“Amados, embora planejasse escrever-lhes com todo empenho sobre a salvação que compartilhamos, entendo agora que devo escrever a respeito de outro assunto e insistir que defendam a fé que, de uma vez por todas, foi confiada ao povo santo.
Pois alguns indivíduos perversos se infiltraram
em seu meio sem serem notados, dizendo que a graça de Deus permite levar uma
vida imoral. A condenação de tais pessoas foi registrada há muito tempo, pois
negaram Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor” (Judas
1:3,4
– NVT).
Introdução
Pequeno, mas não menos importante,
o Livro de Judas encerra uma exortação valiosíssima aos cristãos de todas as
épocas e em especial, a nós que vivemos nos últimos dias deste mundo – a
defesa das verdades contidas na Palavra de DEUS.
Objetivo da mensagem
Motivar-nos a defender a fé cristã
dos constantes ataques que ela tem sofrido.
O significado da expressão
A defesa da fé; o batalhar pela fé;
pelejar pela fé; lutar pela fé; combater pela fé, são sinônimos encontrados nas
mais variadas versões bíblicas e que, neste contexto, representam princípios,
leis, ordenanças, doutrinas, mandamentos, intocáveis, ou seja, não devem ser alterados, modificados ou
substituídos por fábulas ou tradições humanas.
Perguntas que não querem calar
Após uma breve exegese, Judas nos
leva a formular algumas perguntas:
Qual a razão dessa necessidade de
levar os cristãos a batalharem pela fé?
Por que uma epístola escrita há
séculos continua relevante em nossos dias?
Porque ainda precisamos continuar
batalhando pela fé? Por quê?
Bem, já se passaram cerca de 1960
anos e a exortação do apóstolo continua sendo válida.
O versículo 3 deixa muito claro que
era propósito de Judas escrever uma carta tratando de outro assunto, porém,
algo de grave estava acontecendo que ele precisou mudar de assunto, priorizando
a defesa da fé.
A necessidade de levar os cristãos
a batalharem pele fé foi o que motivou Judas, o irmão de Tiago (v.1) e,
possivelmente também irmão de Jesus (cf. Mt 13:55;Gl 1:19), a escrever esta correspondência,
por volta de 64/65 d C., não como uma simples carta com destinatário
específico, não endereçada a uma igreja em particular, mas algo muito especial “aos amados de DEUS, o Pai, chamados e
salvos por Jesus Cristo”. 1
Razões para essa luta:
1ª - Porque
a fé cristã tem sido atacada.
Este é o motivo que levou Judas a
exortar seus contemporâneos cristãos, assim como própria Bíblia também nos
exorta, hoje, a fazer o mesmo; pelo simples fato dos ataques contra ela
continuarem.
De onde procedem esses ataques?
Desde os primórdios do cristianismo tem
sido assim. Indivíduos mal-intencionados se infiltravam no meio do povo de
DEUS, para atacar a fé.
Para que não houvesse dúvida
alguma, o apóstolo enumera algumas das suas características: enganadores,
injustos, homens ímpios que distorciam a Palavra de DEUS, transformando a graça
em libertinagem, pessoas que negavam a Jesus Cristo, o único Salvador e Senhor.
O perigo que estes indivíduos
representavam para o povo temente a DEUS, pode também ser visto em outros
versículos da epístola. Vers. 8, 11-13, 16 e 19.
Atualmente os ataques podem surgir
de onde menos se espera. Podem vir através de pessoas de fora e até mesmo de
dentro da igreja.
Diante da facilidade propiciada
pelos meios de comunicação, os ataques alastram- se rapidamente e ganham
proporções gigantescas.
Através da mídia – televisiva,
falada, impressa; através da internet, sobretudo nas redes sociais, através de
livros, de leis, etc.
Humanamente falando, somos minoria
e que por conta disso, e, sobretudo em tempos de crises, minorias são alvos
fáceis de uma mídia parcial, tendenciosa e formadora de opinião; de políticos
oportunistas; de autoridades corruptas.
Então não dá para se acomodar,
se acovardar, ficar parado e aceitar tudo de forma passiva usando como
justificativa a boa convivência; há um limite!
Em compensação tudo no plano da
salvação pressupõe ação, movimento, como por exemplo: justificação,
santificação, consagração, redenção, glorificação - DEUS abomina a inércia, a
indolência, a mornidão.
Que a prudência, o bom senso, o
discernimento e a proatividade sejam nossos companheiros inseparáveis!
A ordenança é clara: batalhem pela
fé, mostrando, quer seja oportuno ou não, mesmo sofrendo as consequências
impostas pela escolha feita em defesa das verdades contidas na Palavra de DEUS!
Este é o preço a ser pago.
2ª – Pelo tom imperativo da
epístola.
