“... até que eu, Débora, me levantei; levantou-se
uma mãe em Israel” (Juízes 5:7).
Introdução
Desde que o mundo é mundo, as minorias sempre foram alvo de perseguição,
preconceito, discriminação, injustiça, violência e abuso.
Rumores a respeito de minorias religiosas podem se propagar rápida e
inesperadamente, e podem ser objetos da mídia, de políticos, de oposições
religiosas e da polícia como inimigos públicos. Somos alvos fáceis, portanto,
muito cuidado com os escândalos (Lucas 17:1).
Contudo, há um grupo, do gênero humano que ainda hoje, apesar de ser
maioria no mundo, apesar de ser maioria na igreja e ainda apesar de ser
responsável pela maioria dos batismos, ainda não é tratado com a devida
dignidade, nem como Deus gostaria que fosse.
É obvio que estamos falando das mulheres. Para Deus, os dois gêneros tem
o mesmo valor e ambos podem galardoar a aprovação divina naquilo que forem
chamados a realizar (Rm 2:11; Gl 3:28).
Objetivo da mensagem
Lembrar-nos de que Deus também concede privilégios especiais as mulheres
e demonstra absoluta confiança nelas a ponto de designar algumas delas para
missões muito especiais.
É inadmissível que como cristãos, mantenhamos uma atitude preconceituosa
para com elas; algo tão comum em nossos dias.
O aparecimento
O mais incrível é que elas quase sempre surgem no cenário em momentos
críticos. Com a nossa protagonista não foi diferente. Ela entrou em cena num
momento que, segundo a Palavra de Deus “cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos” (Jz 17:6).
Ela aparece e logo de cara acumulando duas funções: profetiza e juíza
(Jz 4:4-5).
Profetiza era uma designação
incomum. Normalmente era uma atribuição conferida por Deus aos homens (sexo
masculino), porém, ela não se constitui exceção. No Antigo Testamento, entre
outras encontramos Miriã (Êx 15:20); Hulda (II Reis 22:14; a esposa de Isaías
(Is 8:3). No NT encontramos Ana (Lc 2:36); as filhas de Filipe Atos 21:9).
Como Juíza ela se assentava
debaixo de uma palmeira que levava o seu nome e ali julgava o povo de Israel,
dando a resposta de Deus às disputas que surgiam entre o povo.
A
prova de fé
Veio através de uma ordem divinamente inspirada ‘Débora mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, de Quedes, em Naftali,
e lhe disse: “O Senhor, o Deus de
Israel, lhe ordena que reúna dez mil homens de Naftali e Zebulom e vá ao monte Tabor”’ (Jz 4:6).
Antes mesmo que Baraque pudesse esboçar qualquer tipo de reação, como
forma de se esquivar da missão, ele recebe a promessa divina de vitória: “Ele [o Senhor] fará que Sísera, o comandante do exército de Jabim, vá atacá-lo, com
seus carros de guerra e tropas, junto ao rio Quisom, e os entregará em suas mãos"
(Jz 4:7).
Vitória sobre Sísera. Mas quem era Sísera?
Este era o nome que causava terror e pânico em Israel. Era o comandante
militar das tropas do rei cananeu chamado Jabim. Há vinte anos ele vinha
aterrorizando a Israel e por quê? Pelo fato de terem feito o que era mau aos
olhos do Senhor (Jz 4:3).
Quanto à expressão “levantou-se
uma mãe em Israel” (Juízes 5:7), não se
sabe ao certo se Débora, esposa de
um homem chamado Lapidote (Jz 4:4), era mãe de fato, no sentido literal
da palavra. Acredita-se que nesta passagem ela fez uso dessa expressão em
sentido figurado. Deus designou Débora para dar à nação uma proteção materna.
A resposta de Baraque: “Só irei se
você for comigo” (Jz 4:8).
O repasse da prova de fé
Débora tem consciência de que Baraque e seus 10.000 homens esperam dela
uma resposta. Ponha-se em seu lugar. O que você faria diante de uma situação
como aquela? Talvez se perguntasse:
ü
Por
que eu? Será que sou a única mulher aqui?
ü
Sou
mulher! Sou juíza! Sou profetiza! “Mãe”!
Mais responsabilidade ainda?
ü
Por
que vim parar aqui?
Não! A sua fé é forte o
suficiente para acreditar que se Deus lhe disse para começar essa guerra e
também pelo fato de Deus ter-lhe revelado que usará uma mulher para acabar com
a guerra, ela está decidida.
