“Não
são os sadios que têm necessidade de médico, mas os doentes”. Mt. 9:12.
Sadio. No mundo físico, aquele que tem saúde, forte,
em forma, saudável, com boa aparência, que tem as funções vitais em ordem.
Cristo
refere-se, no caso, à saúde espiritual, ou seja, aqueles que estão na graça de
Deus, que permanecem junto Dele, que se esforçam por realizar a Sua vontade,
aqueles que tem prazer em meditar em Sua palavra, enfim, aqueles que se
deleitam em obedecer-Lhe.
Ele deu
esta resposta a uma objeção dos fariseus que criticavam o fato de estar ele
comendo com os pecadores.
Com esta
afirmação Jesus deixou claro o motivo que o trouxe a este mundo: “Porque o
Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc. 19:10);
foi por causa de pecadores que Ele veio.
Por causa
daqueles que no âmbito espiritual são tidos como doentes. Por esta razão o
próprio Jesus também afirmou nas bem-aventuranças: “Felizes as pessoas que
sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas”. Mt. 5:3
– BJA.
Caso
não houvesse pecadores não haveria necessidade de redenção.
Mas a verdade é que os fariseus
julgavam-se, erroneamente sadios, pois contentavam-se com o observar da lei. E
descendência de Abraão mais legalismo, eis a fórmula que lhes parecia
suficiente para salvar-se.
Com isto desprezavam e faziam pouco
caso dos demais. Acreditavam não precisar de ninguém, nem mesmo de Jesus que
disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão
por mim”. João 14:6.
Ser sadio
é ter todos os órgãos em funcionamento, tanto fisicamente como espiritualmente.
É aceitar o colírio ofertado gratuitamente por Cristo aos laodiceanos (Apoc.
3:18), para que, com os olhos ungidos, ver com amor e compreensão os seus
semelhantes.
•
Para não desprezar a ninguém. Para não se colocar, tampouco, acima de outrem.
•
Para não condenar, pois, conforme as palavras do Mestre, condenar é
condenar-se.
• Para
não se julgar sadio, às custas da doença dos outros.
•
Para não usar a saúde como forma de garantir posições neste mundo e a salvação
no outro.
O que
Deus espera do sadio:
• Que o sadio tenha a capacidade de se alegrar com a saúde
do outro, com o bem que outro faz ou que ao outro acontece. “Alegrai-vos
com os que se alegram; chorai com os que choram”. Rom. 12:15.
•
Que o sadio tenha amor para dar a todos quantos o necessitam - a parábola do
bom samaritano que o diga (Lc. 10:30-37).
•
Que o sadio, tenha, enfim, a exemplo de Cristo, uma vida a testemunhar e se
preciso for, sacrificar-se por todos.
Médico. O homem que está preparado para entender as
anomalias que se abatem sobre um corpo e contornar os revides do organismo,
devido nossa intemperança; aos fatores herdados ou adquiridos ou simplesmente
por habitarmos um mundo corrompido pelo pecado.
Aquele que tem os conhecimentos científicos
e a dedicação humana para restituir o homem às suas funções na família e na
sociedade.
Cristo
aplica a si mesmo esta denominação. Ele é o médico dos médicos.
É o
médico enviado pelo Pai, para curar, principalmente, os males espirituais que
se abateram sobre o homem, desde a entrada do pecado neste mundo.
Ao
estudarmos os quatro Evangelhos, notamos que Jesus não apenas cuidava dos
distúrbios espirituais, mas teve uma grande sensibilidade também para com os
males físicos, restituindo aos doentes que o procuravam o pleno uso de suas
funções físicas.
Mas, o
seu cuidado especial foi sempre com o espírito, por isso, O encontramos várias
vezes exercendo seu poder de cura sobre os endemoninhados, libertando-os do
poder das trevas, da dureza do coração, da cegueira espiritual, transformando-o
em uma nova criatura e capacitando-o a ser e agir como um autêntico servo de
Deus.
Talvez, o
maior exemplo bíblico esteja relatado em Marcos 2:1-11; a cura daquele
paralítico levado por amigos e baixado até Jesus pelo telhado.
A cura
física é temporária e não resolve o problema do pecado. Jesus entendia que
as necessidades espirituais do paralítico eram mais importantes do que sua
enfermidade. Daí o porque da
pergunta feita por Jesus no vers. nove: “Qual é mais fácil? dizer ao
paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu
leito, e anda?”. Jesus perdoou o paralítico antes de curá-lo.
“És tu
aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?”. Mateus 11:3.
Essa foi
a pergunta de João Batista enviada através de seus discípulos a Jesus.
A
resposta não deixa dúvida: “Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as
coisas que ouvis e vedes: os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são
purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é
anunciado o evangelho”. Mat. 11:4-5.
Para
completar sua obra saneadora entregou-se a si mesmo, no sacrifício da cruz.
