I. Introdução
Uma das mais importantes
verdades que encontramos nas Escrituras diz respeito ao infinito amor de Deus,
expresso em todos os feitos de Sua criação. De acordo com o Espírito de
Profecia “desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas,
animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus
é amor”(1). Sua criação e a maneira pela qual Deus Se relaciona com Suas
criaturas revelam de forma legítima a essência do Seu caráter. De fato, Deus é
o ser mais relacional que existe no Universo. Ele anseia por Se comunicar com
os seres humanos e assim tem sido desde a criação de nossos primeiros pais.
Mesmo em face do abismo causado
pelo pecado, Deus não rompeu o diálogo com Suas criaturas. Ao contrário, Ele
tomou providências para restabelecer a ponte de ligação entre o Céu e a Terra,
o Criador e a criatura (Gn 3:9). Desta forma, por intermédio dos profetas, Ele
“confiou ao homem finito o preparo de Sua Palavra divinamente inspirada.
Esta Palavra, arranjada em livros - Antigo e Novo Testamentos - é o guia para
os habitantes de um mundo caído, a eles legado para que, mediante o estudo das
direções e a obediência a elas, ninguém perca o caminho do Céu”(2).
Por ser uma inegável fonte de
revelação divina, a Bíblia tem sofrido inúmeros ataques ao longo de sua
existência. Com o propósito de minar a inspiração da Palavra de Deus, muitos
têm colocado em prova sua veracidade. “Nenhum componente da fé cristã tem sido
debatido de uma forma tão controvertida nos últimos dois séculos como a
natureza e a autoridade das Escrituras. Ao perderem a confiança na Bíblia,
muitos cristãos modernos e pós-modernos já não mais a consideram a ‘única regra
de fé e prática’”. (3)
No entanto, a despeito dos
muitos ataques, críticas e ceticismo, a Palavra de Deus tem resistido a
todas as provas. Mediante o poder divino, seu conteúdo tem sido guardado e
preservado ao longo dos séculos. E, como uma poderosa luz, a Bíblia tem
transformado e enobrecido vidas, conduzindo-as aos pés de Jesus Cristo.
II. A comunicação
divino-humana
Para todo aquele que almeja
compreender o modo pelo qual Deus Se comunica conosco, é de vital importância
examinar os conceitos de revelação, inspiração e iluminação profética. A
maneira de entendermos este processo irá influenciar nossa concepção quanto à
pessoa de Deus, a maneira de nos relacionarmos com Ele e a forma de
manifestarmos e praticarmos nossa fé.
- Revelação – Envolve a ação divina que comunica
a verdade (o conhecimento da parte de Deus). “Compreendemos por revelação
o ato divino pelo qual Deus Se descobre a Si mesmo, Se desvenda e Se
comunica com o profeta, dando-lhe o conhecimento de Deus e da Sua vontade
que ele, o profeta, não poderia ter conseguido por si mesmo e nem de
qualquer outra maneira”(4). Esse conhecimento expressa a vontade de Deus
sobre certos aspectos que Ele almeja tornar conhecidos aos Seus filhos.
- Inspiração – Refere-se ao processo pelo qual
Deus capacita alguém a ser Seu porta-voz (mensageiro). Ao receber a
revelação divina, o profeta é dotado por Deus para comunicar a mensagem de
forma fiel e verdadeira. O apóstolo Pedro atesta: “Porque nunca, jamais
qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21).
- Iluminação – É o poder do Espírito Santo que
tem por objetivo auxiliar os seres humanos a compreender o conteúdo da
revelação divina. O mesmo Espírito que fala por meio dos profetas fala
àqueles que ouvem ou leem a mensagem do profeta. Desta forma, o divino
Espírito habilita o cristão a entender e aplicar a mensagem à sua
experiência. Enquanto os processos de revelação e inspiração envolvem a
atuação dos autores, a iluminação envolve o leitor.
Ao observarmos o processo de
comunicação divina, podemos compreender que nosso Deus estabeleceu um modelo de
comunicação claro, objetivo e organizado. No entanto, muitos estudiosos
divergem na tentativa de compreender esse processo. A lição desta semana
enfatiza de maneira mais acentuada o conceito de inspiração, o qual tem sido
objeto de muitas dúvidas e questionamentos.
