Introdução
Diferentemente da sacudidura que
virá não decorrente de algo que eu ou você venhamos a fazer, o reavivamento e
consequentemente a reforma, virão quando pessoas que exercem a verdadeira
liderança, ou seja, líderes de verdade (ordenados ou não), decidirem viver que
acordo com a vontade de Deus.
Aconteceu
No ano de 640 a.C., quando tinha
apenas 8 anos de idade assumiu o trono de Judá e reinou por 31 anos em
Jerusalém. É considerado pelo autor do livro de Reis como o melhor de todos os
reis (2 Reis 23:25), suplantando inclusive, Davi e Salomão .
Diante de tal afirmação somos
levados a indagar:
Por que Josias é considerado o
melhor de todos os reis?
O que foi que ele fez que levou o
autor bíblico a considerá-lo dessa maneira?
Que lições sua vida encerra sobre a
influência dele sobre o povo de Deus?
Objetivo da mensagem
Mostrar o contexto histórico do
reinado de Josias, bem como a forma que ele governou e quais foram os
resultados de sua liderança sobre a nação.
Reavivamento pessoal
Tudo começou segundo o relato
bíblico de 2 Reis 22:3-7 quando o rei
Josias ordenou a restauração do templo. Ao iniciarem-se os trabalhos ocorreu um
fato inusitado. O sumo-sacerdote Hilquias chega para Safã, o escrivão e diz: “Achei o Livro da Lei na Casa do Senhor”
(v. 8).
Como assim, uma Bíblia perdida
dentro do Templo?
Como é que se perde uma Bíblia
dentro da casa do Senhor, logo aquela escrita por Moisés, que deveria
permanecer ao lado da arca da Aliança (Dt 31:24-26)?
O problema da nação nos dias do rei
Josias era recorrente, agravado desde os dias descritos no livro de Juízes, após
a morte de Moisés e Josué, em que “cada um fazia o que parecia reto
aos seus olhos” (Juízes 17:6; Juízes 21:25 – ACF).
O povo de Deus havia se esquecido
do Livro da Lei! Perderam o interesse pelas coisas espirituais; mudaram-se as
prioridades, estavam mais ocupados e preocupados com outras coisas a ponto de
abandonarem o que era essencial.
As consequências; catastróficas.
Discordar da soberania divina, comprometer os seus mandamentos significa
problemas – Deus é soberano e está sempre certo!
A descoberta do Livro da Lei
provocou um reavivamento na casa real e, em seguida, em toda nação.
Inusitada atitude real
O rei Josias ao ouvir as palavras
do livro, consternado, rasga as suas vestes em sinal de profunda dor e
sofrimento.
O ato de rasgar vestes; cobrir-se
de pano de saco; jogar cinza sobre a cabeça faz parte do relato bíblico,
praticados em sinal de grande sofrimento, quando, por exemplo, motivados pela
perda de entes queridos (Jacó – Gn 37:33-34; Jó - 1:20).
Mas por que a leitura do texto
sagrado provocou uma reação tão intensa?
Pode a Palavra de Deus causar dor
no ser humano?
Entende-se a atitude do rei quando
se analisa o contexto histórico.
O Livro da Lei foi descoberto em
621 a.C., quando o exército da Babilônia assediava a Assíria e almejava
conquistar a Palestina1.
Nabopolasar, pai de Nabucodonosor,
iniciou a sua trajetória vitoriosa em 626 a.C. e, em 612 a.C. conquistou Nínive,
a capital do império assírio2.
Foi nesse contexto histórico que
Josias tomou conhecimento pela primeira do conteúdo do Livro da Lei, ou seja,
diante da iminência de um conflito militar armado (de uma guerra), que se
espalharia por toda aquela região.
A mensagem bíblica era claríssima.
Caso Israel se distanciasse do Senhor para adorar outros deuses, uma nação
distante invadiria a Terra Prometida e levaria o povo para o cativeiro.
O livro de Deuteronômio, no
capítulo 28 declara que, como resultado da desobediência dos israelitas, “o Senhor levantará contra ti uma nação
de longe, da extremidade da terra virá, como o voo impetuoso da águia, nação
cuja língua não entenderás; […] Sitiar-te-á em todas as tuas cidades, até que
venham a cair, em toda a tua terra, os altos e fortes muros em que confiavas;
[…] sereis desarraigados da terra à qual passais para possuí-la. O Senhor vos
espalhará entre todos os povos” (v. 49, 52, 63, 64).
