“De fato, vos afirmo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, reinando grande fome em toda a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a uma viúva de Sarepta de Sidom” (Lucas 4:24-26).
Introdução
A Bíblia é, indiscutivelmente, um
livro fantástico. Em suas páginas repletas de histórias, não lendas ou “fábulas engenhosamente inventadas” (2 Pedro 1:16 - ARA), mas histórias verdadeiras e
pessoas reais que revelam a verdade
sobre DEUS e Suas interações com a raça humana caída.
Essas histórias relatam homens e
mulheres num enfrentamento de problemas da vida real e interagindo com o DEUS vivo
que oferece respostas para as mais variadas mazelas que atingem a humanidade.
Acerca das histórias
Para que as histórias de fato
aconteçam é necessário que aja um ambiente.
Convenhamos, num livro que levou
cerca de 1500 anos para ser escrito existem os mais variados e diferentes ambientes que,
juntamente com seus contextos históricos, enredos, cenários e o ponto de vista
dos narradores, corroboram para que possamos entender os personagens
envolvidos. Leituras superficiais mão bastam!
É digno de nota também, a presença
enriquecedora de elementos presentes no plano da salvação tais como:
arrependimento, perdão, misericórdia, graça, fé, esperança e amor.
Em toda história bíblica, o protagonista é
sempre DEUS, muito embora às vezes, o Seu nome nem seja mencionado, como por
exemplo: no livro de Ester.
Um dos objetivos principais das
Santas Escrituras é a nossa salvação, por isso sempre se contrapondo ao divino
plano, aparecerá como vilão o arqui-inimigo de DEUS e dos homens - Satanás.
Sempre iremos nos deparar com o
Criador tomando a iniciativa; quando o homem se rende aos apelos divinos, pode
acreditar, o desfecho será fantástico!
A dica vem do texto chave
A história escolhida contém todos
os elementos presentes e constantes nas narrativas bíblicas, acrescidas
inclusive de certa de dose de suspense e mistério, sendo que alguns deles
somente a eternidade desvendará.
Trata-se da história de uma mulher
sem nome, viúva, com um filho, que aparece na narrativa bíblica e na história
sagrada, ensinando-nos preciosas lições, que milhares de anos mais tarde
podemos aplicar a nós mesmos.
Através dessa história acompanhamos
em miniatura o desenrolar do grande conflito entre DEUS e Satanás, na vida de
uma mulher, que escolheu DEUS e foi conduzida passo a passo em uma jornada de
fé.
O ponto de partida
Tudo começou quando DEUS ordenou ao
profeta Elias que se dirigisse a Sarepta.
Onde ficava Sarepta? Ficava fora
dos limites de Israel, localizada na costa do Mar Mediterrâneo, em território
fenício, entre Tiro e Sidom, terra natal, da terrível rainha Jezabel, adoradora
de Baal, que era entre outras coisas, o deus das tempestades.
Fazer o que num lugar como esse?
O que teria motivado DEUS a dar
semelhante ordem ao profeta Elias?
O reino de Israel havia caído em
idolatria e a adoração de Baal havia se tornado a religião oficial.
De certa forma, DEUS havia desafiado
o deus das tempestades, declarando através do profeta quer não haveria mais nem
orvalho nem chuva. Está escrito: “Então Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: — Tão
certo como vive o Senhor, Deus de Israel, a quem eu sirvo, não haverá orvalho
nem chuva nos próximos anos, a não ser quando eu disser” (1 Reis 17:1 - NAA).
Que ironia! Em um reino onde se
adorava o deus das tempestades, DEUS disse que não haveria chuva!
Entendendo a questão
Nos tempos antigos era recorrente a
ideia que os deuses, ou melhor, as suas atuações estavam restritas aos
territórios onde eram adorados.
Como a cidade de Sarepta estava
situada fora do território do reino de Israel, supostamente estaria fora da
circunscrição divina; o seu povo, igualmente distante de DEUS, mas, ninguém
está fora do Seu alcance; o poder de DEUS não está limitado pela geografia.
