Como Deus vê a
igreja, que não é um simples prédio nem estrutura, mas seu povo especial.
A igreja é uma entidade tão
maravilhosa que a Bíblia usa dezenas de imagens, metáforas e símbolos para
descrevê-la. No Novo Testamento, quase todas as descrições da igreja empregam
linguagem figurada, como edifico de Deus (1 Cor 3:9), família de Deus (Ef
2:19), família da fé (Gl 6:10), templo do Espírito (1 Cor 3:16-17; 6:19),
sacerdócio real (1 Pe 2:5), corpo de Cristo (1 Cor 12:27; Ef 5:23; Cl 1:18) e
noiva/ esposa de Cristo (EF 5:31-32; Ap 19:7-8; 21:9). Essas metáforas,
naturalmente, não esgotam o conceito. Poderíamos acrescentar, por exemplo, que
a igreja é um salão de festas, pois é onde os pecadores se arrependem e Deus
celebra essa decisão.
No sentido mais profundo, a
identidade da igreja é definida por sua natureza espiritual. Ela não depende de
fatores horizontais, mas de relações verticais: somos o povo de Deus, a igreja
de Jesus Cristo, o templo do Espírito. Em geral usamos o nome de “igreja
de...”. Porém, o que realmente a define não é a cidade. A identidade da igreja
transcende nome e lugar.
Entre outras coisas, a igreja é
doxológica (voltada para a glória de Deus), logocêntrica (centralizada na
Palavra encarnada e escrita), pneumatológica (formada e energizada pelo
Espírito Santo), missional (criada para cumprir uma missão) e escatológica
(existe na atualidade e está destinada à eternidade). Humana e “divina”,
presente e futura, terrena e celestial, a igreja é uma agência de origem
divina, não um projeto de iniciativa humana; uma assembleia espiritual, não uma
entidade política; um povo multiétnico, não um gueto racial; um espaço de
liberdade, não um local de aprisionamento; um recinto de cura, não um lugar de
ferimento; um ambiente de mudança, não uma área de estagnação; o teatro da
graça, não o palco da condenação.
Apesar de ser sagrada e ter uma
missão sublime, a igreja precisa ser avaliada e, às vezes, corrigida, porque a
transformamos em um ritual vazio. Talvez você não conheça bem a igreja, mas
Deus conhece. Na descrição das sete igrejas em
Apocalipse 2 e 3, o Cristo glorificado caminha no meio dos candelabros,
símbolos das igrejas, e usa uma série de expressões que indicam Seu detalhado
conhecimento de cada uma delas. Ele repete 11 vezes as palavras “conheço” e
“sei”. “Eu sou Aquele que sonda mentes e corações”, Ele realça (2:23).
Desde o Gênesis até o Apocalipse,
vemos Deus preocupado com a condição espiritual do Seu povo. Por isso, os
escritores bíblicos elogiaram e consolaram a nação/igreja, tratando-a
ternamente como noiva/esposa, mas também bateram pesado, classificando-a de
prostituta (Jr 2,3,5,13; Ez 16,23; Os 1-5). Esse recurso parece ofensivo hoje,
mas foi a maneira de dizer que Israel e Judá estavam se comportando como os
povos que idolatravam os deuses e deusas da fertilidade. João igualmente
descreve a igreja apostatada em Apocalipse 17 como meretriz. Felizmente, a
imagem que prevalece é a da esposa fiel, pura e linda vivendo em felicidade
eterna ao lado do Esposo.
Ao ler a matéria de capa, que
apresenta um retrato instantâneo do povo de Deus na América do Sul, pense em
sua própria realidade. Longe de ser dados áridos, os números indicam parâmetros
importantes para reflexão. Você está disposto a se olhar no espelho?
Acima de tudo, é importante que o
próprio Deus nos “pesquise”. O salmista orou: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o
meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum
caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23-24). Que essa seja a
nossa oração!
Autor:
Marcos de Benedicto editor da Revista Adventista
Fonte:
Revista Adventista, Edição Setembro/2019, Editorial página 2
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