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SEM ESPECULAÇÃO

 

A maneira certa de estudar as profecias relacionadas com o fim

 

 

            Nascido do sonho de ver Jesus voltar nas nuvens, o adventismo tem a escatologia em seu DNA. Contudo, essa ênfase não significa especulação a respeito do fim nem marcação de datas, e sim uma firme esperança com base nas promessas do livro sagrado. Pelo menos deveria ser assim. Devido à sua centralidade para nossa fé, a escatologia, tema da matéria de capa desta edição, foi objeto de estudos apresentados numa grande conferência realizada em junho na cidade de Roma. Dentro desse espírito, veja sete regras úteis para entender melhor a mensagem bíblica sobre o futuro.

           

            1. Preste atenção na intertextualidade.

                Os autores do Novo Testamento fizeram intenso uso das profecias do Antigo Testamento. Por exemplo, o Apocalipse é um mosaico de citações. Alusões e ecos de Daniel, Ezequiel, Isaías, Zacarias e outros profetas. Por isso, tente descobrir de onde vêm as ideias, as imagens e os símbolos do livro.

             2. Examine o tipo de profecia.

                Como regra, as profecias clássicas são condicionais e locais, enquanto as profecias apocalípticas são incondicionais e universais. Se o foco dos profetas clássicos (como Isaías e Jeremias) era a transformação da realidade de sua época, a ênfase dos profetas apocalípticos (como Daniel e João) estava no cronograma divino para o mundo no tempo do fim.

             3. Fique de olho na reinterpretação.

                Muitas promessas feitas a Israel são reinterpretadas no Novo Testamento e aplicadas ao povo de Deus reunido em torno do Messias. Em certos aspectos, o que era local passa a ser universal e o que era literal se torna espiritual. Essa universalização inclui o próprio conceito de Israel e da “terra” como herança do povo de Deus.

             4. Mantenha o foco no fator central.

                Cristo é o centro de todas as profecias e a personificação do reino de Deus. Por isso, analise de que maneira o conteúdo da profecia se relaciona com a vida e  o ministério Dele.

             5. Considere o presente e o futuro.

                O Novo Testamento apresenta o reino de Deus em dois estágios (já e ainda não). O reino de Deus já foi inaugurado com a primeira vinda de Jesus, mas a consumação dele está no futuro, com a segunda vinda. È importante manter esse equilíbrio.

             6. Evite a “atomização”.

                As profecias relacionadas com o fim do mundo não estão desconectadas da história da salvação. Portanto, considere o plano completo de Deus para a humanidade. A volta de Jesus não acontecerá num vácuo; ela está ligada a tudo que ocorreu antes.  

             7. Tire o olhar do calendário.

                Muitos grupos tentam marcar datas para a volta de Jesus e especulam quanto ao cumprimento dos últimos eventos, o que é um erro. Ao perceber os sinais, olhe para cima e aguarde Aquele que está voltando.

                Sonhar com o fim e o novo começo faz parte da essência da nossa fé. O senso de iminência e expectativa é bíblico, mas é preciso fundamentar a esperança na revelação da Palavra de Deus. Embora muitos cristãos sejam movidos pelo sensacionalismo, escatologia de jornal pode ser pior do que ausência de escatologia. Por isso escatologize da maneira correta.

 

 

 

Autor: Marcos de Benedicto é editor da Revista Adventista

 Fonte: Revista Adventista // Julho 2018, página 2

 

Comentários

  1. "Nem todos confiam nos profetas bíblicos, mas isso só traz prejuízo para os céticos. A profecia tem clareza para motivar quem deseja entender e acreditar, enquanto preserva o mistério para afastar quem quer criticar e duvidar.
    O fato de uma profecia bíblica não se cumprir exatamente como esperamos pode se dever a seu caráter condicional. Bruce Waltke usa uma comparação para explicar o fenômeno: a semente de uma árvore tem o código genético dessa planta, “mas o formato real da árvore depende das contingências históricas/geográficas”. Do mesmo modo, “a profecia tem um ‘código genético’, especialmente as alianças, mas as circunstâncias históricas determinam seu cumprimento” (Marcos de Benedicto, MD 24102016).

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