É notório no texto que a reação do povo de
DEUS não pode ser adiada, postergada, preterida, procrastinada. Judas exorta os
cristãos a batalharem pela fé imediatamente, a batalha pela fé é prioridade!
Não dá para deixar para amanhã?
Amados, em questões espirituais a palavra
amanhã é muito perigosa. O futuro não nos pertence. O ontem – é passado, tanto
que DEUS não leva em consideração os tempos de ignorância – está consumado. A
decisão precisa ser tomada hoje!
Vemos que a intenção do apóstolo
era escrever a respeito de outro assunto muito mais agradável. Ele estava
envidando seus esforços para escrever-lhes acerca da salvação comum aos
cristãos (v. 3), contudo, se sentiu na obrigação de parar e exortá-los a
batalhar pela fé.
Que outro pretexto senão a urgência
desta prioridade cristã teria levado o apóstolo a mudar seus planos? Tudo leva
a crer que ele percebeu que o combate em defesa da fé não podia esperar.
É mister concordar plenamente com
Judas. A batalha pela fé é urgente. Por quê?
Porque enquanto não nos
posicionarmos de fato nesta luta, pessoas inocentes estão sendo atraídas pelos
falsos enganadores e consequentemente, comprometendo sua salvação.
Não podemos esperar. Aliás, as oportunidades
não costumam bater à porta duas vezes, nem ficam a espera de uma decisão nossa
por tempo indeterminado. Cabe a nós quando elas surgirem, batalhar pela fé com
amor, com determinação, esclarecendo os confusos, auxiliando mal orientados,
opondo-se veementemente aos mal-intencionados.
3ª - As verdades estão sob
nossos cuidados.
Eis aqui mais uma razão para
batalhar pela fé: Ela está sob nossos cuidados.
Qual é o dever do ser humano aqui
nesta Terra?
Toda pessoa tem uma tarefa a
cumprir. Ninguém está aqui por acaso. Todos têm um propósito a cumprir na vida.
Cristo deu a todos uma obra a fazer, mas poucos seguem o caminho que lhes é
destinado. O dever do homem é glorificar o Criador e ser uma bênção aos
semelhantes. 2
“Ser uma bênção aos semelhantes”
foi o pedido de DEUS foi feito inicialmente à Abraão e em extensão, a todos nós
que somos seus descendentes espirituais.
Todos têm seu lugar no plano
eterno do Céu. Todos devem colaborar com Cristo para a salvação de almas. Tão
certo como nos está preparado um lugar nas mansões celestiais, há também um
lugar designado aqui na Terra, onde devemos trabalhar para Deus. 3
O que você está fazendo com a Verdade que
lhe foi confiada?
Percebe-se nitidamente que a
responsabilidade paira sobre as nossas cabeças. A fé que nos foi confiada; um
valiosíssimo tesouro foi colocado sob nosso cuidado. Não dá para olvidar que no
passado, os chamados heróis da fé deram suas vidas para defendê-lo. É nosso
deve também, protegê-lo para que as gerações futuras possam desfrutar dessa
preciosidade.
Atualmente somos nós os guardiões
deste tesouro; somos nós os responsáveis de passá-lo adiante, da mesma maneira
que o recebermos, sem modificações, emendas ou rasuras, da forma que é e não do
jeito que alguns querem que seja!
Não se esqueçam: Vocês são os
guardiões da fé que lhes foi entregue. Lutem por ela!
Conclusão
O conselho final. Normalmente ao
nos referirmos a batalhas e lutas, involuntariamente associamos a ódio,
retaliação, vingança.
Não podemos descartá-la desta mensagem
de exortação que nos foi dada através de Judas, contudo, precisamos colocá-la
no seu devido lugar.
O nosso “ódio” não deve de
maneira alguma, ser direcionado às pessoas, mas aos falsos ensinos. Não nos
esqueçamos de que DEUS abomina o pecado, porém, ama o pecador. Devemos ser
compassivos para com eles.
Todos aqueles que estão correndo
risco de serem enganados pelos falsos ensinos devem ser alvo de nossa compaixão
e devemos envidar todos os esforços possíveis para resgatá-los das garras do
mal.
Que a batalha em prol da Verdade,
que uma vez nos foi confiada, seja levada adiante com muita determinação, com
entusiasmo, com fé, contudo, conciliada com misericórdia, ternura, temor e,
sobretudo com muito amor.
É o meu desejo e a minha oração.
Amém!!!
Referências
Bibliográficas:
1
– Eugene H. Peterson, The Message: The Bible Contemporary Language, Portuguese Edition,
page 1754
2
- Guilherme Gordon Murdoch, Meditações Diárias 26/04/1966
3
- Ellen G. White, Parábolas de Jesus, CPB, págs. 326, 327
© Nelson Teixeira
Santos
Comentários
Postar um comentário