“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não,
não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mateus 5:37 - ACRF).
‘Que o “sim” de vocês seja sim, e o “não”,
não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno’ (Mateus 5:37 -
NTLH)
Introdução
Deixando de lado a controvérsia
etimológica em torno da palavra religião, contudo, sem deixar de seguir a linha
teológica que advoga o surgimento da mesma a partir da junção do prefixo re,
que funciona como um intensificador da palavra que o sucede, neste caso ligare, que significa “unir” ou “atar”.
Assim, religare teria o sentido de
“ligar novamente”, “voltar a ligar” ou “religar”, ou seja, restabelecer a
comunicação entre a criatura e o seu Criador.
A tarefa de reatar o elo pedido por
ocasião da queda, foi confiada por Jesus aos seres humanos na forma de missão:
“Ide por
todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15 - ACRF). Por isso quando aceitamos a Jesus tornamo-nos
imediatamente missionários.
Para o cumprimento da missão fomos
dotados graciosamente por Deus de várias ferramentas, entre elas, a palavra.
Uma citação atribuída a um teólogo católico assevera:
“Pregue sempre o evangelho; se necessário
for, use a palavra”. A relevância é tamanha que ela aparece nada mais nada
menos de 3077 vezes na Bíblia (Versão ACRF).
Considerando o que já foi escrito...
“Falar é a arte de sufocar e interromper o pensamento” Thomas
Carlyle (1795 - 1881), historiador e crítico inglês.
“A palavra é o fio de ouro do pensamento” Isócrates (436 – 338 a
C.), filósofo e retórico ateniense.
“O homem que sabe, não fala; o homem que fala, não sabe” Lao-Tsé
(1324 a.C,? - ?) filósofo chinês, autor
da obra fundamental do Taoismo: o Tão Te Ching – O Livro do Caminho Perfeito.
É possível afirmar baseado nestes
pensamentos que o silêncio é ouro. Será?
O que diz a Palavra de Deus?
Louvado seja Deus que em Sua
palavra advoga o equilíbrio, o bom senso a moderação - temperança. Extremismos
são sempre perigosos!
“Como maçãs de ouro em salvas de prata,
assim é a palavra dita a seu tempo” (Provérbios 25:11 – ACRF).
É imperativo que como cristãos
aprendamos a arte de falar prudentemente. Não se trata de falar corretamente
segundo as regras gramaticais (embora isto também seja importante), mas de
fazermos uso de um linguajar cristão. Costumamos motivar uns aos outros a
fazermos a diferença em nossa esfera de ação. Que tal comercarmos pela palavra?
Onde
começar a fazer uso da boa palavra
“A educação vem de berço; a
instrução a escola se encarrega”, reza um velho ditado, mas a igreja é o lugar
em que nos compete dizer palavras de vida. Para tanto, é necessário que aqueles
que falam expressem a vontade de Deus (I Pe 4:11): “Sejam generosos com os dons que Deus concedeu a vocês e permitam que
todos participem deles: se palavras, que sejam palavras de Deus” . Mas convenhamos;
nem sempre as palavras proferidas nas comunidades religiosas são construtivas e
sensatas.
Hipocrisia, por exemplo. A palavra vem
do grego hypokrisis e indicava a representação de um ator, que, ao atuar,
fingia ser outra coisa. Amplamente criticada por toda a Bíblia, inclusive pelo
próprio Jesus. Para o divino Mestre, não há espaço para ela na vida religiosa,
tanto que várias vezes repetiu a exclamação: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas”!
Qual a razão deste tremendo puxão
de orelhas?
A hipocrisia é uma forma de pecado
muito versátil. Ela materializa-se quando a pessoa finge qualidades ou
sentimentos bons, que realmente não tem – mentiras e isto pode se feito através
da articulação de palavras, ou seja através da fala: pensar uma coisa e falar
outra. Somos o que pensamos, mas nem sempre somos o que falamos. Quando as
palavras disfarçam nossa realidade interior, somos hipócritas. Portanto, a
atitude ideal seria falar o que sentimos, sem racionalizações. Mas, em determinadas circunstâncias, a
prudência nos ensina que nem tudo o que pensamos deve vir à tona. Daí o princípio
bíblico: há tempo “de estar calado e
tempo de falar”.
