“Com que me apresentarei ao SENHOR, e me inclinarei diante do Deus
altíssimo? Apresentar-me-ei diante dEle com holocaustos, com bezerros de um
ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de
azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre
pelo pecado da minha alma? Ele te
declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?”
(Miquéias 6:6-8 BSVD 6.0).
Introdução
Enquanto que em diversas partes do
mundo, o esvaziamento de igrejas é uma triste realidade, cujos templos são
fechados e posteriormente vendidos para servirem de galerias de arte,
restaurantes e tudo mais que a imaginação possa conceber; no Brasil, igrejas, templos
e catedrais estão sendo, cada vez mais, construídos em larga escala e estão
cada vez mais cheios.
Isto é bom ou ruim?
É bom, pois mostra uma tendência
inerente ao ser humano – a busca de Deus e a necessidade de prestar-lhe culto. No
entanto, desde o primeiro relato bíblico de um culto, percebe-se que nem sempre
o culto é aceitável. Caim e Abel se apresentaram para adorar a Deus, mas só um
deles foi aceito.
Séculos mais tarde, no tempo do
profeta Malaquias a situação ficou tão crítica que Deus manifestou o desejo de
ver as portas do templo fechadas porque não suportava mais o tipo de culto que
Lhe era prestado (Ml 1:10).
Contemporizando, isto mostra que
não basta vir adorar. Frequentar capelas, igrejas, templos, catedrais não é
suficiente.
Objetivo
da mensagem
Desvendar através de uma simples
exegese como é o culto aceitável a Deus.
Não depende unicamente do que apresentamos a Deus
O texto mostra de forma clara e
evidente que o culto aceitável não depende exclusivamente do que apresentamos a
Deus.
O profeta se coloca no lugar dos
adoradores e faz uma pergunta: “Com que eu poderia comparecer diante do Senhor?” (Miquéias 6:6).
Em resposta a esta sua pergunta
retórica ele mesmo responde através de outras perguntas que mesmo não sendo
respondidas fica claro que a resposta adequada para cada uma delas seria não.
São estas as outras perguntas:
ü Apresentar-me-ei com
holocaustos? (v 6).
ü Com bezerros de um
ano? (v 6).
ü Com milhares de
carneiros? (v 7).
ü Com miríades de
ribeiros de azeite? (v. 7).
ü Darei a Ele meu filho
mais velho para obter o perdão (v.7).
Todas as alternativas, com exceção
da última, estavam eclesiasticamente corretas, contudo, por si só, ainda que
preciosas, nada disso seria aceitável a Deus.
Atualmente a forma de culto mudou
radicalmente, mas em essência é o mesmo e pode ocorrer que estejamos fazendo a
mesma pergunta. Com que me apresentarei para que a minha adoração seja
aceitável?
Perguntas retóricas atuais:
ü Me apresentarei com
cânticos emocionantes?
ü Com dízimos e ofertas
expressivas em minhas mãos?
ü Com olhos banhados em
lágrimas?
ü Com alegria estampada
em meu rosto, saltando e dançando diante dEle?
ü Com roupas de grife,
mostrando quão importante Ele é para mim?
ü Com hinos
tradicionais, solenes, muito bem cadenciados e cantados com toda a reverência
possível?
ü Com gritos de glória
e aleluia ou com améns bem baixinho?
De forma semelhante às perguntas
feitas pelo profeta em sua época, toda resposta a cada uma destas perguntas é a
mesma: Um sonoro não! Nada disso, apesar de toda importância, ou, por mais
importante que seja, por si só, pode tornar a nossa adoração aceitável ao
Senhor!
Depende de nossas relações interpessoais
Em outras palavras, depende da
forma como nos relacionamos com o nosso próximo. Não basta uma forma agradável
de culto, ou nos apresentarmos no estilo certo, é necessário que antes de
adentrarmos a Casa de Deus tenhamos um correto relacionamento com todos aqueles
que estão a nossa volta (Mateus 5:23-24).
O próprio Deus em sua infinita
bondade mostra-nos o que Ele considera bom e o que requer de cada um de nós
(vers. 8).
Aqui cabe uma explicação para a
palavra homem usada neste versículo. A palavra hebraica é adam, a qual via de regra, não sempre, é utilizada de forma
genérica. Isto mostra que a mensagem é para todos. Deus abomina a
exclusividade; Deus ama a inclusividade. A graça divina é inclusiva!
