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TEMPOS DE DESCONFIANÇA

 

A credibilidade da igreja é medida em grande parte,

pelo nível de credibilidade de seus membros

 

            Ganhar a confiança das pessoas é algo difícil, ainda mais num país como o Brasil, em que apenas 7% das pessoas dizem confiar nas outras, segundo o último levantamento do Instituto Latinobarômetro, que mede esse e outros indicadores. A crise no nível interpessoal se estende, obviamente, ao âmbito institucional.

            Tomando como parâmetro o Índice de Confiança Social, divulgado no início de agosto, o brasileiro dá pouco crédito ao governo e a muitas entidades. Por outro lado, chama a atenção o fato de continuar sendo alto o nível de confiança da população em instituições como o Corpo de Bombeiros, que desde 2009 mantém a primeira posição na lista. Curiosamente, outra instituição que se dedica a salvar vidas também aprece entre as primeiras. Numa escala de 0 a 100, o índice de confiança na igreja foi de 71 pontos, menor apenas do que a pontuação do Corpo de Bombeiros (88 pontos) E da Polícia Federal (72).

            Felizmente, muitas pessoas ainda confiam na igreja. No entanto, precisamos reconhecer que sua credibilidade já foi maior e que há um fenômeno crescente que não deve ser ignorado: a tendência de individualização da crença. Cada vez mais, as pessoas têm preferido desenvolver uma espiritualidade própria a estabelecer vínculo com alguma denominação. Querem crer, mas sem pertencer.

            O fenômeno da desinstitucionalização religiosa passou a ser mais estudado no país a partir do penúltimo censo brasileiro, realizado em 2000, quando 7,4% da população brasileira se declarou sem religião. Hoje esse número chega a 10% entre os jovens com idade entre 15 e 29 anos.

            Mais que um fenômeno nacional, o número crescente de “desigrejados” reflete uma crise global de confiança nas instituições religiosas. O problema, que é multifatorial, deveria nos levar a uma autoanálise não apenas no âmbito corporativo, mas sobretudo na esfera pessoal. Ao fazer isso, deveríamos buscar fortalecer pelo menos três aspectos:

 

            1. O nível de coerência.

             A religião perde o crédito quando cristãos nominais dizem uma coisa e fazem outra. Por exemplo, uma pesquisa divulgada no início do ano pela LifeWay  Research Survey, com base nas respostas de 2 mil jovens protestantes com idade entre 23 e 30 anos, mostrou que, para 32% deles, o principal motivo de terem deixado a igreja foi a percepção de que os irmãos eram hipócritas. No sermão do monte, Cristo desafiou Seus seguidores a professá-Lo não apenas com os lábios, mas com a vida (John Stott, A Mensagem do Sermão do Monte [Ultimato, 2011], p. 219).

 

            2. O nível de relevância.

            A igreja perde a confiança quando deixa de mostrar que sua mensagem oferece respostas para as perguntas e dilemas da atualidade. Outro estudo recente, intitulado “Losingh Heart”, realizado pelo Youthscape Center for Research com pessoas de 2 mil igrejas do Reino Unido, mostrou que apenas 50% das congregações falavam regularmente sobre assuntos básicos com os jovens e a maioria nunca havia discutido temas como pornografia, drogas e vício. Muitos deles relataram que não tinham confiança para falar sobre temas difíceis

 

            3. O nível de consistência.

            Em vez de diluir a mensagem, a igreja precisa apresentar uma mensagem cada vez mais sólida e consistente. Muitos têm buscado solidez bíblica e não se satisfazem com “água e açúcar”.

            Numa era de desconfiança generalizada para com as instituições, a relação das pessoas com a igreja pode ser menos afetada se cada representante de Cristo viver de maneira autêntica. Afinal, em grande parte a sociedade mede a credibilidade da igreja pelo nível de credibilidade dos seus membros.

 

 

 

 

 

 

 

Autor: Márcio Tonetti – jornalista e editor associado da Revista Adventista

Fonte: Revista Adventista – Edição Setembro 2019, pág. 50

 

  

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