Por que temos tantas
versões da Bíblia? Que constitui uma boa tradução? Deviam os
adventistas do sétimo dia ter sua própria versão das Escrituras?
A tarefa de traduzir a Bíblia das línguas originais
nunca é completa. Por quê?
Primeiro, novas descobertas de
manuscritos bíblicos provêm informação adicional que ajudam a recuperar as
palavras dos autores da Bíblia. Mesmo a descoberta de um fragmento de um
pequeno manuscrito contendo umas poucas palavras que não aparecem nos
manuscritos acessíveis pode demonstrar-se valiosa para decidir o que um autor
bíblico realmente escreveu num dado versículo.
Segundo, o conhecimento das línguas
antigas continua a crescer à medida que os arqueólogos descobrem documentos
adicionais e inscrições que usam as línguas da Bíblia, ou línguas relacionadas.
Terceiro, nossa própria língua
sofre mudanças constantes. Palavras e expressões desaparecem do uso e são
substituídas, ou assumem significados novos e diferentes. Esse processo tem
sido acelerado pela comunicação em massa.
Quarto, algumas traduções novas
adereçam um tipo de leitor que precisa da mensagem da Bíblia expressa de um
modo particular. Por exemplo, algumas das traduções mais recentes são
designadas para serem lidas em voz alta porque os tradutores reconhecem que
muita gente prefere ouvir enquanto a Bíblia é lida para eles.
Que
faz uma boa tradução?
Primeiro, devia ser baseada nos
manuscritos mais antigos e melhores. Visto que os manuscritos bíblicos mais velhos
não eram acessíveis ou não eram usados de modo consistente até 100 anos atrás,
Bíblias traduzidas durante este século tendem a aderir mais de perto ao que os
autores realmente escreveram do que as traduzidas anteriormente.
Segundo, devia traduzir corretamente
as palavras ou pensamentos dos escritores da Bíblia. Há dois métodos principais
de tradução: o formal e o dinâmico. Os que usam o primeiro método traduzem as
palavras e deixam o leitor decidir o que estas palavras significam. A maioria
das traduções antigas eram feitas segundo este método. Os que usam o método
dinâmico traduzem os pensamentos dos escritores bíblicos usando expressões
modernas que expressam o que aqueles escritores queriam dizer. A maioria, mas
não todas, das traduções modernas seguem este método.
Qual
é o melhor? Ambos podem produzir boas traduções, mas ambos podem deixar de
transferir tudo o que os escritores bíblicos queriam dizer. Leitores da Bíblia
empenhados em estudo sério podem combinar as vantagens de ambos os métodos
usando uma tradução formal e uma dinâmica lado a lado.
Terceiro, devia traduzir os
manuscritos numa linguagem clara e de leitura fácil. Muitas traduções modernas
sucedem bem neste ponto.
Quem
produz as melhores traduções da Bíblia?
Bíblias traduzidas por indivíduos
são chamadas usualmente paráfrases. São fáceis de ler e compreender; com efeito
tendem a fazer a leitura da Bíblia mais excitante. O Dr. Jack Blanco, um
professor adventista, publicou uma tal paráfrase em inglês, The Clear Word Bible (Review
and Herald Publ. Assn., 1994). Paráfrases, contudo, correm o risco de refletir
as preferências doutrinais do autor. Por vezes, podem incluir pensamentos que
realmente não estão na Bíblia.
Bíblias traduzidas por um grupo
limitam o elemento tendencioso que entra numa tradução. Para leitura
devocional, paráfrases têm seu lugar, mas para estudo sério as traduções feitas
por grupos são mais dignas de confiança.
Deviam os adventistas do sétimo dia
ter sua própria tradução? Alguns têm sugerido que façamos nossa própria tradução,
usando a perícia de muitos eruditos adventistas em todo o mundo. Contudo, tal
decisão suscitaria suspeita de preconceito doutrinal, e limitaria nossa
habilidade de ler e estudar a Bíblia com outros cristãos se usássemos nossa
própria versão em vez de uma versão padrão.
A mensagem de Deus para todos devia
ser bastante clara a despeito da tradução. O aparecimento de uma nova tradução
nos oferece a oportunidade única de ampliar e aprofundar nossa compreensão da
mensagem de Deus mediante Sua Palavra.
Autor:
Steve Thompson (Ph.D., University of St. Andrews) é o deão da Faculdade de
Teologia do Avondale College. Endereço: P.O. Box 19; Cooranbong, N.S.W. 2265;
Austrália. E-mail: steve.thompson@avondale.edu.au
Fonte:
Diálogo Universitário
Comentários
Postar um comentário