“Está bem! Eu vou com você. Mas
você não ficará com as honras da vitória, pois o Senhor entregará Sísera nas
mãos de uma mulher” (Jz 4:9).
Como homem de fé, Baraque reconheceu o valor de ter ali alguém
representante do Deus Todo Poderoso para fortalecer a ele e a seus homens num momento
tão dramático como aquele (Hebreus 11:32-33).
“E Débora foi com eles” (Jz 4:9).
Através dos olhos da fé somos levados a imaginar a satisfação dos
soldados ao perceber a presença de Débora entre eles marchando rumo ao Monte
Tabor. Uma mulher disposta a arriscar sua vida ao lado deles em prol de uma
nobre causa como aquela!
Não demorou muito e Sísera ficou sabendo que o exército de Israel estava
a caminho do Monte Tabor e marcha para lá com seus 900 carros de guerra em
clima de já ganhei.
Como diria o apóstolo Paulo séculos mais tarde: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a
perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está
escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados
como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que
vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o
presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra
criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso
Senhor” (Rm 8:35-39).
Ao comando de Débora o exército de Israel avança sobre o inimigo e a
vitória é alcançada de uma forma muito peculiar - divina. Uma chuva torrencial
fez com que os temidos e pesados carros de guerra de Sísera ficassem atolados
nas estreitas passagens do ribeiro Quisom. Seus condutores, na tentativa
desesperada de se salvarem os abandonaram. Perseguidos foram exterminados
um a um.
A lição que essa história
encerra
Nos dias atuais é pouco provável que Deus nos peça para nos envolvermos
em batalhas literais. Mas há uma luta em que todos nós estamos envolvidos. E
mais do que isso, trata-se de uma luta da qual todos são chamados para
participar. Não há neutralidade. Uma luta espiritual (Mt 26:52; Efésios 6:12;
II Cor 10:4).
Quando optamos por seguir os caminhos do Senhor nos dias de hoje,
tomamos partido por um dos lados nesta guerra – o lado vendedor!
Precisamos ser ousados, corajosos e
estarmos cientes de que ao nos colocarmos ao lado de Deus certamente
enfrentaremos forte oposição; “mas tende
bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33).
Essas palavras de conforto foram dirigidas inicialmente aos seus
discípulos e pelo fato de Deus não mudar, também a cada um de nós. Ele ainda
sai em socorro daqueles que tem fé e confiança nEle, assim como tiveram Débora,
Baraque e aqueles 10.000 soldados.
Voltando a história
E o cumprimento da profecia? Sísera seria morto por uma mulher.
Cumpriu-se. De todo o poderoso
exército de Sísera somente ele escapou com vida. Escapou e foi pedir ajuda na
tenda de um homem chamado Héber com o qual o seu rei Jabim tinha um acordo. Ele
não estava em casa e pelo visto Sísera pensou que sua mulher honraria o acordo
firmado entre eles.
Jael era o nome dela. Com certeza ela conhecia as maldades e toda
opressão praticada pelos cananeus. Diante de escolher ajudar esse homem
perverso ou tomar o lado de Deus e assim por fim a esse inimigo que tanto afligia
o povo de Deus, ela não teve dúvida. Tomou a decisão mais acertada. O relato
bíblico afirma que a tarefa foi cumprida. Sísera estava morto (Jz 4:18-21;
5:24-27).
Baraque que vinha em seu encalço chega a tenda de Héber e Jael e
encontra Sísera morto com uma estaca fincada em sua testa.
No Cântico de Débora elogia Jael como “a mais abençoada das mulheres” por seu corajoso ato (Jz 4:22;
5:24). Nota-se ali a bela atitude de Débora. Ela não fiou com inveja ou
enciumada, em vez disso, ficou feliz porque a Palavra do Senhor havia se
cumprido.
Sem Sísera, o rei Jabim perdeu o poder. A opressão cananita chegou ao
seu final e houve paz na terra por 40 anos (Jz 4:24; 5:31).
Débora, Baraque e Jael foram abençoados por terem confiado incondicionalmente
no Senhor.
Conclusão
Somos desafiados a imitarmos a fé e determinação de Débora,
posicionando-se corajosamente ao lado de Deus e incentivando outros a fazer o
mesmo.
Agindo assim, certamente Deus nos abençoará com incontáveis vitórias.
Este é o meu desejo e a minha oração. Amém!!!
©
Nelson Teixeira Santos
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