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JONAS E SUAS NOSSAS INDIFERENÇAS


            Introdução
            A Palavra de Deus afirma que “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos (Provérbios 6:16-19).

            Breves considerações
            Todos nós a semelhança de Deus temos nossas preferências e também nossas posposições, ou seja, coisas de que não gostamos. Eu por exemplo, não gosto de trabalhar a noite, de reunião e de festa de formatura. Pior que festa de formatura só mesmo ser convidado a assistir DVD de formatura. O fato é que nesta vida muitas vezes temos de fazer, participar, colaborar, estar presente, contra nossa vontade.

            Como é praticamente impossível a gente se esquivar de todas estas e outras coisas abomináveis, por coincidência ou ironia, em 12.03.2007, fui parar na festa de formatura de nossa filha Sara Cristina no auditório da Reitoria da UFPR.
            Ente os palestrantes naquela noite, um dos professores teve a coragem de afirmar em público já ter sido orientado pelos seus superiores a não apontar o dedo para as pessoas – uma de suas manias adquirida ao longo de seu magistério.
            Tal atitude levou-me a pensar nas tantas coisas incorretas que costumeiramente fazemos (inclusive dentro da igreja) e cheguei a seguinte conclusão: De que adianta não apontar o dedo em riste ao nosso semelhante, mas feri-lo com outros tipos de atitudes, olhares, gestos e palavras?

            É fato que muitos dentre o professo povo de Deus, equivocadamente acreditam, que as pessoas só se perderão por causa das coisas erradas que fizeram – roubaram, furtaram, adulteraram, cobiçaram. Por que equivocadamente? Porque existem outros tantos que se perderão pelo simples fato de terem deixado de praticar boas obras. O conselho divino é muito claro: “Nunca deixes de fazer o bem estando em suas mãos o poder de fazê-lo” (Pv 3:27 - TL). E outros mais que, costumam dizer uma coisa e fazer outra; chegam mesmo a fazer as coisas certas, mas o fazem pelas razões erradas. Pura hipocrisia! (Mt 23:1-7).

            Então, deixar de praticar boas obras nos conduz ao pecado da omissão. Um pecado que é muito sutil. É o pecado que se comete sem se fazer; por deixar de fazer. Ele se manifesta sob as mais variadas formas: mornidão (salvo, satisfeito, sossegado); pela falta de sensibilidade, de misericórdia (Mt 9:13), através da indiferença.

            Mas se você acha que esse tipo de pecado é recorrente ou típico dos nossos dias, saiba que não. A Bíblia está repleta deste tipo de história. O NT apresenta uma parábola contada por Jesus que pode ser considerada o exemplo clássico – a parábola do bom samaritano. O AT encerra uma história ocorrida séculos antes do nascimento de Jesus e mostra-nos de forma gritante a indiferença para com a ordem de Deus, para com a advertência de Deus, aos esforços dos outros e quanto ao destino de uma cidade inteira.

            Objetivos da mensagem
            Aprender por contraste (não fazendo), coisas que como cristãos devemos evitar. Três características da vida do profeta Jonas que não devemos (podemos?) cultivar na vida cristã: acomodação, desobediência e a indiferença (nosso tema).
            O livro de Jonas, por ser um livro missionário, obviamente fala sobre missão. E descreve ainda, a indiferença do povo de Deus para com o Seu chamado, a sua vocação e a sua missão.
            A mensagem adquire um peso ainda maior quando buscamos no dicionário as definições apresentadas para indiferença e indiferente: apatia, descuido, negligência, desleixo, insensibilidade, que não apresenta qualquer motivo de preferência, que nada comove, que não se importa, enfim, pessoa que se mostra desinteressada de qualquer assunto ou acontecimento, inclusive religião.
            Notaremos ao compartilhar a mensagem que as indiferenças demonstradas pelo profeta são, de alguma forma, retratadas na vida de alguns cristãos hoje.

            Indiferente quanto à ordem de Deus
            Jonas 1:2 – “Ande, vá correndo para a grande cidade de Nínive! E anuncie meu julgamento contra ela, pois não posso mais ignorar a sua maldade”.
            A ordem era clara e requeria urgência em seu cumprimento. Embora não tenha argumentado, discutido ou mesmo questionado com Deus acerca da missão, o que Jonas fez todos nós sabemos. Compra passagem, embarca em um navio tendo como destino Társis (considerada na época – o fim do mundo); sentido oposto ao que Deus lhe havia determinado.
            Curiosamente foi se alojar no escuro porão do navio, achando que naquele local ninguém ia vê-lo, nem mesmo Deus!  Jonas, um homem de Deus, um profeta verdadeiro tentando fugir da presença do Senhor se torna indiferente à ordem dada por Deus.
            Humanamente falando, Jonas tinha motivos de sobra para temer a ordem divina. Quando jovem Jonas profetizou um período de potência militar e prosperidade econômica em Israel, e assim aconteceu (II Reis 14:25). A perigosa superpotência do norte - Assíria, encontrava-se temporariamente enfraquecida. Passadas algumas décadas, Deus enviou esse patriota para salvar a capital do império assírio – Nínive, da destruição. Para a nação israelita, o cumprimento dessa missão representada um risco à segurança nacional.
ü  Qual foi a ordem que Deus lhe incumbiu?
ü  Qual foi a orientação específica que Deus  lhe deu e você tem sido indiferente?
ü  Para onde você está sendo comissionado por Deus?
ü  De qual Nínive você tem fugido em desobediência ao Senhor?
            E Jonas tentou fugir da presença do Senhor... Tentou. Nós também tentamos... Tentamos. Também não podemos fugir da presença de Deus (Salmos 139:7-10).  