Exatamente do centro da adoração de
Baal, DEUS fez conhecidos Sua presença e seu poder!
Revendo
conceitos / 1ª lição
O Senhor usou a necessidade de
Elias para alcançar uma mulher numa distante cidade, num reino estrangeiro,
pagão.
Como cristão não temos que projetar
uma fachada perfeita a todos ao nosso redor. Não! As coisas em nosso meio, em
nossas vidas, em nossos lares, em nosso trabalho, na escola e até mesmo na
igreja não funcionam como “um relógio suíço”.
Não precisamos encobrir nossos
problemas, o popular “varrer para debaixo do tapete”, nem mesmo fingir que não
temos necessidades, pois todos sabem que isto não é verdade.
O pecado faz com que sejamos
carentes, sofredores e entristecidos. Ainda necessitamos, às vezes, do consolo
e ajuda de outros que, de fato, podem nem mesmo professar nossa fé ou mesmo
nenhuma fé!
Escolha impensável / 2ª lição
Humanamente falando, um instrumento
incomum para salvar a vida do profeta Elias. Numa terra pagã, portanto, uma
mulher que não era israelita, viúva, sem posição social e sem influência nem
poder; que estava juntamente com seu filho, prestes a morrer de fome.
“Que lição incrível que podemos
aprender apenas observando essa estratégia divina! Na maioria das vezes, DEUS
nos escolhe não por qualquer habilidade em particular que tenhamos, mas apesar
de nossas debilidades (II Cor 12:9)”.1
“DEUS não tem as mesmas limitações
humanas. É DEUS quem ordena nesta história. Ao longo da narrativa, está claro
que DEUS está no controle, algo também muito importante no contexto maior do
ministério de Elias na grande batalha entre o Senhor e Baal. Nada e ninguém
pode impedir o cumprimento da vontade de DEUS.
Mais tarde, na história, veremos
que nem mesmo a morte pode interferir nos propósitos de DEUS. Embora sejam
lançados sobre nós coisas e eventos nocivos ou prejudiciais à nossa vida, os
propósitos de DEUS para nós sempre são bons (Jr 29:11), embora não possamos ver
isso imediatamente. Precisamos aprender a confiar nEle em todas as situações,
tanto nas boas como nas más, pois inevitavelmente, nos encontraremos em ambas”.2
Fato intrigante
Sendo a Palavra de DEUS é omissa
neste quesito, é impossível afirmar o que levou a viúva a tomar uma atitude tão
radical. Numa situação normal isso seria impossível. O que a fez saber que ela
encontrava-se diante de um profeta de DEUS?
Algo que nos é desconhecido a fez
saber que Elias era um adorador do Senhor (1Rs 17:12). Ela reconheceu que Elias
era adorador de outro Deus. De que jeito? Quem sabe pela maneira de falar (o
sotaque de alguém que não era daquele lugar); talvez o jeito de sua vestimenta
(também diferente dos moradores daquela região); pela sua fisionomia ou pela
maneira de se comportar.