Importante frisar que naquela época,
o rei não exercia somente o poder político, mas era também o líder espiritual
do povo de Deus e, assim sendo, ele rei Josias tinha consciência da condição
espiritual em que se encontravam os seus súditos.
O que o rei mais temia era que as
palavras contidas no Livro da Lei viessem a concretizar-se. Ele precisa
confirmar o veredito bíblico e vai à pessoa certa; consultar a profetiza Hulda.
Ela confirma as palavras, contudo acrescentou uma palavra de ânimo, de conforto
e esperança ao angustiado monarca.
O recado divino para Josias dizia
que por causa da humildade demonstrada por ele, por causa do enternecimento de
seu coração e do ato de rasgar as suas vestes, o decreto celestial seria adiado
(2 Reis 22:18-22).
Assim ocorreu o início do
reavivamento espiritual na vida do rei Josias. Nota-se o papel preponderante
desempenhado pela Bíblia nesse processo. Em outras palavras: Não existe
renascimento espiritual sem o estudo das Escrituras Sagradas! Os ministros de Deus devem passar
mais tempo com Sua Palavra, a fim de experimentar o reavivamento que só o
Senhor pode realizar!
Também é interessante notar o papel
importante que o ofício profético desempenhou nessa narrativa. A profetisa
Hulda confirmou a mensagem contida nas Escrituras e exerceu influência sobre o
rei para promover, mais adiante uma reforma sem precedentes entre o povo de
Deus.
Reavivamento coletivo
A resposta da profetiza Hulda era
tudo o que Josias esperava para iniciar uma série de ações que resultaram numa
transformação quanto à atitude do povo.
O rei mandou convocar todos os
anciãos de Judá e Jerusalém. Em seguida, “subiu
à Casa do Senhor, e com ele todos os homens de Judá, todos os moradores de
Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor até ao maior”
(2Rs 23:2). O relato bíblico afirma que ali, leu em voz alta todas as palavras
do livro da Lei que havia sido achado no Templo do Senhor. Depois, fez um pacto
diante de Deus, como representante da nação, comprometendo-se a segui-Lo, a
guardar Seus mandamentos, testemunho e estatutos, de todo coração e alma, e a
cumprir as palavras que estavam no livro da Lei. E todo povo anuiu à aliança
(2Rs 23:1-3).
É fato. O reavivamento trará como
resultado a reforma. Constata-se isso no reavivamento que o rei Josias
experimentou e foi além; a reforma acabou por envolver todo o povo. É
importante destacar que essa mudança também foi guiada pela Palavra de Deus,
uma vez que todos decidiram ser fiéis à aliança do Senhor (2Rs 23:3).
O que se vê na sequência é uma
série de reformas relacionadas com a vida religiosa da nação. Derrubou-se um
mito, pois, por muito tempo, as pessoas achavam que, por pertencerem ao povo
escolhido, estavam seguras, independentemente de seu compromisso pessoal com a
aliança divina. Contudo, ao terem conhecimento do livro da Lei, perceberam que
pesava sobre elas a condenação predita em caso de desobediência aos preceitos
do Senhor.
2 Reis 23:4-24 descreve
detalhadamente todas as reformas implementadas pelo rei Josias a começar pela
eliminação dos elementos idolátricos que se encontravam no Templo do Senhor. Tudo
o que era estranho e que não pertenciam ao santuário foram de lá retirados e
queimados: utensílios usados na adoração à Baal, ao poste-ídolo e a todo o
exército dos céus (v. 4); destruiu as acomodações dos prostíbulos cultuais
(sodomitas), local onde se adorava a deusa Aserá (v.7), demoliu os diferentes
altares que havia em todo o território de Judá (v.8-15), inclusive aqueles
localizados em Samaria e Betel (v. 19). Além disso, agiu contra aqueles que
lideravam à adoração idolátrica. O rei “destituiu
os sacerdotes que os reis de Judá estabeleceram para incensarem sobre os altos
nas cidades de Judá e ao redor de Jerusalém, como também os que queimavam
incenso a Baal, ao sol, à lua, e aos planetas, e a todo o exército dos céus”
(v. 5) e “sacrificou
todos os sacerdotes dos altos”, que vivam em Samaria (v. 20). Por fim,
eliminou também “os adivinhos, os
feiticeiros, os terafins, os ídolos, e todas as abominações que se viam na
terra de Judá e em Jerusalém” (v. 24).
