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QUANDO SOFREMOS PERDAS


 
 
         Introdução. Sempre que sofremos qualquer tipo de perda somos instados a lidar com ações e reações que estão muito ligadas aos princípios do perdão.

           Podemos dizer que quem não sabe perdoar também não sabe lidar adequadamente com perdas, e vice-versa.

           Daí o motivo de abordarmos o tema das perdas juntamente com o do perdão, para podermos utilizar alguns princípios no aprendizado de ambos.

           A palavra perdão pode parecer com o aumentativo de perda, perdão é uma “perda grandona”. 

     

           Perdas são inevitáveis. Ao longo da vida invariavelmente sofreremos diferentes tipos de perdas, todos nós enfrentaremos, mais cedo  ou mais tarde, perdas significativas.

           A vida é um contínuo movimento de ganhos e perdas, este movimento nos faz crescer. 

 

           Afinal, o que podemos considerar como perdas?   Desde a morte de uma pessoa importante até a simples perda de um objeto; quando perdemos o que foi adquirido, o que é conhecido, aquilo que está estabelecido, o que ganhamos ou herdamos; enfim, tudo aquilo que nos pertence ou que faz parte da nossa situação vigente, todas essas coisas são perdas.

           Quando sofremos alguma mudança, ou a situação sai do nosso controle, também podemos considerar como uma perda.

 

           Efeito da perda em nossa vida. A perda vai desencadear em nós uma série de reações de adaptação que podem ser saudáveis ou não.

          Nossa maneira de lidar com situações de perda revela nossos mecanismos de defesa e a capacidade de adaptação às novas situações.

           Nossas defesas podem ser flexíveis, permeáveis e adaptáveis, ou então, de forma contrária, podem ser rígidas e pesadas.

 

           Nossas reações diante da perda.  O Pr. Fábio Damasceno, em seu livro intitulado Psicologia do Perdão, afirma que diante da perda, reagimos de modo espontâneo e podemos evoluir em diferentes etapas para a resolução daquela vivência.

           Ele apresenta uma seqüência dessas reações, contudo essa seqüência não é obrigatória e nem sempre todas essas etapas são percebidas ou vividas claramente.

           A primeira reação natural é:

 

           Negação.  A pessoa diz: “não, não é possível, não aconteceu, não acredito nisso, não foi bem assim”. A primeira atitude diante de algum problema, de algum conflito, é a negação.          Em geral dura alguns minutos, mas pode durar algumas horas, dias e até a vida toda

           A negação é, até certo ponto, saudável, pois nos dá tempo para podermos ir gradativamente entrando em contato com aquela realidade difícil.

           O problema é quando a negação torna-se um escudo para evitar o sofrimento, ela pode até assumir um lugar de destaque em nossa vida que nos leva a uma espécie de prisão. Como conseqüência, não avançamos para o enfrentamento da realidade e nem para uma nova adaptação.

           Confronto.   A segunda etapa acontece quando a pessoa se permite andar mais um pouco, abrir os olhos para a realidade, travar contato com os fatos, então ela é confrontada.

           Ela começa a “bater de frente com aquela perda, com aquele trauma, com aquele prejuízo ou com aquela dívida.

           Ela se deixa invadir pelos sentimentos e dores compatíveis com os acontecimentos, atravessa aquele vale de dor e se deixa atravessar pela realidade.

           Assim, a pessoa, sente e dimensiona o que está acontecendo, se dá conta do quanto doeu, do quanto foi humilhada, do quanto a feriram, do quanto sofreu, e sofre por passar por aquilo; este é o momento do confronto.

           Isso a prepara para a adaptação que se fará necessária mais na frente.

 

           Reação.   A terceira etapa neste processo é expressa na sua atitude mais espontânea diante do confronto.

           Todas as vezes que você sofre alguma perda, agressão e ofensa, é impossível que você não se incomode, que não sinta raiva ou que não tenha uma outra reação. Nós não precisamos fingir que somos bonzinhos.

           Se o outro o ofendeu, o humilhou, o agrediu, pisou em você, invadiu o que é seu, é humano sentir raiva, é natural reagir com raiva ou ira.

           Jesus, o homem perfeito, sem pecado, irou algumas vezes. A Bíblia diz em Efésios 4:26: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o Sol sobre a vossa ira”.

           Ah, então eu posso irar-me. Não, não, não. Devagar, ou melhor, alto lá. Não estou autorizando você a se transformar numa pessoa irritadiça a qualquer troco, ou por qualquer coisa.

           Entretanto, dentro do processo de cura , primeiramente, você tem que reconhecer que, se o outro o humilhou, o ofendeu, pisou em você, você pode sentir muita raiva, indignação, tristeza, amor próprio ferido, etc.

           Em segundo lugar, no processo da cura interior, no processo do perdão, aqueles sentimentos mais profundos são conteúdos que precisam aparecer; o desejo da vingança, a ira, as mágoas, a amargura e o amor próprio ferido precisam ser colocados para fora.

           Na maioria das vezes esses sentimentos estão direcionados para as pessoas mais significativas ou até para com Deus.

