No final de
2008, Gordon Brown, primeiro-ministro da Inglaterra, falou aos diretores da
indústria britânica sobre a crise financeira mundial. Ele disse: “É um erro
considerar que o trauma da crise financeira atual é algo que precisamos
‘corrigir’ para que as coisas retornem ao que eram antes. A porta pela qual
estamos passando não oferece a opção de retorno ao passado. Não podemos mais
viver isolados – protegidos e limitados à nossa própria perspectiva, olhando
primeiramente para nossos interesses nacionais. Agora, precisamos considerar
todo o quadro global. Nossos interesses nacionais são inseparáveis da grande
comunidade mundial. As barreiras se foram. O que fazemos para nós mesmos,
fazemos para os outros; e o que os outros fazem nos afeta também.”
Ao ouvir isso, pensei: Que percepção! Isso é exatamente o que Jesus disse há dois mil anos, tanto diretamente como por meio de Seus apóstolos: “Diante de vocês está uma porta aberta”; “Em Cristo não há barreiras”; “Vemos as pessoas de modo diferente de como víamos antes”; “Vá a todo o mundo”; “Ame uns aos outros”. Ele está dizendo: nós estamos ligados. O que afeta um de nós afeta a todos. O patrimônio mais valioso da igreja não são suas doutrinas ou finanças, mas as pessoas. Assim, nós devemos ir, espontaneamente, ao seu encontro, apoiar e cuidar de todos os que alcançarmos confirmando seu valor para Deus e para a nossa comunidade e acolhendo-os nela. E quando estiverem conosco, devemos oferecer-lhes um lar e permitir que se sintam amados e aceitos. A igreja que não está disposta ou é incapaz de tal realização é falha.
Quero compartilhar com você alguns pensamentos sobre o “ambiente” que, na intenção de Cristo, deve ser mantido em nossas igrejas – um ambiente acolhedor e que ofereça segurança para os indivíduos crescerem. Meus comentários são sobre a história contada por Jesus e que está registrada em Mateus 13:24-30. É uma história que você conhece bem. É sobre o campo que está quase pronto para a colheita, mas a inevitável erva daninha aparece e complica tudo. Quem é responsável por esse joio e o que deve ser feito com ele? O Dono do campo (e o campo, nessa história, é a igreja ou a comunidade de fiéis) não tem culpa. O joio está lá; e assim é a vida – são assim as pessoas – e a mesma coisa acontece na igreja.
Então, o que devemos fazer com essa mistura de trigo e joio? Devemos investigar e determinar o que é o quê, e arrancarmos o joio? Jesus disse: “Não, essa não é uma boa ideia.” E essa é Sua decisão final sobre o assunto. “Por enquanto, deixe como está,” diz Ele. “Eu mesmo vou cuidar disso. Há Meu tempo.”
Essa história é incomum; nosso impulso natural é arrancar o joio e, de algum modo, nos livrarmos dele. Mas o Senhor da colheita diz: “Não! Agora não.”
Essa parábola fala muito sobre como o Senhor vê a humanidade e sobre a realidade da vida na igreja. Ele está dizendo que a igreja é formada de solos muito distintos; essa é simplesmente a realidade em que vivemos.
Creio que, pela presença e ação do Espírito, a igreja pode tornar-se uma comunidade melhor; podemos crescer em nosso compromisso e devoção, podemos nos tornar mais úteis a Ele, podemos aprender com nossos erros do passado. Não tenho qualquer simpatia para com os que têm a tendência de realizar uma purificação pré-advento da igreja, impulsionados pela mentalidade de “vamos arrancar tudo o que se parece com joio”.
Quando o Dono da terra diz: “Deixe o joio por enquanto,” Ele não está questionando se na igreja há pessoas que são estranhas ao Senhor. Pode ser que em algum período O tenham conhecido, mas por alguma razão tornaram-se fracos em sua caminhada. Mesmo assim, acham conveniente e seguro permanecer; possivelmente, haja um trabalho em jogo, ou isso envolva questões familiares importantes. Essa é uma triste realidade. Para essa realidade, o Senhor diz: “Deixe que fiquem. Não é uma boa ideia deixar essas pessoas no ostracismo ou como responsáveis pelo terreno; não façam uma limpeza geral. Eu mesmo irei realizá-la quando achar melhor. É muito arriscado deixar que você faça isso.”
Podemos perguntar: “Certamente é bom fazer uma limpeza – não faz sentido? Que risco há nisso?”
O risco é muito alto por causa de minha
própria humanidade. Não seria possível que eu cometesse um engano ao avaliar
outra pessoa? Tenho certeza, realmente, de que conheço completa e apuradamente
o que há no interior da outra pessoa? Certamente, Deus sabe. E se uma pessoa se
torna difícil na igreja, especialmente se for um adolescente, não é possível
que tal comportamento seja assim porque Deus, de algum modo, está lidando com
ele ou tocando em sua vida? Só Deus sabe o que é necessário para nosso
crescimento pessoal; eu não sei.