“Não importa qual tenha sido o
meio. O importante é que ela reconheceu que Elias era um adorador de outro Deus
que não Baal. E foi isso que fez a diferença. Ao pedir seu alimento, Elias
assegura a ela a promessa divina de que seu alimento jamais acabaria. Você
acreditaria numa conversa assim se não tivesse fé? Ela acreditou. A prova é que
ela foi e fez como Elias havia pedido. E o Senhor cumpriu Sua promessa – O
alimento não acabou enquanto a seca durou. Imagine que lindo quadro do amor de
Deus! Em cada refeição preparada por aquela viúva, estava estampado o cuidado
de Deus por eles. Cada vez que ela virava aquele azeite, dia após dia, ela
sentia o cumprimento da promessa de Deus – O azeite não se acabará. E mais
tarde, cada vez que ela beijava o filho antes de dormir, ela sentia a certeza
do poder, da presença e do amor de Deus com eles. Eu creio que ela pensava: É,
Baal jamais faria isso, mas Jeová demonstra isso cada dia. Então, quem foi essa
viúva? Ela parecia ser um instrumento incomum para Deus. Não se tratava de uma
israelita. Era uma viúva sem posição social e sem influência e poder. Ela mesma
estava quase morrendo de fome. Mas, nas mãos de Deus, tornou-se um exemplo para
nós. Mesmo quem não tem nada, pode dar tudo para o Senhor”.3
Uma miniatura do grande conflito
Pelo fato de vivermos num mundo
corrompido pelo pecado e ainda, por sermos pecadores, finitos e limitados,
quando ocorre o encontro com DEUS, acontece o que essa viúva vivenciou: o
reconhecimento da própria indignidade, arrependimento e humilhação.
Seu filho morre e essa sensação de
perda a faz pensar que DEUS está castigando, pois com frequência culpamos a nós
mesmos e nossos pecados pelas tragédias ocorridas em nossas vidas ou aos nossos
entes queridos: “Então, disse ela a Elias: Que fiz eu, ó homem de Deus?
Vieste a mim para trazeres à memória a minha iniquidade e matares o meu filho?” (1 Reis 17:18 – ARA).
A cena que se segue é dramática,
pois não somente a fé da viúva é provada, como também a de Elias. O próprio
Elias não conseguia entender porque DEUS permitira que a criança morresse.
E ele ora, intercede por aquela mãe,
por aquele menino. Ele clama e DEUS realiza um milagre; devolvendo àquela mãe o
seu filho com vida!
Conclusão
O “pecado que tenazmente nos assedia” (Hebreus 12:1 – ARA) nos
faz sofredores, carentes e dependentes da ajuda de pessoas que podem nem professar
nossa fé ou nenhuma fé. Então, não ajamos de forma arrogante, presunçosa, sectária!
Precisamos aprender a não subestimar as pessoas.
Precisamos aprender a confiar nos profetas,
pois está escrito: “crede nos seus profetas, e
prosperareis” (2 Crônicas 20:20 – ACF).
Precisamos aprender a confiar em
DEUS sempre, em todas as circunstâncias, tanto nas boas como nas más, pois
inevitavelmente, nos encontraremos em ambas. “E sabemos que tudo o que nos acontece contribui para o nosso
bem, nós que amamos Deus e nos encontramos dentro dos seus planos” 4
Não se atreva a querer entender
todos os desígnios de DEUS; simplesmente os aceite, "Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus
caminhos são os meus caminhos", declara o Senhor (Isaías 55:8 - NVI).
É o meu desejo e a minha oração.
Amém!!!
Referências
Bibliográficas:
1 - Gerald e Chantal
Klingbeil, Figuras dos Bastidores, LES Out-Dez 2010, pág.135, CPB
2 - Gerald e Chantal Klingbeil,
Figuras dos Bastidores, LES Out-Dez 2010, pág.135, CPB
3 - Ivanaudo Barbosa
Oliveira, Comentário CPB da LES, A viúva de Sarepta - Salto da Fé
4 – Romanos 8:28
- Bíblia
Sagrada – Versão O Livro
© Nelson Teixeira Santos
"Não tente entender todos os caminhos pelos quais Deus permite que você ande. Ninguém entenderá. E mais: Não se renda ao tormento de lutar com perguntas para as quais não terá respostas nesta vida. “Como ou por que vim parar nesta condição?” Talvez haja respostas; talvez, não. Se não houver, apenas confie, porque a fé é o alento espiritual do justo (Hc 2:4). Não murmure nem se queixe, conte as bênçãos, louve e agradeça, porque isso liberta. Espere, pois a esperança que temos “não nos decepciona” (Rm 5:5, NVI)" (Zinaldo A. Santos, MD 23122020).
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