Pelo menos duas atitudes em relação
ao próximo Deus exige de Seus adoradores:
a) Em primeiro lugar Deus exige a prática da justiça
Deus não aceita nem suporta culto
praticado por pessoas injustas. Veja o que Ele disse para as pessoas que se
apresentavam em multidões no templo para adorá-Lo: "Eu odeio e desprezo as suas festas
religiosas; não suporto as suas assembleias solenes. Mesmo que vocês me tragam
holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as
melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim
o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão
como um rio, a justiça como um ribeiro perene! " (Amós 5:21-24
- NVI).
Esclarecendo o texto; não é que Deus não
goste de festas religiosas (assembleias) ou de música, seja ela hinos,
cânticos, canções, ou mesmo de dízimos ou ofertas. O que Ele não suporta é
quando estas coisas são oferecidas por pessoas que não praticam a justiça.
Se você sente o desejo de oferecer
um culto aceitável ao Senhor, antes de tudo como sugere o texto, pratique a
justiça em todas as suas relações com o seu próximo. Exemplos práticos: Não
subfaturar; não superfaturar, fazer jus ao seu salário; pagar salário justo ao
trabalhador; não furtar, não cobiçar, não adulterar (em todos os sentidos).
b) Em segundo lugar Deus exige a prática da misericórdia
Aqui, talvez esteja o maior desafio
que como cristãos temos de enfrentar. Como conciliar justiça e misericórdia?
Justiça é uma grande virtude, porém, separada da misericórdia, pode tornar-se
um grande mal.
Praticar a misericórdia é não
tratar o outro de forma dura como ele merece ser tratado. É perdoar! Ainda bem
que Deus sendo justo não nos trata apenas com justiça, mas também, com
misericórdia, pois uma sem a outra é uma verdadeira catástrofe!
Se você deseja que Deus aceite o
seu culto, trate a todos indistintamente com misericórdia. Olhe com misericórdia
para todos que estão a sua volta. Aqueles que compartilham ou não de sua fé. O
seu cônjuge, seus filhos, sua família, amigos, vizinhos, parentes, colegas de
trabalho, chefes. Na igreja especificamente: os líderes, dirigentes, músicos,
jovens, devedores e até mesmo os inimigos (se é que os temos), pois todos eles
são gente como a gente. Só agindo dessa maneira você mesmo alcançará
misericórdia (Mt 5:7) e terá o seu culto aceito por Deus.
Depende de nossa comunhão diária com Deus
O texto nos mostra que o culto
aceitável a Deus depende de nossa comunhão diária com Deus. A passagem bíblica
revela que devemos andar humildemente com Deus (v. 8b), ou seja, em obediência.
Não adianta nada passarmos a semana
inteira distante dos caminhos do Senhor, como se Ele não existisse e ao chegar
o dia de sábado, domingo ou as quartas-feiras, nos apresentarmos diante dEle em
culto, como se fossemos verdadeiros cristãos.
Podemos até enganar alguém com este
tipo de atitude, mas Deus não se engana, Ele conhece o nosso viver, sabe com
quem está lidando e não aceita este tipo de culto.
Então, se você quer no sábado
prestar um culto aceitável, deve andar também nos outros dias com Deus.
O texto ainda nos revela que
devemos andar humildemente, aceitando as orientações divinas, reconhecendo que
não somos ninguém (quanto mais andamos com Deus mais percebemos como somos
pequenos). Tome cuidado inclusive com o orgulho espiritual (as temidas
comparações), com o sectarismo religioso. Deus não aceita culto prestado por
orgulhosos e sim pelos humildes.
Conclusão
Quando nos reunimos em culto para
adorar e, ainda que juntos, cada um o faz de forma diferente. Alguns cantam
forte, outros nem tanto; alguns choram,
outros riem; alguns levantam os braços, outros não se movem; alguns só
participam das músicas mais agitadas, outros só das clássicas (solenes); alguns
batem palmas, outros colocam as mãos no bolso; alguns falam aleluia, glória a Deus,
amém! Outros não abrem a boca.
Deus nos ama e aceita estas formas
pessoais e peculiares de cultuar, contudo, todos nós só cultuamos de fato no
sábado ou em qualquer outro dia de culto quando temos, não somente dentro dos
horários de culto, mas especificamente fora dele uma relação de justiça e
misericórdia com o nosso próximo e de obediência humilde com o nosso Deus.
Assim seja a minha, a sua, a nossa
experiência diária.
É o meu desejo, a minha esperança e
a minha oração. Amém!!!
©Nelson Teixeira
Santos
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