É fato, que
não pode ser olvidado, que todas as reformas realizadas por Josias foram
fundamentadas nas orientações descritas no Livro da Lei (vs. 2,24). Sob sua
liderança, tudo o que estava em desacordo com as indicações bíblicas
relacionadas com a verdadeira adoração a Deus foi eliminado. Contudo, a verdadeira reforma não está completa quando se elimina os
elementos estranhos à verdadeira adoração, mas quando inclui o verdadeiro
sentido da adoração. Sensível
a essa realidade, o rei ordenou “a
todo o povo, dizendo: Celebrai a Páscoa ao Senhor, vosso Deus, como está
escrito neste Livro da Aliança. Porque nunca se celebrou tal Páscoa como esta
desde os dias dos juízes que julgaram Israel, nem durante os dias dos reis de
Israel, nem nos dias dos reis de Judá” (v. 21, 22).
Três pontos da atitude do rei se destacam e
devem ser aplicados em nossos dias. Em
primeiro lugar, as reformas em favor da verdadeira adoração são
promovidas por ministros que têm sido reavivados pelo estudo da Palavra de Deus.
Em segundo lugar, uma mudança espiritual implica o
estabelecimento da celebração da Páscoa como clímax da reforma. Finalmente, o ministro deve fazer o
máximo possível para honra e glória de Deus.
O centro do reavivamento
O pastor Alvaro Rodríguez, doutor em Teologia, e
professor da Universidade Peruana União, em um artigo publicado na edição de março-abril
da Revista Ministério afirma que: “A centralidade da celebração da
Páscoa nas reformas de Josias é importante para entender o caráter de um reavivamento
e uma reforma espiritual. A fim de compreender melhor esse assunto, é necessário analisar o
significado da Páscoa no momento em que ela foi instituída. Nos dias do
cativeiro egípcio, o Senhor Se manifestou de maneira poderosa em favor de Seu
povo, executando Seus juízos contra o poder opressor do maior império daqueles
dias.
Nove pragas já haviam caído, e
Deus então declarou a Seu povo que deveria se preparar para finalmente sair da
terra da escravidão (Êx 11, 12). Entretanto, os israelitas deveriam
sacrificar um cordeiro sem mácula, de um ano, e passar o sangue do animal
imolado nas ombreiras e na verga da porta de sua casa (Êx 12:3-7). O motivo
para esse ritual era que, à meia-noite, o Senhor passaria pelo meio do povo, e
o sangue do cordeiro seria o sinal para, em primeiro lugar, conservar com vida
o primogênito daquele lar e, em seguida, libertar o povo da escravidão no
Egito. Essa é a Páscoa do Senhor (Êx 12:11, 12).
Entender esse evento da história
de Israel nos permite compreender a natureza e o propósito último dos atos
divinos em favor de Seu povo: a
libertação por meio de uma provisão celestial, a saber, o sacrifício do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”
(Jo 1:29). Em harmonia com essa realidade, João, no Apocalipse, afirmou que a
vitória é obtida somente “por causa do
sangue do Cordeiro” (Ap 12:11). O apóstolo Paulo também declarou que “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado”
(1Co 5:7).
Conclusão
O reavivamento e a
reforma liderados por Josias são exemplos para pastores e igrejas da atualidade. À luz de 2 Reis 22 e 23, é
importante destacar que o papel do líder espiritual é fundamental nesse
processo. Em outras palavras, se o
ministro não se importa com a espiritualidade, ele e o povo correm o risco de
se perderem para sempre. Contudo, o desenvolvimento espiritual deve
estar fundamentado no estudo da Bíblia e dos escritos inspirados. Como
resultado, deve-se produzir um reavivamento (o desejo de seguir a vontade
de Deus de maneira fiel e sincera) e uma reforma (mudanças nas práticas
religiosas), eliminando condutas erradas e se entregando exclusivamente a
Deus, por meio de Cristo, nossa Páscoa, como o centro da adoração e da vida
religiosa3”.
É o meu desejo a minha oração.
Amém!!!
1
J.B. Graybill, “Judah, Kingdom of” , The International Standard Bible
Encyclopedia, vol. 2, ed. Geoffrey W. Bromiley [Grand Rapids, Ml:
Eerdmans,1986], page 1147.
3 Alvaro Rodríguez, A Chama do Reavivamento,
Revista Ministério Março-Abril
© Nelson Teixeira Santos
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