Atualmente, com base em
princípios finitos e falíveis, muitas pessoas ousam determinar no conteúdo das
Escrituras e do Espírito de Profecia o que é e o que não é inspirado. Tais
indivíduos costumam afirmar que alguns profetas foram parcialmente inspirados
ao escrever certos conteúdos. Essa abordagem tem conduzido pessoas à descrença
e, como consequência, a compreensão da verdade tem sido colocada em cheque.
Desta forma, os escritos revelados por Deus passam a ser interpretados de
acordo com a imaginação e preferência pessoal e, como resultado, a verdade é
distorcida.
Antevendo a manifestação desse
fenômeno, o Espírito Santo revelou uma mensagem específica ao se referir à
maneira pela qual os escritos da Bíblia e do Espírito de Profecia seriam
tratados(5):
“Esta é a maneira por que meus
escritos são tratados pelos que desejam compreendê-los mal e pervertê-los.
Transformam a verdade de Deus em mentira. Exatamente de maneira idêntica por
que eles tratam os escritos em meus artigos publicados e nos meus livros,
tratam os céticos e os infiéis a Bíblia. Leem-na segundo seus desejos de
perverter, aplicar mal, torcer voluntariamente as declarações de seu verdadeiro
sentido. Declaram eles que a Bíblia pode provar qualquer coisa e tudo, e cada
seita prova que suas doutrinas estão certas, e que as doutrinas mais diversas
são provadas pela Bíblia” (Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas, v. 1, p. 19).
Ao tratar do assunto da
inspiração da Palavra de Deus, Ellen G. White apresenta alguns princípios e
conceitos que nos auxiliam a compreender melhor o processo divino-humano de
comunicação. Tais princípios podem ser encontrados no livro Mensagens Escolhidas, v. 1,
p.
- “Deus confiou ao homem finito o preparo de Sua Palavra
divinamente inspirada” (p. 16).
- “Tomo a Bíblia exatamente como ela é, como a Palavra inspirada.
Creio nas declarações da Bíblia inteira” (p. 17).
- “E Ele [Deus] ... não habilitou homem finito algum a
desvelar ocultos mistérios nem inspirou um homem ou uma classe de homens a
pronunciar juízo quanto ao que é ou não é inspirado” (p. 17).
- “Os escritores da Bíblia tiveram de exprimir suas
ideias em linguagem humana. Ela foi escrita por seres humanos. Esses
homens foram inspirados pelo Espírito Santo” (p. 19).
- “As Escrituras foram dadas aos homens, não em uma
cadeia contínua de ininterruptas declarações, mas parte por parte, através
de sucessivas gerações, à medida que Deus, em Sua providência, via
apropriada ocasião para impressionar o homem nos vários tempos e diversos
lugares” (p. 19).
- “A Bíblia foi escrita por homens inspirados, mas não é
a maneira de Deus pensar e Se exprimir. Esta é da humanidade. Deus, como
escritor, não Se acha representado” (p. 21).
- “Os escritores da Bíblia foram os instrumentos de
Deus, não Seu modo de escrever” (p. 21).
- “Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas
os homens é que foram. A inspiração não atua nas palavras do homem nem em
suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito
Santo, é dotado de pensamentos” (p. 21).
- “A mente divina, bem como Sua vontade, é combinada com
a mente e a vontade humanas; assim as declarações do homem são a Palavra
de Deus” (p. 21).
A linguagem que Deus empregou para Se comunicar com o ser humano é uma prova
inequívoca de Seu infinito amor para conosco. Ele desceu ao nosso nível a fim
de revelar Sua vontade e apresentar o plano de resgate da raça humana por
intermédio de Seu Filho Jesus Cristo. De acordo com a revelação do Espírito de
Profecia,(6)
“O Senhor fala aos seres
humanos em linguagem imperfeita, a fim de os sentidos degenerados, a percepção
pesada, terrena, dos seres da Terra poderem compreender-Lhe as palavras. Nisto
se revela a condescendência de Deus. Ele vai ao encontro dos caídos seres
humanos onde eles se acham. Perfeita como é, em toda a sua simplicidade, a
Bíblia não corresponde às grandes ideias de Deus; pois ideias infinitas não se
podem corporificar perfeitamente em finitos veículos de pensamento.
