Seja, porém, a tua
palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno. Mt 5:37
Conta-se em uma parábola judaica
que, em certa ocasião, a mentira se encontrou com a verdade. Nesse encontro,
depois de se cumprimentarem gentilmente e comentarem sobre a beleza daquele
dia, a convite da mentira, as duas foram se banhar numa fonte cristalina
próxima. Estando despidas, a mentira aproveitou e roubou a roupa da verdade.
Vestiu-se e fugiu. Recusando-se a vestir a roupa da mentira, a verdade saiu a
procurá-la na tentativa de recuperar suas vestes. Não a encontrando,
desapareceu. Na conclusão da parábola, a verdade nua constrange e choca as
pessoas. A mentira com a roupa da verdade atrai.
O lado irônico desse pensamento é o
fato de que ele tem sido materializado nas atitudes de pessoas que, por força
da função e da influência exercida sobre milhares de cidadãos, deveriam
exemplificar justamente a verdade nua, sem justificativas ou disfarces.
Tendo-se vestido, na parábola, com a roupa da verdade, pode-se dizer que
atualmente a mentira criou uma grife pirateada e a nomeou de fake news.
Fenômeno das mídias sociais, a expressão foi popularizada e se espalhou em
nosso cotidiano. Na definição de Anna Carolina Rodrigues, “nas fake news não
cabem relativismos nem discussões filosóficas sobre o conceito de ‘verdade’ –
trata-se, pura e simplesmente, de informações deliberadamente enganosas […]
destinadas a ludibriar os incautos, ou os nem tão incautos assim, ávidos por
pendurar seus argumentos em fatos que não podem ser comprovados” (Veja,
28/09/2018).
Se há pessoas que tiram alguma
vantagem disso, entre elas não deve ser encontrado um cristão fiel. Desde
sempre, a orientação de Deus é clara: “Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo” (Êx 20:16). “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não”, disse
Jesus. Quem quer que esteja consciente de viver na presença de Deus não será
fonte nem divulgador da mentira. Ao falar, deve ser absolutamente verdadeiro.
Com a etiqueta fake news ou qualquer outra menos charmosa, a mentira continua
tão prejudicial quanto foi no Éden. Sua paternidade satânica não deixa dúvidas
(Jo 8:44).
Ao contrário disso, sobre o grupo
especial de salvos mostrado a ele, em visão, João escreveu: “Não se achou
mentira na sua boca” (Ap 14:5; ver Ap 22:15). Que essa seja nossa condição!
Autor: Zinaldo A.
Santos, De Coração a Coração, MD 26102020
Fonte: https://mais.cpb.com.br/meditacao/a-grife-da-mentira/
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