            Indiferente à advertência de Deus
            Jonas 1:4 – “Então, o Eterno enviou uma tempestade tão forte sobre o mar que provocou ondas gigantes. O navio estava a ponto de se partir ao meio, e os marinheiros ficaram apavorados”.
            Os processos pedagógicos (metodologias de ensino) de Deus são muito diversificados. Ele julgou o comportamento de Jonas e valeu-se da natureza para ministrar disciplina ao seu desobediente servo a quem Ele amava.
            Um vento forte soprando sobre o mar provoca uma grande tempestade. E como os navios daquela época eram de pequeno porte, a embarcação em que Jonas viajava estava a ponto de despedaçar-se.
            Lamentavelmente Jonas se esqueceu do conselho divino: “Filho meu, ouça com atenção os meus conselhos. Esteja sempre pronto para escutar as minhas instruções. Elas devem estar sempre em sua mente, sempre presentes em seu coração, porque delas depende a verdadeira vida e uma saúde perfeita” (Provérbios 4:20-22).

            Indiferente aos esforços dos outros
            Jonas 1:5 – “Desesperados, cada um começou a clamar ao seu próprio deus. Jogaram ao mar tudo o que podiam para aliviar o peso do navio. Enquanto isso, Jonas tinha descido ao porão do navio e ali dormia profundamente”.
            Conhecedores do mar, aqueles homens eram marinheiros experimentados. Sabiam avaliar nitidamente a tragédia que estava diante de si. A sensação de medo os domina. A morte é iminente e cada um clamava ao seu deus por misericórdia.

            Indiferente ao destino dos ninivitas
            Jonas 1:2 – “Ande, vá correndo para a grande cidade de Nínive! E anuncie meu julgamento contra ela, pois não posso mais ignorar a sua maldade”.
            Nínive (+ de 120.000 homens – Jn 4:11), a capital do império assírio, tornou-se famosa por sua crueldade. Segundo Miquéias 5:6, Ninrode foi o seu fundador. Seus métodos de tratar os vencidos não eram nada convencionais incluíam decepar as mãos, nariz, orelhas, vazar os olhos, empalação.
           Jonas conhece Nínive. Pode nunca ter estado lá, mas sabe a fama da cidade. Jonas recebe uma ordem específica de Deus de levar a mensagem de salvação ao povo de Nínive; um povo violento, incrédulo, cego, idólatra... e que se torna objeto da grande misericórdia divina!
            Como profeta também conhece a Deus. Ele sabe que entre as muitas virtudes divinas encontram-se a misericórdia, a longanimidade, a benignidade e que por conta delas Deus poderá dar a Nínive uma segunda chance, uma oportunidade se houver conversão na cidade.

            Conclusão
            Certamente Deus não nos chamou para junto de Seu povo, simplesmente para ficarmos esquentando banco ou para fazer um monte de coisas (certas ou não), que comumente fazemos, mas para pregar as boas-novas – a nossa missão.
            Que Deus nos conceda a graça de, como cristãos, jamais nos esquivar-nos das nossas responsabilidades; de não tratarmos com leviandade, com indiferença às ordens divinas, suas advertências, o nosso próximo (seja ele quem for).           
            Que sejamos sensíveis a ponto de perceber as necessidades das pessoas que estão a nossa volta e para as quais devemos ser o sal da terra, a luz do mundo.

            “Talvez a minha vida não seja o que Tu queres
             Talvez ainda esteja de Ti distanciado
              No entanto ao ouvir o Teu chamado
              Pensei em ser aquilo que Tu queres que eu seja
              Quero ser um novo ser, que eu quero estar onde estás.
              Mestre, quero ser um discípulo Teu”. – Williams Costa Jr.

              Que cada um de nós possa realmente ser um discípulo de Jesus!
              É o meu desejo e a minha oração, Amém!!!



  

* Todas as citações do livro de Jonas neste artigo foram extraídas da versão portuguesa da The Message: The Bible in Contemporary Language, Eugene H. Peterson. 


© Nelson Teixeira Santos     

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