III. Teorias de
inspiração profética
O Dr. Manuel Angel Rodriguez
destaca três teorias de inspiração que têm sido defendidas pelos estudiosos das
Escrituras Sagradas na atualidade: (a) inspiração verbal; (b) inspiração do
pensamento e (c) inspiração mecânica/ditado(7):
- Inspiração verbal – A ênfase está nas palavras e não
no autor. Compreende que o processo de comunicação do conteúdo da mensagem
é de responsabilidade exclusiva de Deus, ou seja, não há participação
humana. Todas as palavras e detalhes são pré-selecionados por Deus e a
única função do profeta é usar a sua pena (caneta) e escrever. A partir
desta ideia é que surgiu a expressão “a pena inspirada”. É notório lembrar
que o profeta é o porta-voz de Deus, não a Sua forma de expressar.
- Inspiração do pensamento – Ao contrário da inspiração verbal,
a ênfase aqui está no autor e não nas palavras. A inspiração atinge a
mente do autor, e o Espírito Santo assegura que a mensagem seja
corretamente comunicada. Esse modelo entende que não é a pena (caneta) do
profeta que é inspirada, mas sim, seu pensamento.
- Inspiração mecânica/ditado – O Espírito Santo dita cada palavra
para o profeta sem considerar sua formação sociocultural e educacional.
Com base na Bíblia e nos
escritos do Espírito de Profecia, a Igreja Adventista do Sétimo Dia adota a
inspiração do pensamento como a teoria padrão para explicar o processo de
comunicação entre Deus e o homem. Este modelo compreende a união harmônica do
divino com o humano, ou seja, a mente e a vontade divina são combinadas com a
mente e a vontade humana. Tal fenômeno representa uma ação sobrenatural. “Ao
formular ou escolher palavras e expressões para representar os pensamentos
recebidos de Deus, o profeta exercita o intelecto e a escolha humana em
cooperação com a mente e a vontade divina” (8).
Ellen White compreendia
claramente esse processo como algo real e dinâmico que continuava enquanto o profeta
permanecia sob a influência do poder divino. Primeiramente, ela reivindicava
completa dependência do Espírito Santo para escrever – necessidade da união com
a mente e vontade divina. Em segundo lugar, ela afirmava possuir completa
responsabilidade e liberdade para escolher as palavras:
“Se bem que eu dependa do
Espírito do Senhor tanto para escrever minhas visões como para recebê-las,
todavia as palavras que emprego ao descrever o que vi são minhas, a menos que
sejam as que me foram ditas por um anjo, as quais eu sempre ponho entre
aspas.”(9)
“Significações diversas são
expressas pela mesma palavra; não há uma palavra para cada ideia distinta.”(10)
Em suma, Ellen G. White
compreendia a combinação divino-humana como um processo progressivo na experiência
do profeta. A inspiração guiava o profeta como comunicador, não somente na
formulação inicial para transformar pensamentos em palavras, mas também no
aprimoramento subsequente de outras expressões de cunho individual ou com o
auxílio de outras pessoas.
Modelos de inspiração
profética
É notório lembrar que nem todos
os livros da Palavra de Deus foram escritos pelos profetas por intermédio de
sonhos e visões. Alguns livros da Bíblia foram escritos sob diferentes
processos de inspiração, como por exemplo, o evangelho de Lucas.
Nas páginas da Bíblia podemos identificar pelo menos seis modelos, ou padrões,
de inspiração. Esses modelos lançam luz para uma compreensão melhor do modo
pelo qual Deus Se comunica com a humanidade e nos ajudam também a entender de maneira
mais clara e evidente a dinâmica da inspiração nos escritos proféticos de Ellen
G. White. Tais modelos foram desenvolvidos pelo Dr. Juan Carlos Vieira em
1996(11):
- O modelo “visionário” de inspiração
– Esse modelo
sugere visões de caráter sobrenatural em que o profeta exibe sinais de
estar sob o controle de um poder sobre-humano. O modelo visionário também
inclui experiências à parte de sonhos e visões, assim como teofanias, na
qual a presença real de um ser divino é vista e ouvida. Moisés, no deserto
de Mídia, e Josué, nos planaltos de Jericó, receberam suas mensagens
pessoalmente de seres divinos. Visões são tão reais aos profetas que às
vezes é difícil para eles distinguir entre a visão e a realidade. Eles
podem dizer para as pessoas “Eu vi o Senhor” e “Eu ouvi a voz do Senhor”
(Is 6:1, 8).
