Há algumas semanas um livro me foi
emprestado e antes que eu chegasse ao final do segundo capítulo já havia
concluído que era total perda de tempo continuar a leitura. Isso porque o mesmo
apregoava uma doutrina antibíblica – o universalismo, ou seja, que Deus é amor,
bondoso, compassivo, longânimo, misericordioso e que por conta de tantas
virtudes (e, convenhamos, são todas verdadeiras), no final, todos irão para o
Céu gozar as bem-aventuranças da eternidade.
Lamentavelmente, o autor, cujo nome
e obra, pelos motivos óbvios prefiro não mencionar, intencionalmente ou não,
omitiu uma virtude divina importantíssima – a justiça. Algo que lhe É inerente.
Deus é justo. Deus ama a justiça. Aliás, Ele é o único capaz de conciliar duas
virtudes aparentemente antagônicas – misericórdia e justiça e Ele o faz de
forma magistral, esplêndida na pessoa de Seu filho, nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.
Seguindo o conselho bíblico que
determina: “Examinai tudo. Retende o bem”
(1
Tessalonicenses 5:21) , você deve estar se
perguntando: Sobrou alguma coisa boa do livro herege? Inacreditavelmente sim. A
verdade de que, muitas vezes durante a nossa experiência cristã somos
enganados, nos enganamos e nos deixamos enganar. Mentiras e inverdades,
intencionalmente ou não, são proferidas por gente despreparada, mal preparada,
mal intencionada e as consequências; desastrosas.
Para evitarmos esse tipo de coisa
em nossa caminhada cristã é necessário seguirmos a risca o conselho de Jesus: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará” ( João
8:32) . Mas o que é a
verdade? O próprio Cristo responde: “Eu sou
o caminho, e a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim” ( João 14:6) . E onde podemos
encontrá-Lo? “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).
O
objetivo desta mensagem é não permitir que você seja enganado acerca de um
assunto tão importante chamado reavivamento.
Mas afinal de contas, o que é reavivamento?
O
reavivamento não pode, nem deve ser confundido com reforma. “Reavivamento e reforma são duas coisas diferentes.
Reavivamento significa renovação da vida espiritual, vivificação das faculdades
da mente e do coração, ressurgimento da morte espiritual. Reforma significa
reorganização, mudança de ideias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não
produzirá os bons frutos da justiça a menos que esteja ligada a um reavivamento
do Espírito. Reavivamento e reforma devem fazer a obra que lhes é designada e,
ao fazerem essa obra, têm de se unir” (Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 42).
É bom que se diga que o mesmo não
ocorre por vontade humana, tampouco por uma decisão institucional. É
prerrogativa divina. Ele acontece quando Deus, em Sua quase que infinita
bondade, procura ter um relacionamento mais profundo conosco. Tem haver com a
nossa salvação e por isso, sempre, é iniciativa dEle. Seu Santo Espírito cria
em nós desejos, nos convence da nossa real necessidade e ainda revela a bondade
e a graça de Deus.
Onde começa o reavivamento?
Reconhecidamente o Espírito Santo é
a maior bênção recebida por um filho ou filha de Deus, individualmente ou por
um grupo, igreja, povo. O reavivamento, que o mesmo Espírito desencadeia, acontece
da mesma forma. Homens e mulheres são ungidos, primeiramente no âmbito
individual, como pessoas, e na sequência envolvendo a igreja, produzindo um
efeito semelhante a uma pedra atirada num lago de águas calmas.
Numa breve análise da história do
povo de Deus é possível constatarmos que em todas as épocas aconteceram
avivamentos e reavivamentos. Maiores ou menores; quanto a sua abrangência ou
duração, no livro de Juízes eles são relatados com uma clareza inquestionável.
Embora a história seja linear e não
cíclica, é possível observar que os altos e baixos do povo de Deus vem e vão –
se repetem. É possível observar, de forma muito nítida as fases vivenciadas por
ele: separação, servidão, súplica, salvação e silêncio.
A explicação é bastante lógica: humanamente
é quase que impossível levar a vida num constante “estado de Pentecostes”,
sobretudo num mundo onde impera o pecado. São representantes destes avivamentos
e reavivamentos históricos, personagens bíblicos como Enoque, Noé, Elias,
Eliseu, entre outros.
Entretanto o que nós aguardamos é
um reavivamento nos moldes daqueles ocorridos nos dias apostólicos, ou durante
a Reforma Protestante, ou ainda no Movimento Adventista.
Nossa grande necessidade
“Um
reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de
todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. [ SC,
pág. 53]. Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não
porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos
carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai celeste está mais disposto a dar
Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar
boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação,
arrependimento e fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em
sua promessa para conceder-nos Sua bênção” (Mensagens Escolhidas, vol. 1,
pág. 121).
Porque ele ainda não aconteceu?
