Sete lições que podemos aprender com base no exemplo do personagem bíblico Daniel
Há algo precioso e desafiador
quanto ao caráter de Daniel. Ele amava a Deus profundamente e O obedecia
incondicionalmente. “A aprovação de Deus era-lhe mais cara que o favor do mais
poderoso potentado da Terra – mais cara mesmo que a própria vida. Ele se
determinou permanecer firme em sua integridade, fossem quais fossem os
resultados”(Ellen G. White, Profetas e Reis, 1992,
p. 483).
Seja
crescendo em Judá, aguardando por antecipação a chegada do Messias ou ser
levado para a Babilônia como um jovenzinho cativo, prisioneiro do exército de
Nabucodonosor; seja suportando as provações e aflições numa sociedade hostil em
Babilônia ou permanecer como testemunha destemida diante dos poderosos
governantes da Babilônia ou Medo-Pérsia; seja como aquele homem corajoso
atirado na cova dos leões ou o fiel profeta a quem Deus revelou a mais longa
profecia da História, desde a sua época até os nossos dias, Daniel permanece
altivo e corajoso, com um firme propósito e clara visão de quem ele era e a
Quem ele servia.
É esse
Daniel, sua resolução moral, sua solidez espiritual, sua destemida e absoluta
confiança em Deus que sempre me deixaram fascinados. Na vida de Daniel, notamos
que “[um] caráter nobre não é resultado de acidente; não é devido a favores
especiais ou dotações da Providência. É o resultado da autodisciplina, da
sujeição da natureza mais baixa à mais alta, da entrega do eu ao serviço de
Deus e do homem” (p. 488).
Quais são
algumas lições que podemos aprender da vida e serviço dedicado de Daniel, um
gigante espiritual, um líder imponente na Babilônia de Nabucodonosor e na Medo-Pérsia de Dario? O capítulo 6 do livro de
Daniel nos dá alguns indicadores que nos ajudam bastante.
1. Ele tinha muitos talentos. A Bíblia diz que ele
possuía “grandes qualidades” (Daniel 6:3). Dario reconhecia a habilidade de
Daniel e desejava tê-lo como primeiro-ministro em seu reino.
Isso não
foi algo assim tão surpreendente porque o rei que o antecedeu, Nabucodonosor,
descobriu que Daniel e seus amigos “eram dez vezes mais sábios do que todos os
magos e encantadores de todo o seu reino” (Daniel 1:20) e os havia nomeado para
cargos de liderança. O caráter e as visões de Daniel impressionaram tanto o
imperador medo-persa que ele não hesitou em colocá-lo numa elevada posição de
liderança em seu palácio. A condição inicial de Daniel como cativo vindo de
Jerusalém não limitou seus esforços em fazer o seu melhor para a glória de
Deus.
2. Ele era íntegro. Ter êxito profissional
extraordinário não é a única maneira de ser um bom líder e um fiel servo do
Senhor. Daniel viveu como um homem íntegro. Esse foi o resultado de seu
relacionamento com o Senhor.
A Bíblia
diz que “ele era fiel; não era desonesto nem negligente” (Daniel 6:4). Ele
tratava o seu trabalho e seus negócios com sinceridade e honestidade. Não foi
encontrada nenhuma falha nele. Quando os inimigos tentaram denunciar Daniel
pelo que eles consideravam como sendo suas fraquezas, não conseguiram encontrar
nada. Mantinha a sua mente firme, e em toda a sua vida tinha como alvo ser
sempre fiel a Deus e fazer os deveres que lhe eram confiados em seu ofício com
habilidade e cuidado. “Seu inquebrantável apego ao direito era uma brilhante
luz nas trevas morais dessa corte pagã” (p. 542).
3. Ele era fiel. A integridade de Daniel
estava arraigada em seu firme apego e fidelidade a Deus. Seu caráter estava em
harmonia com a lei de Deus. Obviamente, Daniel tinha sido ensinado a obedecer a
Deus desde a sua infância. Ele sabia que “o temor do Senhor é o princípio da
sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento” (Provérbios 9:10). “A lei
de seu Deus”, à que faz referência Daniel 6:5, diz respeito a mais do que aos
Dez Mandamentos. Ela se refere a todos os princípios físicos, morais, sociais e
espirituais da verdade e do viver correto. Mesmo quando jovem, Daniel era
cuidadoso na observância dos princípios de saúde de seu chamado de fé (Daniel
1:8).
Para Daniel,
era mais importante seguir a Deus e ser fiel aos Seus preceitos do que seguir
as tradições humanas e todo o conhecimento do mundo.