- O modelo “testemunho” de inspiração
– Nesse
modelo, Deus inspira o profeta a dar seu próprio testemunho das coisas
vistas e ouvidas. Ser uma testemunha significa relacionar a história como
vista ou percebida por um indivíduo. Os evangelhos de Mateus e João são
exemplos deste modelo. Esses apóstolos não necessitaram de uma revelação
sobrenatural para contar a história de Jesus; eles fizeram parte da
história. Os Evangelhos não são em nada menos inspirados do que os
escritos visionários só por não terem sido resultado de uma visão. Alguns
adventistas têm dificuldade de entender como funciona a inspiração quando
Ellen White dá seu próprio testemunho em obras autobiográficas, ou quando
ela conta a história do movimento adventista. Estas declarações não são
menos inspiradas do que aquelas que ela inicia com a expressão “Eu vi”?
Não! A IASD não crê em “níveis” ou “graus” de inspiração; em vez disso,
cremos que Deus usa diferentes maneiras para inspirar alguém a escrever
uma mensagem.
- Modelo “histórico” de inspiração – Enquanto os Evangelhos de Mateus e
João são resultado do modelo “testemunho”, Marcos e Lucas são produtos do
modelo “histórico” de inspiração. Lucas nos conta claramente que sua
história sobre Jesus não surgiu por meio de sonhos ou visões, mas por
pesquisa (Lc 1:1-3). No modelo histórico, Deus inspira o profeta a
procurar informações em fontes como registros históricos, relatos de
testemunhas oculares, e tradições orais e escritas. Devemos estar seguros
de que Deus guia Seus servos para buscar pessoas confiáveis, a fim de
fazer as perguntas certas, e citar a fonte correta.
- Além de Marcos e Lucas, livros como Atos, Êxodo,
Josué, Esdras e Ester ilustram como alguns relatos históricos, incluindo
diários de viagem, se tornam parte de escritos inspirados. Nem Moisés nem
Lucas precisaram de uma revelação especial para registrar a história do
Êxodo ou da igreja apostólica. O modelo histórico de inspiração também nos
permite entender melhor por que Ellen White incluiu registros históricos –
muitas vezes de fontes seculares – nos seus escritos. O modelo histórico
de inspiração nos ajuda a entender o uso de fontes religiosas em vez de
visões e sonhos proféticos. Assim como Lucas procurou pessoas religiosas
em busca de informação sobre a história de Jesus, Ellen White foi a livros
religiosos e outras fontes literárias em busca de subsídios para compor
seus escritos.
- O modelo “conselheiro” de
inspiração – Neste
modelo, o profeta age como conselheiro para com o povo de Deus. Por
exemplo, Paulo lidou com assuntos de família na primeira carta aos
Coríntios. Em algumas circunstâncias, ele tinha o “comando” do Senhor (1
Co 7:10). Em outras, ele não tinha revelação especial (v. 25), mas isso
não o impedia de dar conselhos inspirados – conselhos vindos de uma mente
cheia do Espírito de Deus (v. 40). Uma grande parte dos escritos de Ellen
G. White se enquadra neste modelo de inspiração.
- O modelo “epistolar” de inspiração
– Cartas de
Tiago, João, Paulo e Pedro trouxeram inspiração, devoção, instrução e
correção aos cristãos do primeiro século como também aos de todas as eras.
Porém, na estruturação da dinâmica da inspiração, as epístolas nos
confrontam com novos dilemas: primeiro, como lidar com cartas pessoais
agora sendo feitas públicas por sua inserção no cânon bíblico? Segundo,
como entender a inspiração quando o profeta escreve cumprimentos, nomes,
circunstâncias, ou até mesmo coisas comuns que não requerem revelação
especial? Certamente, Paulo nunca imaginou que suas cartas a Timóteo, Tito
e Filemom se tornassem de domínio público. Mas o Senhor planejou que
aquelas cartas fizessem parte do cânon para trazer inspiração, instrução e
conforto para muitos ministros e cristãos jovens enfrentando
circunstâncias parecidas.
