignificante, que
nos passa despercebida, que pode ser atirada longe com um sopro, com o vento,
com a água da chuva, através de insetos, pássaros ou até mesmo pelo homem, mas
que, caindo em “solo bom... produzirão
uma colheita de 30, 60 e até mesmo 100 vezes o que foi plantado”. Mt. 13:8.
Aqueles que eram sensíveis à verdade espiritual entendiam as ilustrações.
Para os outros, eram apenas histórias sem significado.
Antes que
você se de conta de que não é tão poderoso assim e fique decepcionado saiba que
“o homem tem sua parte em favorecer o
crescimento do grão”. PJ. pág. 63. Então posso ser útil nesse processo!
Como? Trabalhando. “Precisa
preparar e adubar o solo, e lançar a semente. Precisa lavrar o campo. Mas há um
ponto, além do qual nada pode fazer. Nenhuma força ou sabedoria humana pode
extrair da semente a planta viva. Ainda que o homem empregue seus esforços
até ao limite extremo, precisará, entretanto, depender dAquele que ligou o semear e o colher pelos maravilhosos elos de Sua
própria Onipotência.
Há
vida na semente, e força no solo; mas se o poder infinito não for exercido dia
e noite, a semente não produzirá colheita. A chuva precisa ser enviada para
umedecer os campos sedentos, o Sol precisa comunicar calor, e a eletricidade
precisa ser conduzida à semente enterrada. A vida que o Criador implantou,
somente Ele pode despertar. Toda semente germina e toda planta se desenvolve
pelo poder de Deus”. PJ.
pág. 63. “Não por força nem por
poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos”. Zac. 4:6.
O conselho de Deus para mim e para você
é: faça o seu
trabalho e deixe os resultados com Deus; confie em Suas promessas, em Suas
declarações: “Enquanto a Terra durar,
sementeira e sega,... não cessarão”. Gên. 8:22. “Assim será a palavra que sair da Minha boca: ela não voltará para Mim
vazia, antes fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”. Isaías 55:11. “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem
dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos”. Salmo 126:6.
Entretanto, para que toda vitalidade
latente, contida na semente se torne visível, necessita a semente submeter-se
ao processo doloroso da dissolução: morrer.
2 - Morrer.
Para
a semente significa decompor-se, sem desaparecer. Mudar de forma,
transformar-se, sem deixar de ser. Para a semente é o multiplicar-se.
No
momento em que ela entra em contato com o solo, como que se decompõe, incha,
explode, transforma-se em raízes e caule, desponta a flor da terra, volta-se
para a luz, cresce, torna-se planta. Neste momento, as folhas e depois as
flores e, finalmente, os frutos, não só a enfeitam, mas sobretudo a fazem
atingir aquele estágio para o qual foi criada: ser árvore útil.
Está você sendo útil à sua família, ao teu próximo,
a sua comunidade, a sua igreja, ao seu Deus? Como anda seu testemunho? É você uma bênção?
3 - Se.
Pequena
palavra ou partícula, porém, de grande poder modificador.
Em gramática, na língua portuguesa, é
chamada de conjunção condicional: como o próprio nome já diz, onde ela
aprece a frase se transforma em condição, em hipótese, em probabilidade.
Expressa uma condição, sem a qual a
frase principal perde sua força.
No caso da frase de Cristo, a partícula
expressa uma convicção, sem a qual não é possível atingir o objetivo. Ou mais
claramente: a finalidade do trigo é dar vida, prolongar-se, multiplicar-se nas
espigas de muitos grãos, ser alimento na mesa do homem. Mas só atingirá este
nobre objetivo passando antes por uma condição: a condição de morrer.
Pois é morrendo que produz muito fruto,
é deixando-se assumir pela terra que libertará todo potencial de vida nela
implantado por Deus.
Está você disposto a despojar-se, a
morrer para o eu?
