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IRMANDADE - UMA NOVA RELAÇÃO DE



1 Pedro 2:13-23; 3:1-7


            Introdução
            Viver é fácil?  Mas quem foi que lhe disse que seria fácil?
            Então, antes que você esboce uma resposta, permita-me algumas considerações:

            1ª - Quer você admita ou não, você é um (a) vencedor (a). Mesmo antes de nascer você travou uma batalha com aproximadamente 400.000.000 de concorrentes. Isso mesmo, quatrocentos milhões de espermatozoides tentaram, numa corrida alucinante, alcançar um único óvulo e foi o seu que conseguiu realizar tal proeza. Por esta razão, fisiologicamente falando, você está aqui.
            2ª - O poeta Gonçalves Dias, autor da conhecidíssima Canção do Tamoio; inicia a primeira estrofe dizendo: “Não chores, meu filho; não chores, que a vida é luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar”.
            3ª – O monge, teólogo e reformador alemão Martinho Lutero explicou que “a vida do cristão neste mundo, é uma vida cheia de tensões” (Luthers Schriften: Weimar Edition, Tischreden, Stuttgart: Metzler, 2000, vol. 5, n° 5777).
            4ª - O próprio Jesus afirmou: "Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (João 16:33NVI). Ele também disse que: “Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados” (Lucas 21:26NVI).

            Acrescente a essas quatro considerações mais uma: Você é cristão (a) e está vivendo no final da segunda década do século XXI. Você se vê obrigado (a) a lidar com questões éticas de respostas nada fáceis: Assuntos tais como ideologia de gênero, casamento entre pessoas do mesmo sexo, produção independente de filhos e outros tantos assuntos para lá de polêmicos.
            Tais questões exigem da parte da liderança e dos membros, um posicionamento, uma postura, uma resposta. Não dá para ficar em cima do muro indefinidamente. Deixar como está para ver como é que fica não é uma postura digna de quem se intitula cristão! É preciso coragem. Coragem como a de Daniel e de seus amigos lá na corte babilônica.
            De forma semelhante, nos dias do apóstolo Pedro quando o cristianismo ainda engatinhava, surgiam questões que demandavam soluções rápidas. Em nosso texto chave há uma grande ênfase em relacionamentos.

            Objetivo da mensagem
             Mostrar que, embora alguns creiam que, em se tratando de cristianismo, tudo se resuma à pessoa e a Deus, a vida cristã não é intimista, mas relacional. Não acontece no templo, mas na vida social. Nesses versos o apóstolo apresentou instruções de como os filhos e filhas de Deus devem proceder em relação à sociedade.

            Primeira instrução:
            Viver exemplarmente entre os não cristãos (1Pe 2: 12).
            O ser humano não foi feito para viver só, isolado de tudo e de todos. Consequentemente o cristianismo não isola o homem, mas o qualifica para ser mais útil à sociedade na qual ele está inserido. Não é fugindo nem se tornando um monge, enclausurado entre paredes, que alguém pode ser um bom seguidor de Cristo. Aliás, foi o próprio Jesus quem pediu a Deus: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno” (Jo 17:15, NVI).
            Quando é que o sal, a luz ou o fermento exercem a sua verdadeira função?           
            O grande problema não é estar no mundo, mas assimilar e colocar em prática as coisas erradas do mundo. Deus nos chama em Tiago 4:4 de “adúlteros e adúlteras” pela amizade que mantemos com o mundo e por conta disso nos tornamos inimigos de Deus. O maior desafio de cada um de nós enquanto cristãos consiste em segundo Tiago: “guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1:27).
            Um barco nas águas do mar está seguro até que as águas não estejam dentro do barco.
            Um cristão no mundo está seguro enquanto o mundo, ou seja, a mundanidade não estiver dentro dele. O conselho é claro: “Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção” (1Pe 2:12, NVI).

            Segunda instrução:
            Obedeçam às regras e às autoridades constituídas (1Pe 2:13,14).
            Mesmo sabendo das dificuldades que isso significava no tempo do império romano, Pedro insistiu em declarar que os crentes deviam obedecer às autoridades constituídas, pois isso significava honrar a Deus. Além do mais, as autoridades eram e são usadas por Deus para castigar malfeitores e para louvor dos que fazem o bem. Nossa LES de domingo (16/04/2017) captou isso e sintetizou o assunto da seguinte maneira: “Nenhum governo é perfeito, e certamente aquele em que Pedro e seus leitores viveram também não era. Portanto, a lição para nós é que devemos ser bons cidadãos, obedecendo às leis do nosso país tanto quanto pudermos, apesar das imperfeições do governo sob o qual vivemos.”
            Vale lembrar que ele mesmo já havia falado de um limite para essa obediência: Quando um governo atenta contra os princípios claros da lei e da vontade de Deus não devemos obedecê-lo. “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”, já advertia Pedro em Atos 5:29.