           Se você ficou magoado com Deus, ressentido com Ele, isso não é outra coisa senão raiva de Deus. Para nós, reconhecer isso, por vezes, é ameaçador, assustador.

           A gente acha que vai entrar num terreno perigoso, a caminho do pecado irreversível, o pecado imperdoável, de ofensa à pessoa dEle, que depois não teremos como controlar essa raiva, e então pensamos que Deus vai querer vingar-se de nós, como geralmente fazemos com os outros, ou podemos achar que Ele vai nos abominar, nos rejeitar.

           Mas saiba que, Deus não tem medo da sua raiva. Você é que tem medo dela. Deus já a conhece; em Sua onisciência, enxerga muito além do seu consciente, Ele vê o coração  (I Sam. 16:7). Você é que não deixa aquilo que está lá dentro aparecer. Então desembuche!

 

           Rendição.  A quarta etapa é a rendição. Rendição significa dizer: “Senhor, agora que tudo veio à tona, de que adianta ficar com esses sentimentos, viver deles e por eles, e cultivá-los? Aconteceu. , é verdade que eu neguei, disse para mim mesmo que não era tão doloroso, mas vi que era, confrontei-me com isso. Derramo a minha alma diante de Ti, e vejo que não adianta ficar esperneando, me debatendo, ou alimentando o caminho da vingança. Vejo que as mágoas e ressentimentos não vão me levar a nada. Então me rendo a Ti, Senhor”.

           O que impede a rendição?

           A revolta não permite que você avance para a rendição. Você precisa reconhecer que realmente não é o juiz dos homens, muito menos Deus. Na verdade somos “caco de barro”, e não compete a nós inquirir o Oleiro – o que diz o hino de nº 502? “És o oleiro e eu esse ...”

           O problema é que mesmo sabendo disso, reconhecendo quem somos, o nosso coração fica inquirindo a Deus; porquê, porquê, porquê. A rendição só acontece quando paramos de perguntar e passamos a esperar na misericórdia e na graça divinas.

           Jó passou por tudo isso mas depois se rendeu e disse algo mais ou menos assim: “Oh, Deus, ponho a mão à boca, falo do que não sei, reconheço que Tu és Senhor, sabes todas as coisas, podes todas as coisas, submeto-me a Ti” (ver Jó 42:2-6). Isto é rendição.

           A verdadeira rendição se dá sem suprimir os verdadeiros sentimentos e reações; ao contrário, as reações acontecem, esgotam-se; os sentimentos são vividos, expressos e esgotam-se. Este é um processo que, quando vem, rasga, dói, fere, mas é um processo necessário e sarador.

 

           Cicatrização.   Finalmente a quinta etapa do processo. A cicatrização é praticamente uma conseqüência  da rendição.

           Houve uma ofensa, uma ferida, essa ferida foi aberta. A ferida dói e você reage a essa ofensa com mágoa; a mágoa é a infecção da ferida.

           Enquanto você não perdoa, o pus permanece ali e a ferida não cicatriza. Quando você perdoa, mesmo que a princípio possa sentir dor, você está colocando remédio na ferida e ela começa a melhorar, o pus seca e a infecção cede.

           Daí, então, a cicatrização vai se processando. Não pense que porque você perdoou uma vez, magicamente a ferida estará totalmente cicatrizada. O perdão é um processo. Isso demanda um certo tempo, às vezes depende do tamanho da ofensa ou da perda, do grau, do tipo ou da extensão da ferida.  

                        A cicatrização não é automática e nem imediata, o tempo pode variar, o nosso papel é perseverar. Algumas pessoas precisam de mais tempo; outras de menos.

           O mesmo processo se dá com relação às perdas, sendo que neste caso a infecção geralmente representa e não aceitação daquela perda, porém à medida que paramos de nos debater e curvamo-nos diante da realidade e aceitamos o que se passou (aceitação não no sentido de conformismo, mas de rendição), a ferida naturalmente vai cicatrizar e a dor vai cessar.

 

           Conclusão.   Ilustração – Um pássaro nas mãos. A resposta está em suas mãos.

·         O perdão não deixa de ser uma ordenança de Deus – perdoai.

·         Mas é também um ato do livre arbítrio, é uma escolha, uma opção.

·         Se você, lá no fundo, escolhe não perdoar, ninguém poderá demovê-lo dessa decisão.

·         Você pode escolher cultivar o perdão ou pode escolher cultivar amargura.

·         Quem perdoa cresce, aproxima-se de Deus; fica mais semelhante a Ele.

·         Quem não perdoa fica emperrado, sobrecarregado, parado na vida emocional, psicológica e espiritual, não amadurece, não evolui.

           Em nome de Jesus desejo apelar ao seu coração para que você faça, não a melhor escolha, mas a única escolha sensata; escolha o caminho do perdão. Perdoe. Deus te recompensará no presente e na vida futura.

           Saibamos lidar com as perdas. Sejamos igualmente perdoadores.

           Este é o meu desejo e a minha oração. Amém!!!

          

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