Doente. É o oposto de sadio, que tem a saúde
alterada, que padece de algum mal ou alguma enfermidade, débil, fraco, doentio.
Os
Evangelhos pintam um quadro bem nítido da compaixão de Jesus para com os
doentes que ia encontrando em Seu caminho.
Tinha uma
maneira toda especial para com aqueles que sofriam, que estavam discriminados
por causa de alguma deficiência física ou moral.
Atendia
aos pedidos daqueles que lhe pediam a saúde, atendia aos rogos daqueles que
intercediam por alguém, mas espontaneamente também se dirigia aos machucados e
lhes oferecia a saúde.
Meditemos
alguns instantes na cura dos dez leprosos; naquele paralítico introduzido no
recinto pelo teto da casa, na filha de Jairo (um dos chefes da sinagoga); na
mulher que sofria com uma hemorragia há doze anos; o homem a beira do tanque de
Betesda, enfermo há trinta e oito anos. E porque não mencionar também as curas
espirituais realizados no encontro com a mulher samaritana, com a mulher
apanhada em adultério, com Nicodemos, com Zaqueu e tantos outros.
“A
saúde é um tesouro. É de todas as posses temporais a mais preciosa. Riqueza,
cultura e honra são adquiridas ao elevado preço da perda do vigor da saúde.
Nada disso pode assegurar felicidade, se falta a saúde”. CSRA, pág. 20.
Por sua
atitude para com os sofredores, há quem acredite que a saúde também é um dom de
Deus, pois com ela conseguimos cumprir de forma mais completa a nossa missão.
Jesus não
curou a todos, pois a doença também tem seu valor e pode ser um caminho – ainda
que doloroso – rumo a glória do Pai.
Cristo curava a doença das pessoas,
mas não retirava a doença da realidade cotidiana do homem, para nos convidar a
conviver com todas as realidades e colaborar, no sentido de aliviar a carga de
nossos irmãos que sofrem. A Bíblia aconselha: "alegrai-vos com os que
se alegram; chorai com os que choram”. Rom. 12:15.
Cristo nos convida a ter olhos de
misericórdia para perceber a realidade que magoa e atormenta e ter, como o Pai,
coração de misericórdia ou, se preferir, de carne, para que possamos produzir
gestos e obras de misericórdia, porque, ensinava Ele: “Bem-aventurados os
misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Mt. 5:7.
Esta
é a grande tarefa a que nós , como
cristãos somos chamados a realizar: no meio do mundo desalmado, desumano,
violento de hoje - ser a personificação da misericórdia.
Ter necessidade. Precisar, estar em dificuldades, ser pobre ou
necessitado. Indica o estado de alguém que se encontra no despojamento de algo
ou na falta de algo, e não está nele a substituição ou o preenchimento do
vazio.
Faz estabelecer uma relação com alguém
que pode mais ou está em situação melhor para socorrer a pessoa e satisfazer a necessidade que a
oprime.
O estado de criatura é um estado de
permanente necessidade. A Bíblia afirma que: “Todos pecaram e destituídos
estão [carecem] da glória de Deus”. Rom. 3:23.
É importantíssimo para o cristão reconhecer e aceitar esta carência,
caso contrário o homem se independe dos outros homens e o que é pior, do
próprio Deus.
Deus em sua infinita sabedoria
deixou um lembrete: “toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto,
descendo do Pai das luzes” (Tiago 1:17).
Você não é o dono dos dons, dos talentos,
das riquezas, de todos os bens que o Senhor derramou no mundo, para
simplesmente usa-los da maneira que lhe convier, você é apenas um mordomo, um
administrador que entre outras funções deve dividir, compartilhar: “Mas
Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens
preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é
rico para com Deus”. Lc 12:20-21.
Ter necessidade é ter a convicção
profunda da dependência e da nossa absoluta pobreza. Dependemos de Deus e de
nossos semelhantes. Sempre teremos algo para poder dar e sempre teremos algo
para poder receber.
Devemos à Deus nossa vida, nossa salvação e ele espera
que saibamos dar aos outros o que ele bondosa e misericordiosamente
concede-nos: “de graça recebestes, de graça daí”, é o conselho de
Cristo.
Agindo assim, o outro e Deus se
tornam constantes necessidades nossas.
Quando verdadeiramente descobrimos
os dois, teremos descoberto a fórmula da convivência e da caminhada em
companhia para o nosso destino eterno, destino que nunca elaboraremos sozinhos,
porque os outros não podem elaborar o seu sem minha co-participação, nem eu sem
a deles.
Deus é bom por muitos motivos, mas
neste contexto, porque nos revela, a cada passo, que nós precisamos uns dos
outros.
Que a experiência da dependência de
Deus e de nossos semelhantes seja uma realidade em sua, em minha, em nossas
vidas.
É o meu desejo e a minha oração.
Amém!!!
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