1º)
– Palavras condenatórias
Há nas palavras um poder
que a maioria de nós não se dá conta. Bem empregadas, podem ser grande bênção. A
verdade precisa e deve ser dita; contudo, jamais se deve confundir franqueza
com falta de tato. Quando ditas de forma inadequadas as palavras queimam, machucam,
cortam e dilaceram o coração; produzem danos, muitas vezes irreparáveis. Que
isto não sirva de desculpa para justificar tal procedimento em nossos dias, mas
na igreja de Battle Creek, em 1870, havia alguns irmãos implacáveis no trato
com as pessoas. O irmão S era “demasiado severo”. Por isso, recebeu o seguinte
conselho de Ellen G. White: “Você
distraiu, confundiu e espalhou as pobres ovelhas. Teve zelo... mas não
entendimento (Rm 10:2). Seu trabalho não foi feito com amor, mas com rigor e
severidade. Você foi exigente e dominante. Não fortaleceu a fraca nem enfaixou
a que mancava (Ez 34:4). Sua aspereza imprudente empurrou algumas para fora do
aprisco, as quais nunca poderão ser alcançadas e trazidas de volta”
(Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 109).
2º)
– Palavras irrefletidas
Quem não pensa antes de
falar, fala o que não deve. Os detentores de temperamento sanguíneo precisam
tomar muito cuidado quanto a isto, pois tal atitude fere as ovelhas do aprisco
do Senhor, principalmente as recém-batizadas. “Tens visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há
para o insensato do que para ele” (Pv 29:20).
Se você é líder, escolha a palavra
certa e diga-a na hora oportuna. Use linguagem inclusiva, cheia de amor e
misericórdia. Aprenda a perdoar. Ninguém vai à igreja para ser agredido
verbalmente. “Não é bom proceder sem
refletir, e peca quem é precipitado” (Pv 19:2).
Poderíamos falar sobre os efeitos
negativos de palavras preconceituosas, grosseiras, insensíveis e agressivas,
mas o que nos interessa é a arte da sensatez no falar.
3°)
- Palavras otimistas
Num momento em que o povo de Israel
estava amedrontado com o relato de espias marcados pela síndrome do
catastrofismo, Calebe disse: “Eia! Subamos e possuamos a terra, porque,
certamente, prevaleceremos contra ela” (Nm 13:30). Na linguagem de hoje, ele
teria dito: “Pessoal, vamos em frente, porque para Deus não há nada
impossível”!
A palavra tem o poder de mudar o
curso das coisas. No lar, na escola, no trabalho e na igreja, podemos levar
esperança por meio de palavras otimistas.
Se você deseja ser uma bênção em sua
igreja, seja animoso. Não se coloque no time dos pessimistas. “Palavra alguma deve ser proferida para
desanimar alguém, pois isso entristece o coração de Cristo e agrada grandemente
o adversário” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, págs.
292,293).
4°)
- Palavras oportunas
Na hora de falar, fale. Não cometa o
pecado da omissão. Mas fale o que é conveniente. Fale em harmonia com a vontade
de Deus.
Como escritora, Ellen G. White se
preocupava com a influência de suas palavras, escolhendo-as cuidadosamente.
Certa vez, ela disse: “Estou muitíssimo ansiosa
de usar palavras que não deem ensejo para que alguém mantenha sentimentos
errôneos. Preciso usar palavras que não sejam tomadas em mau sentido,
atribuindo-se-lhes um significado oposto àquilo que tencionavam indicar” (Manuscrito
126, 1905, citado em Mensagens Escolhidas, vol.3, pág. 52). Isso chama-se senso
de responsabilidade; algo desejável na vida dos filhos e filhas de Deus.
Conclusão
Paulo nos brindou com um precioso conselho: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada
com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4:6).
Deus deseja que sejamos articuladores
da palavra sensata, polida e edificante.
Que esta seja a vossa experiência no
trato com as palavras.
É o meu desejo e a minha oração.
Amém!!!
© Nelson Teixeira
Santos
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