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“UM CORAÇÃO PURO”


 
            Introdução

            Algumas versões bíblicas trazem alguns subtítulos interessantes antes de alguns capítulos ou passagens. A Almeida Revista e Atualizada no Brasil, 2ª edição, por exemplo, descreve a dramaticidade daquele momento: Salmo de Davi, quando o profeta Natã veio ter com ele, depois de haver ele possuído Bate-Seba. Esse Davi era nada mais nada menos que o rei de Israel e o líder espiritual de um povo – o povo de Deus.

 

            Somente uma mulher para descrever com tamanha sensibilidade aquele momento: “Este período da história de Davi está repleto de significação para o pecador arrependido. É uma das ilustrações mais flagrantes que nos são dadas das lutas e tentações da humanidade, do arrependimento genuíno para com Deus e da fé em nosso Senhor Jesus Cristo”. – Ellen G. White, PP, pág. 726.

 

            “Pecador arrependido”. De quem se trata?

            É de bom parecer deixar a resposta por conta da Palavra de Deus. Está escrito: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 8:23). Em outras palavras; eu e você. Todos que nasceram neste mundo, desde Adão e Eva, com exceção de um, cujo “nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12).

 

            Acerca da palavra “coração”

            A palavra coração é usada na Bíblia centenas de vezes. Para ser mais exato, em uma versão consultada (Almeida Versão Digital Freeware 6.0), 808 vezes. Entretanto, nenhuma das vezes ela é utilizada para descrever o órgão físico.

            Os autores bíblicos, em sentido figurado dão um sentido muito mais amplo do que as línguas modernas lhe atribuem.

            Atualmente, para nós, o coração é geralmente relacionado com as emoções; na Bíblia, denota o homem interior, a área íntima, escondida do ser, bem como o centro das emoções e do intelecto.

            Dever-se notar que os escritores bíblicos consideravam ser o coração a sede do intelecto e, mais especificamente, o centro da vontade.

            “Quando Jesus fala do novo coração, quer dizer a mente, a vida, o ser todo”. Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, vol. 4, pág. 1164.

           

 

            A importância da pureza de coração

            Por que a pureza de coração é algo tão importante na vida do cristão? Vamos recorrer a Palavra de Deus na busca por mais esta resposta.

            “Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus (Mt 5:8).

            “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14).     

            Neste processo denominado santificação, que durará a vida inteira ou até Jesus voltar, cada um de nós, que almeja o Céu, terá necessariamente que cumprir etapas, condições, pré-requisitos.

             Como exemplo, II Pe 1:5-7 é muitas vezes descrita como “A Escada de Pedro” merece toda a nossa atenção. Nenhum dos degraus representa autossalvação.

           Cada um deles se baseia num atributo comunicado pelo Céu que representa cooperação com o que Deus já realizou.

           Os degraus são: fé, virtude, conhecimento, domínio-próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor.

            A santificação passa por diversos caminhos, entre eles, o caminho do perdão, da misericórdia, da liberalidade, da justiça, da longanimidade, da bondade, da benignidade, da mansidão e tantas outras virtudes apontadas nas Santas Escrituras; inclusive, pela pureza.

            Assim sendo algumas condições precisam ser satisfeitas para que Deus purifique o nosso coração.

 

            Condições

            O Salmo 51 revela os quatro passos básicos que cada um de nós deve dar, para que o processo de regeneração tenha lugar:

 

            Deve-se ter a coragem de reconhecer o estado pecaminoso.

            O doente precisa reconhecer que está doente: “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis” (Tiago 5:16).

            “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares” (Salmos 51:3-4).

            Sem o reconhecimento do estado pecaminoso, sem uma sincera confissão das transgressões, não pode haver perdão e sem perdão não há Céu. “O arrependimento de Davi foi sincero e profundo. Não houve esforço para atenuar seu delito. Nenhum desejo de escapar dos juízos ameaçados inspirou sua oração. ... Não era unicamente pelo perdão que ele orava, mas pela pureza de coração” – Ellen G. White, PP, pág. 725).

 

            Deve-se desejar ardentemente receber a verdade.

            “Eis que Te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria”. Outra versão bíblica diz: “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria” (Salmos 51:6).

            Deus usa a verdade para nos santificar; “Tua palavra é a verdade” (João 17:17). Por um lado, revelando-nos os pecados, a Palavra de Deus nos permite ver-nos como somos (ver Tiago 1:23-24); por outro, mostra-nos o que nos podemos tornar por Sua graça.

 

            Deve-se pedir que Deus crie um novo coração.

            Davi conhecia uma verdade e esta verdade está contida neste Salmo. Ela jamais deve ser olvidada – “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” Salmos 51:10 .

            Toda transformação na vida do cristão é feita de fora para dentro. Não temos competências, habilidades ou qualquer coisa que o valha para a realização desta obra que nos habilitará para vivermos a eternidade no Céu, ao lado de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Cabe a Ele executar esta tarefa. A verdade: nós carecemos de um Salvador e esse Salvador chama-se Jesus. É dEle, segundo Sua palavra, através do profeta Ezequiel, a promessa de nos conceder um novo coração: E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne” (Ezequiel 11:19). “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne” (Ezequiel 36:26).

 

 

            Deve-se oferecer o eu a Deus.

            “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”. Outra versão assevera: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmos 51:17).

            O que vale aos olhos de Deus não são os aspectos exteriores da santidade, mas a disposição íntima do coração e da mente. (Ver Isaías 1:11-17). Também está escrito: “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos” (Oséias 6:6). Isso é tão importante que o próprio Jesus repetiu esta verdade  duas vezes; em Mateus 9:13 e em Mateus 12:7.

 

            Conclusão

            “Aqueles que têm coração puro abandonaram o pecado como o princípio governante da vida, e esta encontra-se consagrada sem reservas a Deus. ... Ser ‘puro de coração’ não significa que a pessoa está completamente livre de pecado, mas que seus motivos são corretos; que, pela graça de Cristo, ele voltou as  costas aos erros passados e está buscando o alvo da perfeição em Cristo Jesus (Fil 3:13-15)”. SDA Bible Commentary, vol. 5, pág. 327.

 

 

 

 

 

© Nelson Teixeira Santos

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