“Ele
anseia derramar sobre nós Seu Santo Espírito em fartas medidas, e que
aplainemos o caminho mediante à renúncia. Quando
o próprio eu for entregue a Deus, nossos
olhos serão abertos para ver as pedras de tropeço que nossa dessemelhança com Cristo tem posto no
caminho dos outros. Tudo isso Deus nos manda remover. Diz Ele: ‘Confessai as
vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis.’ Tiago 5:16.” – 2TS, pág.
382
A única forma de seguir verdadeiramente
a Cristo é dando tudo a Ele; esta precisa ser uma morte total e completa para o
eu. Naturalmente, só o Senhor pode fazer isso por nós, se o permitirmos, se
tomarmos a decisão de segui-Lo e fazer o
que devemos fazer, como o grão de trigo, primeiro morre. Não existe outra
maneira.
“Todavia
ninguém se pode esvaziar a si mesmo do eu. Somente
podemos consentir em que Cristo execute a obra. Então a linguagem da alma
será: Senhor, toma meu coração; pois não o posso dar. É tua propriedade.
Conserva-o puro; pois não posso conservá-lo para Ti. Salva-me a despeito de mim
mesmo, tão fraco e tão dessemelhante de Cristo. Molda-me, forma-me e eleva-me a
uma atmosfera pura e santa, onde a rica corrente de Teu amor possa fluir por
minha alma”. PJ.
pág. 159.
“Não
é só no princípio da vida cristã que esta entrega do próprio eu deve ser feita.
Deve ser renovada a cada passo dado em direção do Céu”. PJ, pág. 160.
“Não
há limites à utilidade daquele que, pondo
de parte o próprio eu, abre margem para a operação do Espírito Santo em seu
coração, e vive uma vida inteiramente consagrada a Deus”. SC, pág. 254.
Não se trata apenas de um conselho que
podemos ou não seguir, mas trata-se de uma condição, de algo indispensável, um sine qua non, uma exigência
insubstituível.
4 - Ficar só.
É o estar só, a solidão, o desligamento
profundo, sinônimos de esterilidade, de improdutividade, de infecundidade, ou
simplesmente de inutilidade.
O homem que ficou só é o grão guardado
numa ampola de vidro: as torrentes da vida foram sustadas, embargadas,
abortadas. O grão enterrado multiplica-se em mil outros, o grão insepulto fica
só.
Assim
as energias, os talentos, as capacidades do homem – inclusive a capacidade de
amar – que não passarem pela experiência de dar-se, de entregar-se, de morrer
para o eu, ficam só, isto é, fechadas, enterradas, contidas, no próprio homem,
sem atingir o outro, o próximo, o necessitado e quando não atingem o outro não
há multiplicação.
É a lição contida na Parábola dos
Talentos, ou seja, quem não passa adiante os bens recebidos, quem não os
usa, não os desenvolve, não recebe por sua vez, novos bens, concluindo-se que
quem assim o faz acaba perdendo-os.
“Não podemos continuar recebendo os tesouros
celestiais sem os transmitir aos que estão ao nosso redor”. PJ.
pág. 143.
O homem que não se põe a serviço é como
semente guardada.
Que adianta estar em vaso de cristal ou
porta-jóias de ouro?
Não é este o terreno propício para germinação!
Semente guardada não deita raízes, não estende ramos, não rebenta em flores,
não verga ao peso do fruto. Não cresce. Não atinge a maturidade.
Cristo, ao falar assim, não estava
apenas criticando ou aconselhando, estava traduzindo sua experiência
ministerial de vida prática: Ele, o Bom Pastor, correndo atrás da ovelha
desgarrada, expondo sua vida, amando intensamente e amando até a morte. Não
teve medo de machucar-se, nem de ferir-se. “Por
que eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também”. João
13:15.
Sabe por que Cristo nos brindou com
este memorável conselho?
A irmã White descobriu a resposta: “Um exemplo correto fará mais benefício ao
mundo que qualquer profissão de fé”. PJ. pág. 383.
Sejamos “um exemplo correto”.
É o meu desejo e a minha oração. Amém!!!
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