Depois de ler um livro impactante
que me faz pensar dez vezes antes de emitir um parecer, e lembrando as inúmeras
vezes em que “morri pela boca” ao dizer a coisa errada em hora imprópria a
pessoas amadas, estive navegando no facebook e observando as
diferenças no que as pessoas postam. Algumas usam o “face” para emitir suas ideias
políticas ou censurar a banalização que ocorre em plano geral.
Outras o aproveitam como oportunidade para contar suas novidades na
cozinha e mesa ou dicas de moda e design. Alguns pastores e estudiosos escrevem
para convencer os outros que suas ideias são as melhores, as únicas bíblicas,
academicamente sensatas ou teologicamente corretas. Mães e avós recentes
compartilham as fofuras de seus rebentos, e pais orgulhosos os
prêmios atléticos ou acadêmicos de seus filhos. Algumas pessoas colecionam
dizeres e fotos “bonitinhos”, “agradáveis”, angariando pontos para as fãs
clicarem o “curtir”.
Confesso que “entrei” no facebook para
encontrar amigos (as) e compartilhar ideias, visando especialmente oportunidade
de tornar conhecidos nosso ministério e nossos livros. Descobri que essa
comunicação é efetiva, rápida, de longo alcance – e super-superficial!
Amigos, achei muitos, até quem antes não tinha grande amizade, e algumas
grandes amigas de há muito perdidas.
Confesso que dou o “curtir” até
mesmo doce apetitoso ou sugestão de sapato confortável e que não custe uma
fortuna, ou dicas de onde arrumar livros gratuitos ou passagens mais econômicas.
“Curto” todas as fotos de bebês e crianças de amigos, filhos, sobrinhos ou
netos, e geralmente “curto” fotos de bichinhos de estimação – embora eu mesma
não queira mais tê-los em casa. Descubro mudanças de profissão em algumas
amigas: de médica para empresária, de enfermeira para fotógrafa; de aeromoça
para psicóloga de agente de viagens para missionária; de dentista para
advogada; e um ex-pastor agora é dono de pousada.
Porém, se quero que minha
comunicação virtual tenha repercussão eterna, tenho de me concentrar no foco e
olhar para Jesus (Hb 12.2). Parodiando o título de um livro genial publicado
por um amigo (O que Jesus beberia?) – o que Jesus diria nas redes sociais? Com
certeza ele não descartaria as comunicações que as pessoas fazem sobre o que comem
ou bebem (ele mesmo foi criticado por comer e beber com os pecadores), mas
estaria mais atento ao que está por trás das comunicações escritas, mesmo as
que usam emoticons, acrônimos ou siglas, como hehehe, kkkk,
LOL e J, e as múltiplas citações heréticas de secularistas ateus ou
panteístas, “evangelistas” aloprados como Osteen e Benny Hinn, e “feel good
psychologies” centradas em “amar a mim mesmo” e “eu sou mais eu” em vez de
“careço de Jesus”.
Às vezes minha própria tendência é
de criticar os que pensam diferente de mim, e me calo quanto às suas confusões
– quando na verdade, meu coração deveria chorar com os que choram, e ser
instrumento da paz de Cristo. Jesus olhava a multidão confusa, com carências e
querências mal dirigidas, e via-a com compaixão, porque eram como “ovelhas sem
pastor” (Mc 6.34).
Alguns amigos se enveredaram por
caminhos que levam de mal a pior, escolhendo relacionamentos tortos ou
filosofias torpes – mas ainda assim, são amados pelo Criador, e eu devo usar os
meios de comunicação para alcançar seus corações com a Boa Nova do perdão de um
Salvador perfeito. Algumas amigas voltaram a doutrinas que aprisionam aqueles
que já foram libertados por Jesus. Eu não fui chamada para criticá-las, mas
para amá-las a ponto de elas voltarem ao primeiro amor, como diz o antigo
corinho baseado em Ap 2.4. Muitos amigos e amigas que vendiam saúde e
primavam por atletismo estão doentes: câncer, coração, até HIV acometem servos
do Senhor! À medida que vamos envelhecendo, vamos pensando mais na efemeridade da
vida que achávamos perene, e precisamos focar a vida eterna, que Jesus definiu
assim: “Que te conheçam a ti, o único Deus Verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
Percebi que o facebook não
substitui outros meios de propaganda para meus serviços (como tradutora) ou
divulgação dos livros que Lau e eu escrevemos (vaidade ou ministério?). As
pessoas geralmente abrem apenas os comentários que têm seus próprios nomes como
chamariz – afinal, todos nós somos incorrigíveis narcisistas. Aquilo que falam
de nós – bem ou mal – é o que nos toca e nos move a agir, ou protestar, ou
contemplar no espelho. E nisso não somos em nada como João Batista, que
disse “Convém que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30).
A meta missionária de alcançar
mulheres como eu com o amor de Jesus não pode ser de “torta no céu e tolices na
terra” – por esta razão, preciso trazer o foco da comunicação ao trono de
Cristo, e reconhecer que é só dele todo trabalho, todo mérito, e toda glória.
Como é fácil ser “furtadora da glória” e com a cara mais lavada, procurar
refletir a mim mesma em vez de resplandecer a glória de Cristo! Preciso que
minhas irmãs e meus irmãos enviem “feedback” mais sério do que apenas
“curtição”. Tem de comentar: “Está certa, irmã, e eu também luto com isso” e
“Minha irmãzinha, pense bíblica, e não bethmente sobre
isso, e se arrependa!” Preciso constantemente derrubar os ídolos do próprio
coração, em vez de apontar para as idolatrias tolas de outros irmãos. Acima de
tudo, em vez de concentrar em meu facebook, tenho
de reconhecer e assumir para mim: “Deus, que disse: Das trevas
resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação
do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo”(2Co 4.6).
Autor: Elizabeth
Gomes
Fonte: iPródigo
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