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JUDAS ISCARIOTES, “O FILHO DA PERDIÇÃO”

 

Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura” (João 17:12 - ARA).

 

 

            Introdução

            A sua presença nas páginas das Santas Escrituras consiste não só num atentado, como também num choque a nossa ortodoxia religiosa. O que um sujeito com atitudes tão abomináveis faz na Bíblia?

           

            Objetivo da mensagem

            Mostrar que apesar de sua insólita e emblemática biografia, ainda assim, podemos extrair dela lições valiosíssimas.

 

            Abrindo a Palavra

            Basta uma breve leitura do que se encontra escrito em Mateus 18:7 e em 2 Timóteo 3:16, para concluirmos que:

            - alguém (seja homem ou mulher) terá que fazer o trabalho pérfido (sujo), no âmbito espiritual significa que alguém se prestará a realizar a obra do maligno. Judas Iscariotes é um exemplo clássico (Lucas 22:3; João 13:27).

            - as Escrituras são provenientes de DEUS e tem como utilidade fundamental – ensinar.

           

            O princípio e o fim

            Quatrocentos anos antes, o profeta Zacarias descreveu em detalhes sobre a atividade nefasta que alguém realizaria contra o Salvador do mundo (Zacarias 11:12-13); só não mencionou o nome do protagonista.

            O cumprimento profético, igualmente em detalhes, agora, nominalmente identificado é descrito em Mateus 26:15; 27:3-7).

 

            A etimologia do nome

            O nome Judas é a forma grega (Ioudas) da palavra hebraica Judá (Yehuda), significa “que Ele (DEUS) seja louvado”. A palavra aramaica iscariotes, no hebraico “Ish Qeriyoth” literalmente significa “homem de Queriote” (Queriote Hezrom).

            Queriote era uma cidade próxima a Hebrom (Josué 15:25), situada no sul de Judá, entre Berseba e o Mar Morto. O “discípulo amado” afirma que Judas Iscariotes era filho de Simão (João 6:71).

            Detalhe a ser considerado: Se Judas Iscariotes era de fato, natural de Queriote, ele era o único entre os discípulos de Jesus procedente da Judéia, ou seja, o único não galileu entre os doze.

            É notório que os habitantes da Judéia desprezavam o povo galileu, rotulando-os como rudes colonizadores de fronteira. Essa atitude preconceituosa pode ter sido a causa da alienação de Judas dos demais discípulos. Fato é que todos os três evangelhos  (Mateus, Marcos e Lucas) colocam o nome de Judas Iscariotes no fim da lista dos discípulos.

 

            O seu chamado

            Os evangelhos omitem quando ocorreu o chamado de Judas Iscariotes para compor o grupo dos doze. Alguns estudiosos acreditam que talvez tenha ocorrido nos primeiros dias do ministério terrestre de Jesus quando Ele chamou outros tantos (Mateus 4:18:22).

            O relato dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas desmente categoricamente a ideia prevalecente de que Judas Iscariotes não foi chamado pelo Mestre e que Este apenas consentiu que ele fizesse parte do grupo (Mt 10:1-4; Mc 3:13-19; Lc 6:12-16).

 

            O seu calcanhar de Aquiles

            Os discípulos nada sabiam do desígnio de Judas. Unicamente Jesus podia ler o seu segredo. Não obstante, não o expôs. Jesus estava desejoso de salvá-lo. Sentia-Se por ele tão oprimido como por Jerusalém, quando chorara sobre a condenada cidade. Seu coração bradava: ‘como posso renunciar a ti? 1

            O seu ponto fraco foi exposto quando Maria ungiu os pés de Jesus com um unguento precioso. Palavras dele: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (João 12:5).

            As palavras “por que não se vendeu” manifestavam o sentimento dos doze – mas a ideia de que o unguento devia ser vendido para socorrer os pobres era de Judas Iscariotes, como o dá a entender João no versículo seguinte, Judas disse isto “não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão” (João 12:6).

            Depois do episódio em Betânia, as más ideias tomaram conta de seus pensamentos (Mateus 26:14-15). Satanás achou seu instrumento humano para realizar seu intento e Judas foi ter com os sacerdotes (Lucas 22:3-4).

            Provavelmente Judas esperava receber mais do que as trinta moedas de prata. O que aconteceu naquela ocasião foi uma espécie de leilão, uma discussão para ver até quanto os sacerdotes estavam dispostos a pagar pelo serviço de trair o Mestre.

            Finalmente ele consentiu em fazer o papel que lhe cabia na história, cumprindo o escrito profético de traidor, passando a esperar o momento oportuno para entregar o Mestre.

            A insolência, a arrogância e o atrevimento eram tanto que ele continuou acompanhando Jesus e os outros discípulos na ida para Betânia e de Betânia a Jerusalém; esteve com eles no Horto do Getsêmani (João 18:2) e na última ceia lá estava ele, tendo seus pés lavados pelo Salvador e perguntando, como os outros discípulos: “acaso sou eu?” (Mateus 26:25).

            Foi “o filho da perdição” (João 17:12). Não havendo mais esperança para ele, “retirou-se e foi enforcar-se” (Mateus 27:5).

            As descrições sobre a sua morte dão conta de que ele primeiramente se enforcou em alguma árvore próxima a um precipício, e que, arrebentado a corda ou quebrando o galho, ele foi despedaçado na queda.

 

            As lições

            1ª A confiabilidade e precisão das profecias bíblicas (2 Crônicas 20:20);

            2ª A graça divina é plenamente inclusiva (João 6:37);

            3ª Para aprofundar-nos no conhecimento da revelação divina (Hebreus 12:14);

            4ª Que podemos até censurar atitudes pessoais; julgar pessoas jamais (Mt 7:1);

            5ª Que é imperativo que aprendamos com os erros alheios;

            6ª Que o fato de simplesmente andar com Cristo não nos garante a salvação e

            7ª Para mostrar-nos até onde vai o amor de DEUS.

 

            Conclusão      

            Judas Iscariotes é um exemplo de como Satanás assume o comando na vida de alguém cujo compromisso com DEUS é superficial ou está focado no egoísmo.

            Foi assim que a serpente encontrou Eva; foi assim que Esaú perdeu seu direito de primogenitura, Saul perdeu suas amarras e Ananias e Safira foram mortos por suas próprias palavras.

            Com Satanás assumindo o controle da vida de Judas Iscariotes (João 13:27), o privilégio de ter sido contado entre os discípulos foi desperdiçado e ele transformado em filho da perdição, das trevas e da deslealdade.  

            Para finalizarmos, uma citação bíblica por demais acalentadora para todos nós que atendemos ao chamado divino: “Tenho certeza de que Aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar” (Filipenses 1:6).

            Sejamos e façamos parte da regra (grupo dos 11), não da exceção (Judas).

            Que a certeza que o apóstolo Paulo tinha ao escrever aos habitantes de Filipos e em extensão a nós, se concretize e seja uma realidade presente em nossas vidas.

            É o meu desejo e a minha oração. Amém!!!

 

 

 

 

 

 

Referência bibliográfica:

1 – Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, CPB, página 645.

 

 

© Nelson Teixeira Santos

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