O texto acima descrito dá-nos
algumas dicas:
Afirma ser “a maior e mais urgente de nossas as nossas necessidades”. Isso se
explica pelo fato de Jesus ter-nos confiado uma missão – ir e pregar o
evangelho. Para ir e pregar o evangelho Jesus prometeu outorgar-nos poder.
Poder para o cumprimento da missão. E isso é tarefa do Espírito Santo. Sem a
atuação do Espírito de Deus em nossa vida não há nenhuma espécie de
convencimento, quer seja acerca do pecado, ou da justiça ou do juízo. Em outras
palavras não há conversões. Isso retarda a volta de Jesus para resgatar os
remidos e consequentemente, o pecado continua imperando neste mundo.
Porque, como toda promessa de Deus,
ela é condicional, ou seja, condições devem ser satisfeitas para que ela
aconteça.
Precisamos sentir a necessidade do
Espírito Santo e orar por Ele. “Ao
orardes, credes, confiai em Deus. Estamos no tempo da chuva serôdia, tempo em
que o Senhor outorgará liberalmente o Seu Espírito. Sede fervorosos em oração,
e vigiai no Espírito” (Ellen G. White, Testemunhos para Ministros e
Obreiros Evangélicos, pág. 512).
“Só os
que estiverem vivendo de acordo com a luz que têm recebido poderão receber maior
luz. A não ser que nos estejamos desenvolvendo diariamente na exemplificação
das ativas virtudes cristãs, não reconheceremos as manifestações do Espírito Santo
na chuva serôdia. Pode ser que ela esteja sendo derramada nos corações ao nosso
redor, mas nós não a discerniremos nem a receberemos” (RH, 02 de Março de
1897).
Carecemos experimentar primeiro a
chuva temporã. Isto implica confissão completa e perdão dos pecados, limpeza de
toda contaminação, oração fervorosa e consagração a Deus. Numa palavra: o
crescimento constante nas graças cristãs, aproveitando as oportunidades
presentes. “Podemos estar certos de que
quando o Espírito Santo for derramado, os que não receberam nem apreciaram a
chuva temporã, não verão nem compreenderão o valor da chuva serôdia” (Ellen
G. White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 399).
Devemos estar dispostos a ser
usados e guiados pelo Espírito. “Não
podemos usar o Espírito Santo. Ele é que deve servir-Se de nós. Mediante o
Espírito opera Deus em Seu povo ‘tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua
boa vontade’(Fil. 2:13) . Mas muitos não se submeterão a isto. Querem-se
dirigir a si mesmos. É por isso que não recebem o celeste dom. Unicamente aos
que esperam humildemente em Deus, que
estão atentos à Sua guia e graça, é concedido o Espírito” (DTN, pág. 502).
Necessitamos eliminar as
divergências. “Antes do dia de
Pentecostes [os discípulos] se reuniram e tiraram dentre eles todas as
desinteligências. Estavam de um mesmo sentimento” (DTN, pág. 615). “E cumprindo-se o dia de Pentecostes,
estavam todos reunidos” (Atos 2:1). “Tirem
os cristãos do meio deles as dissensões, e entreguem-se a si mesmos a Deus para
salvação dos perdidos. Peçam a bênção com fé, e ela há de vir” (DTN, pág.
616).
Finalmente carecemos despojar-se do
eu. Talvez a tarefa mais difícil a ser realizada, pois como afirma a pena
inspirada, “ninguém se pode esvaziar a si
mesmo do eu. Somente podemos consentir em que Cristo execute a obra. Então a
linguagem da alma será: Senhor, toma meu coração; pois não o posso dar. É Tua propriedade. Conserva-o
puro; pois não posso conservá-lo para Ti. Salva-me a despeito de mim mesmo, tão
fraco e tão dessemelhante de Cristo. Molda-me, forma-me e eleva-me a uma
atmosfera pura e santa, onde a rica corrente de Teu amor possa fluir para minha
alma” (PJ, pág. 159).
Até quando Senhor teremos de
aguardar o dia em que como servos Seus, com o rosto iluminado e a resplandecer
de santa consagração, nos apressaremos de um lugar para outro para proclamar a
mensagem do Céu? “Por milhares de vozes em toda a extensão da Terra, será dada a
advertência. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e
maravilhas seguirão aos crentes” (CS, pág. 662).
Numa das visões descritas por Ellen
G. White, no livro Primeiros Escritos, a página 271, ela afirma: “Ouvi os que estavam revestidos da armadura
falar sobre a verdade com grande poder. Isto produzia efeito”.
Que ninguém seja enganado. Se é de
poder que necessitamos para cumprir a missão que o Senhor nos confiou; então seja
esta a nossa petição: Senhor,
concede-nos poder!
É o meu desejo e a minha oração.
Amém!!!
PS. “O
derramamento do Espírito, nos dias apostólicos, foi a ‘chuva temporã’ e
glorioso foi o resultado. Mas a ‘chuva serôdia’ será mais abundante” (DTN,
pág. 616).
© Nelson Teixeira
Santos
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