O risco é muito alto porque hoje ainda é o
dia de salvação. Pode ser que sejamos capazes de identificar e rotular o
“joio”, mas não podemos nos esquecer de que Deus ainda não terminou Seu
trabalho. Não estou falando sobre aqueles, em nossas igrejas, que abertamente
abusam ou desobedecem aos ensinos da Palavra de Deus. Essas pessoas devem ser
disciplinadas pela igreja, para sua própria salvação. A Bíblia dá à igreja a
autoridade e a responsabilidade de responder a tais situações. Ao contrário,
estou falando de um número maior de pessoas que podem estar gastando seu tempo
à margem do reino de Deus. Temos muitos jovens que desaparecem da igreja porque
se sentem indignos e rejeitados. Fazemos com que se sintam espiritualmente
fracassados. Nós presumimos a mente de Deus muito facilmente. Não é possível
que Ele seja mais generoso do que eu?
Vejam essas palavras vindas da pena inspirada de Ellen White:
“Conquanto em nossas igrejas, que pretendem crer em verdades avançadas, haja pessoas em faltas e erros, como o joio em meio do trigo, Deus é longânimo e paciente … Ele … não destrói os que são vagarosos em aprender a lição que lhes quer ensinar; ... Não devem os membros da igreja tomar alguma resolução espasmódica, zelosa, precipitada, ao excluir os que eles porventura considerem de caráter defeituoso.” *
O risco é demasiado elevado, porque a própria
igreja é prejudicada por pessoas que se intrometem, mesmo que levemente, na
vida e opiniões de outras pessoas. E o estrago pode se espalhar rapidamente; o
ambiente pode se deteriorar de tal modo que as pessoas boas podem ser levadas a
se sentir inseguras em seu lar espiritual. O ambiente da igreja torna-se
desagradável e indesejável, em vez de um lugar onde as pessoas se sintam
confortáveis e desejadas, salvas e seguras, aceitas e livres.
Arrancar as ervas daninhas do jardim é muito
perigoso porque eu, o investigador, prejudico a mim mesmo com essas atividades.
Minha missão equivocada altera meu caráter e minha personalidade se torna sem
atrativos. Sou lembrado pelas palavras de um dos meus ex-professores, falando a
alguém que, por algum motivo, se vangloriava de seus feitos e criticava as
realizações dos outros: “Então, você se acha perfeito, mas tem que ser hostil
por causa disso?”
Nossas congregações devem ser lugares de cura e renovação. Devem ser lugares atrativos para receber os infiéis. Devem ser lugares onde os fiéis sintam-se em casa: valorizados e aceitos. Não devem ser campos de batalha, mas cidades de refúgio. Será que a igreja onde você e eu adoramos pode receber tal título? Que tipo de ambiente espiritual estamos criando? Se sua igreja não é a sociedade espiritual mais atrativa e convidativa de sua comunidade, o que você fará para mudar esse quadro?
Nossas igrejas não são clubes exclusivos para os que são bons e merecedores. Deus constantemente está justificando pecadores; eles devem ser calorosamente recebidos em nossas igrejas, pois ela é o seu legítimo lar. Serei franco com você: Detestaria gastar meu tempo circundado por pessoas que pensam que tudo o que fazem é perfeito. Eles se tornam arrogantes, frios e judiciosos para com aqueles que ainda necessitam crescer. Cristo nos aceitou a todos “quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8). A aceitação é o fôlego da humanidade. Onde ela é negada, nossa respiração vacila. O ar se torna rarefeito e a vida, insuportável!
Está ao nosso alcance criar e modelar o ambiente espiritual de nossas comunidades para o futuro. Meu apelo é que criemos um lar feliz, familiar, acolhedor, no qual as pessoas possam se comunicar, compreender uns aos outros, respeitar o lugar uns dos outros e reconhecer que o Senhor está sempre em ação, tornando melhor aquilo que, em nossa opinião, pode ser imperfeito.
* Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, p. 45, 46.
O pastor Jan Paulsen escreve mensalmente para a Adventist World, periódico mensal publicado pela Review and Herald Publishing Association.
Ao ouvir isso, pensei: Que percepção! Isso é exatamente o que Jesus disse há dois mil anos, tanto diretamente como por meio de Seus apóstolos: “Diante de vocês está uma porta aberta”; “Em Cristo não há barreiras”; “Vemos as pessoas de modo diferente de como víamos antes”; “Vá a todo o mundo”; “Ame uns aos outros”. Ele está dizendo: nós estamos ligados. O que afeta um de nós afeta a todos. O patrimônio mais valioso da igreja não são suas doutrinas ou finanças, mas as pessoas. Assim, nós devemos ir, espontaneamente, ao seu encontro, apoiar e cuidar de todos os que alcançarmos confirmando seu valor para Deus e para a nossa comunidade e acolhendo-os nela. E quando estiverem conosco, devemos oferecer-lhes um lar e permitir que se sintam amados e aceitos. A igreja que não está disposta ou é incapaz de tal realização é falha.