- Da mesma forma, Ellen White nunca imaginou que suas
cartas pessoais, especialmente endereçadas ao marido e filhos, se
tornassem de domínio público. Ao decidir disponibilizá-las, o comitê de
depositários do Patrimônio Literário Ellen White considerou dois princípios:
primeiro, a própria Ellen G. White afirmou que aqueles testemunhos que
tinham sido dirigidos a uma única pessoa para instruir, corrigir ou
encorajar em uma situação específica seriam úteis também a outras.
Segundo, se o Senhor permitiu que as cartas pessoais de Paulo estivessem
na Bíblia para servir a uma audiência maior, por que Ele não poderia fazer
a mesma coisa com um profeta posterior?
- O modelo “literário” de inspiração
– Nesse
modelo, o Espírito Santo inspira o profeta a expressar seus sentimentos e
emoções íntimos por meio da poesia e versos musicais, como nos salmos.
Ellen White não era poetisa, não obstante, ela expressou seus sentimentos
e emoções íntimos em milhares de páginas de diários manuscritos. Naquelas
páginas o cristão encontra inspiração, instrução, correção e conforto como
em qualquer outra porção dos escritos inspirados.
IV. Fenômenos físicos
durante as visões
Cada profeta que é chamado e escolhido por Deus para esse ofício é único,
singular. “Ao fazer um profeta, Deus toma a pessoa inteira – corpo, mente,
espírito, inteligência, personalidade, fraquezas, forças, educação,
características individuais – e depois procura por meio dessa pessoa proclamar
Sua mensagem e realizar uma missão especial”.(12) No entanto, a autoridade da
revelação encontra-se na mensagem e não no mensageiro. Todavia, isso não
elimina a possibilidade de conhecermos a vida e obra do profeta.
Porém, há alguns traços de comportamento que podem ser considerados evidências
comprobatórias do ofício profético. Tais aspectos são observados, sobretudo
durante o momento em que o profeta vivencia o processo da visão. O Dr. Herbert
Douglass relaciona dez características(13). Os profetas:
(1) Têm consciência de que uma
Pessoa sobrenatural Se comunica a eles; eles sentem um senso de indignidade;
(2) Frequentemente perdem as forças;
(3) Às vezes, caem por terra em profundo sono;
(4) Ouvem e veem acontecimentos em lugares remotos, como se estivessem
realmente presentes;
(5) Às vezes, não conseguem falar, mas, quando seus lábios são tocados, eles
conseguem fazê-lo;
(6) Muitas vezes, não respiram;
(7) Não têm consciência do que acontece ao seu redor, ainda que tenham os olhos
abertos;
(8) Às vezes, recebem força suplementar durante a visão;
(9) Recebem força e alento renovados quando a visão termina;
(10) Ocasionalmente, sofrem algum tipo de lesão física temporária como sequela
da visão.
É necessário compreender que nem todas as características apresentadas acima
são observadas a cada visão. Desta maneira, não devemos usar tais fenômenos
como a única prova para validar o ofício profético. Sendo assim, a credencial
de um profeta deve ser comprovada por vários fatores: (a) seus escritos; (b) o
fruto de seu trabalho; (c) a consonância entre a escrita e a prática de vida
perante a sociedade, etc.
V. Conclusão
Ao encerrarmos este comentário,
precisamos reconhecer que nosso Deus é a fonte de toda revelação pura e
perfeita; NEle “não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1:17). No
entanto, ao analisarmos o veículo humano (profeta) é necessário considerar a
possibilidade de erros e imperfeições, os quais são produtos da ação do pecado
durante os quase seis mil anos da história humana.
Entretanto, o Senhor nos surpreende com Seus caminhos maravilhosos e, aos olhos
humanos, aparentemente estranhos. Ao Se comunicar conosco, Ele escolhe seres
humanos falhos, mas dedicados que usam a linguagem humana imperfeita como
instrumento de comunicação de Suas verdades. Devemos ser gratos ainda, pois
nosso Pai celestial não escolheu uma linguagem “sobre-humana”, mas optou por
usar nosso próprio jeito imperfeito e comum de ver e entender as coisas.
Louvemos a Deus por Seu infinito amor manifestado por meio do Seu sistema de
comunicação, que nos traz graça, paz e esperança de salvação e vida eterna !
Bibliografia
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- Douglass, H.E. Mensageira
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