4. Ele era um homem de oração. A vida de fé e de oração de
Daniel era notória. Quer fosse quanto ao convite para comer dos manjares do rei
oferecido aos ídolos ou ao seu compromisso de quando e como deveria orar,
Daniel permaneceu firme à sua fé. Sua vida de oração era tão genuína e
destemida quanto a sua fé. “A oração era para ele uma necessidade. Ele fazia de
Deus a sua força e o temor do Senhor estava continuamente diante dele em todos
os acontecimentos de sua vida” (Ellen G. White, Santificação, 2006,
p. 20). Quando os inimigos de Daniel quiseram romper o relacionamento de
amizade que existia entre ele e o rei, não conseguiram encontrar nenhum defeito
de caráter ou falha em suas responsabilidades, mas sabiam que poderiam prender
Daniel usando o seu comprometimento religioso. Havia uma coisa em que Daniel
jamais poderia ceder: sua fidelidade e adoração ao seu Deus, por ele praticadas
publicamente ou a sós em seu quarto, sem receio ou parcialidade. A fidelidade
ao seu Deus fez finalmente com que fosse jogado na cova dos leões. Para Daniel
não havia ameaça que pudesse separá-lo de seu Deus. “Daniel foi lançado na cova
dos leões por ser leal à sua aliança com o Céu” (Atos dos Apóstolos, 1986,
p. 575). Nenhuma cova de leões, nenhuma ameaça do rei poderia separar Daniel de
seu Deus. A oração era a chave nas mãos de Daniel e, por meio da oração, a vida
e a esperança de Daniel foram sustentadas e preservadas.
5. Ele era um homem de coragem. Daniel não ficou desanimado
ou amargurado, mesmo quando foi lançado na cova dos leões. Ele podia dizer: “Ó
rei, vive para sempre!” (Daniel 6:21) para aquele que ordenou a sua punição. E
falou essas mesmas palavras enquanto ainda estava na cova dos leões. Mesmo
quando as pessoas não apreciavam o que ele fazia, continuava fazendo a coisa
certa para glorificar o nome de Deus (v. 22). Como Daniel podia resistir ao ser
intimidado em uma situação como essa? Qual era a sua fonte de coragem? Os
comentários de Ellen White são esclarecedores: “Um homem cujo coração se firme
em Deus será na hora de sua maior prova o mesmo que era em sua prosperidade,
quando a luz e o favor de Deus e do homem incidiam sobre ele. A fé alcança o
invisível, e se apega a realidades eternas” (Profetas e Reis p.
545). Para Daniel, a posição não era tudo. Ele preferia perder sua
oportunidade de continuar como primeiro-ministro a negar Seu Deus.
6. Ele era uma pessoa de influência. Independentemente dos
vários ventos políticos que sopraram por todo o reino, quer no governo de
Nabucodonosor ou de Dario – Daniel foi tão fiel aos princípios em sua filosofia
de vida e à lei, que sua influência sobre o reino se manteve sempre estável, sem
qualquer comprometimento de sua parte. Quem quer que fosse o monarca reinante,
Daniel procurava apresentar o seu Deus a ele (Daniel 2:27, 28; 4:27, 28;
5:18-29; 6:21, 22). Como resultado, Nabucodonosor reconheceu: “Não há
dúvida de que o seu Deus é o Deus dos deuses” (Daniel 2:47), e Dario admitiu
que o Deus de Daniel era o “Deus vivo” (Daniel 6:20). Daniel não permitiu que
ninguém, nem qualquer coisa viesse a interceptar o seu relacionamento com Deus.
Pelo contrário, Daniel se determinou a influenciar outros, inclusive os reis a
quem serviu, a fim de que eles pudessem conhecer a verdade. Eis um exemplo a
ser seguido pelos cristãos de hoje, pois, seja qual for a posição ou profissão
que Deus lhes tenha dado, deveriam eles usar essa oportunidade para partilhar a
verdade com outros.
7. Ele era um homem de fé. Quando Daniel foi retirado da
cova dos leões, o texto inspirado nos diz que “viram que não havia nele nenhum
ferimento, pois ele tinha confiado no seu Deus” (Daniel 6:23). Como homem de
fé, Daniel confiava em Deus, independentemente do que acontecesse. A
palavra confiado nesse texto tem a mesma raiz do
termo fidedigna, no verso 4. Sugere que a confiança de Daniel
no Senhor era o fundamento para ele se manter uma pessoa digna de confiança.
Sua fé em Deus foi constantemente manifestada em suas decisões diárias e em
suas ações para que todos ao seu redor, mesmo o rei, pudesse ver o caráter de
Deus refletido nele.
Daniel foi verdadeiramente um
homem escolhido pelo próprio Deus. Seu caráter não foi construído da noite para
o dia. Foi o resultado de uma disciplina fervorosa e porque ele permaneceu
continuamente fazendo a vontade de Deus e andando em Seus caminhos. “Um caráter
tal não é obra do acaso; nem se deve a favores e concessões especiais da
Providência. Um caráter nobre é o resultado da disciplina própria, da sujeição
da natureza inferior pela superior – da renúncia do eu para o serviço de amor a
Deus e ao homem” (Ellen G. White, Educação, 1996).
Ouse ser,
verdadeiramente, um Daniel!
DONNY CHRISSUTIANTO é professor assistente do
Departamento Teológico-Histórico do Adventist International
Institute of Advanced Studies (AIIAS), nas Filipinas
(A versão original deste artigo foi
publicada na revista Diálogo,
31:2 (2019), p. 18-20, e está disponível em: https://dialogue.adventist.org/pt/3198/daniel-um-homem-escolhido-por-deus.
Usado com permissão)
Fonte:
http://www.revistaadventista.com.br/blog/2020/01/02/escolhido-por-deus/
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