Quero compartilhar com você alguns pensamentos sobre o “ambiente” que, na intenção de Cristo, deve ser mantido em nossas igrejas – um ambiente acolhedor e que ofereça segurança para os indivíduos crescerem. Meus comentários são sobre a história contada por Jesus e que está registrada em Mateus 13:24-30. É uma história que você conhece bem. É sobre o campo que está quase pronto para a colheita, mas a inevitável erva daninha aparece e complica tudo. Quem é responsável por esse joio e o que deve ser feito com ele? O Dono do campo (e o campo, nessa história, é a igreja ou a comunidade de fiéis) não tem culpa. O joio está lá; e assim é a vida – são assim as pessoas – e a mesma coisa acontece na igreja.
Então, o que devemos fazer com essa mistura de trigo e joio? Devemos investigar e determinar o que é o quê, e arrancarmos o joio? Jesus disse: “Não, essa não é uma boa ideia.” E essa é Sua decisão final sobre o assunto. “Por enquanto, deixe como está,” diz Ele. “Eu mesmo vou cuidar disso. Há Meu tempo.”
Essa história é incomum; nosso impulso natural é arrancar o joio e, de algum modo, nos livrarmos dele. Mas o Senhor da colheita diz: “Não! Agora não.”
Essa parábola fala muito sobre como o Senhor vê a humanidade e sobre a realidade da vida na igreja. Ele está dizendo que a igreja é formada de solos muito distintos; essa é simplesmente a realidade em que vivemos.
Creio que, pela presença e ação do Espírito, a igreja pode tornar-se uma comunidade melhor; podemos crescer em nosso compromisso e devoção, podemos nos tornar mais úteis a Ele, podemos aprender com nossos erros do passado. Não tenho qualquer simpatia para com os que têm a tendência de realizar uma purificação pré-advento da igreja, impulsionados pela mentalidade de “vamos arrancar tudo o que se parece com joio”.
Quando o Dono da terra diz: “Deixe o joio por enquanto,” Ele não está questionando se na igreja há pessoas que são estranhas ao Senhor. Pode ser que em algum período O tenham conhecido, mas por alguma razão tornaram-se fracos em sua caminhada. Mesmo assim, acham conveniente e seguro permanecer; possivelmente, haja um trabalho em jogo, ou isso envolva questões familiares importantes. Essa é uma triste realidade. Para essa realidade, o Senhor diz: “Deixe que fiquem. Não é uma boa ideia deixar essas pessoas no ostracismo ou como responsáveis pelo terreno; não façam uma limpeza geral. Eu mesmo irei realizá-la quando achar melhor. É muito arriscado deixar que você faça isso.”
Podemos perguntar: “Certamente é bom fazer uma limpeza – não faz sentido? Que risco há nisso?”


Vejam essas palavras vindas da pena inspirada de Ellen White:
“Conquanto em nossas igrejas, que pretendem crer em verdades avançadas, haja pessoas em faltas e erros, como o joio em meio do trigo, Deus é longânimo e paciente … Ele … não destrói os que são vagarosos em aprender a lição que lhes quer ensinar; ... Não devem os membros da igreja tomar alguma resolução espasmódica, zelosa, precipitada, ao excluir os que eles porventura considerem de caráter defeituoso.” *


Nossas congregações devem ser lugares de cura e renovação. Devem ser lugares atrativos para receber os infiéis. Devem ser lugares onde os fiéis sintam-se em casa: valorizados e aceitos. Não devem ser campos de batalha, mas cidades de refúgio. Será que a igreja onde você e eu adoramos pode receber tal título? Que tipo de ambiente espiritual estamos criando? Se sua igreja não é a sociedade espiritual mais atrativa e convidativa de sua comunidade, o que você fará para mudar esse quadro?
Nossas igrejas não são clubes exclusivos para os que são bons e merecedores. Deus constantemente está justificando pecadores; eles devem ser calorosamente recebidos em nossas igrejas, pois ela é o seu legítimo lar. Serei franco com você: Detestaria gastar meu tempo circundado por pessoas que pensam que tudo o que fazem é perfeito. Eles se tornam arrogantes, frios e judiciosos para com aqueles que ainda necessitam crescer. Cristo nos aceitou a todos “quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8). A aceitação é o fôlego da humanidade. Onde ela é negada, nossa respiração vacila. O ar se torna rarefeito e a vida, insuportável!
Está ao nosso alcance criar e modelar o ambiente espiritual de nossas comunidades para o futuro. Meu apelo é que criemos um lar feliz, familiar, acolhedor, no qual as pessoas possam se comunicar, compreender uns aos outros, respeitar o lugar uns dos outros e reconhecer que o Senhor está sempre em ação, tornando melhor aquilo que, em nossa opinião, pode ser imperfeito.
* Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, p. 45, 46.
O pastor Jan Paulsen escreve mensalmente para a Adventist World, periódico mensal publicado pela Review and Herald Publishing Association.

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