             Terceira instrução:
            Quando procedemos bem estamos realizando uma revolução silenciosa, mas eficaz (1Pe 2:15).
            Nosso modo de proceder pode começar uma mudança naquilo que está errado ao nosso redor. “É da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos” (NVI).

               Quarta instrução:
             Escravos relacionem-se bem com seus senhores e sejam obedientes a eles, mesmo os maus (1 Pe 2:18-20).
            Parece contraditório que o cristianismo primitivo estivesse instruindo que seus seguidores escravos fossem obedientes a seus senhores. No entanto, considerando o contexto da época, esse procedimento fazia parte daquilo que o cristianismo podia fazer sem piorar a situação, a fim de que, aos poucos pudesse ser cimentado um caminho para a libertação dos escravos. Não podemos esquecer que grande parte da mão de obra daquele tempo era formada por escravos. Até mesmo médicos, advogados, juízes e outros profissionais estavam nessa categoria.
            Semelhante atitude teve Paulo quando aconselhou, em Efésios 6, os servos a servirem como se estivessem servindo ao Senhor, mas equilibrando as coisas. E advertiu os senhores dos escravos a tratá-los de maneira diferente dos pagãos e com a dignidade que os escravos mereciam: “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no Céu, e que para com Ele não há acepção de pessoas” (Ef 6:9).
            Assim, longe de dizer que o cristianismo apoiou a escravidão, como dizem alguns críticos, ele normatizou as relações entre servos e senhores ajudando a viabilizar os grandes avanços da humanidade nessa área. William Barclay ponderou que “o cristianismo introduziu uma nova relação entre o senhor e o escravo […] O cristianismo não aboliu as distinções sociais; não anulou as diferenças entre amo e servo, mas introduziu uma nova relação de irmandade dentro da qual outras diferenças foram ultrapassadas e modificadas” (William Barclay, The First Letter of Peter, p. 94)

            Quinta instrução:
            Sofrer pelo evangelho e pelas coisas corretas nos torna semelhantes a Jesus (1Pe 2:20-25).
            Note bem: Ele não estava incentivando o sofrimento como algo meritório para a salvação, mas ensinando que, se ele acontecesse, os cristãos deviam entender que isso também havia acontecido com Jesus. Embora Pedro tenha falado isso no contexto da relação patrão X escravo, podemos compreender que não há glória em sofrer como consequência de nossos erros, porém, se sofremos por algo correto, Jesus também passou por isso e aprendeu. Mesmo sendo “Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb 5:8).
            E mais, ao sofrer a exemplo de Cristo, o cristão pode dar seu testemunho e ajudar na conversão de pessoas que o observam.

            Sexta instrução:
            Mulheres estejam sujeitas a seus maridos. Maridos tratem suas mulheres como cristãos que têm suas orações atendidas (1Pe 3:1-7).
            Pedro instruiu que a beleza da mulher deve ser primeiro no aspecto interior, inspirada em Deus e nas santas mulheres (v. 3-6). Ele falou sobre sua sujeição ao marido (v. 1). Essa sujeição não significa o rebaixamento nem a humilhação da mulher. Ele equilibra as coisas dizendo que o marido deve tratar a mulher com honra de tal modo que suas orações (do marido) não sejam interrompidas. E quando nossas orações são interrompidas? Quando estamos em rebelião contra Deus (ver Pv 28:9; Sl 66:18).


            Conclusão
            O grande evangelista Billy Graham é autor de dezenas de frases interessantes e impactantes sobre assuntos variados da Bíblia e do cristianismo. No entanto, há uma comparação que ele faz sobre a coerência entre o que dizemos ser e o que de fato somos, como cristãos, que impressiona pela originalidade e simplicidade. Ele disse: “Um verdadeiro cristão é uma pessoa que pode dar seu papagaio de estimação para os fofoqueiros da cidade.”
            Que Deus nos ajude a ser esse tipo de cristãos neste mundo que envelhece piorando!
            É o meu desejo e a minha oração. Amém!!!





© Nelson Teixeira Santos

      

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