“Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus, como um trabalhador que não se envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente a verdade do evangelho” (II Timóteo 2:15 – NTLH).
Introdução
Tudo começou quando em uma reunião
com o pastor distrital discutíamos as estratégias a serem adotadas naquele ano em
relação ao projeto missionário Impacto Esperança para o ano eclesiástico em
questão. Lá se vão quase duas décadas (2006 foi o início do projeto) e
sinceramente não me lembro o ano em que estávamos.
Lembro-me que o pastor compartilhou
conosco o que se pretendia alcançar na Divisão Sul-Americana: milhões de livros
alcançariam milhões de famílias; levando em consideração que cada família fosse
composta de no mínimo três membros, os números simplesmente triplicariam e
finalmente resultaria de imediato em 1% de batismos. A minha reação foi instantânea:
“isso é muito pouco!” E
complementei: “São muitos os recursos financeiros, os talentos humanos empregados
num projeto de tamanha magnitude, o tempo dispensado para um resultado um tanto
quanto inexpressivo”. A partir daquele momento comecei a pautar meus estudos
teológico/eclesiásticos pessoais na busca de respostas para essa questão.
A busca por soluções
Uma vez que, para nós cristãos a Bíblia
deve ser considerada regra de fé e prática, ou seja, considerada como autoridade
máxima para a fé e nossa conduta, vamos primeiramente a ela em busca de
respostas. Está escrito:
“O meu povo
está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote,
rejeitaste o conhecimento ...” (Oséias 4:6 -
ARA).
“Se clamares por conhecimento, e
por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a
tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás
o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o
conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos”
(Provérbios 2:3-7 - ACF).
Jesus responde: “Peçam, e lhes
será dado […]. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e, a
quem bate, a porta será aberta” (Mateus 7:7, 8).
“Se algum de
vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa
vontade; e lhe será concedida” (Tiago 1:5 – NVI).
Em suma, a resposta consiste em
pedir a Deus que nos ajude.
“Examinai
tudo. Retende o bem” (I Tessalonicenses 5:21 - ARC).
Inspirado no livro A Pedagogia de
Jesus – O Mestre Por Excelência de autoria de J. M. Price, encontramos já no
primeiro capítulo intitulado A Idoneidade de Jesus para Ensinar, os motivos
pelos quais Jesus obteve tamanho sucesso na arte de ensinar. “Muitos elementos
contribuíram para prepará-lo eficientemente para o magistério. Alguns elementos
eram meramente humanos; outros, divinos; alguns lhe eram inerentes, e outros, Ele
os desenvolveu” 1.
São eles: A encarnação da Verdade, o
desejo de servir, a crença no ensino, o conhecimento das Escrituras, a
compreensão da natureza humana, o domínio da arte de ensinar.
Uma das causas de nosso insucesso
missionário, segundo o Pr. Júlio César Leal é que: "A menos que amemos
as pessoas, gastemos tempo com elas, e nos esforcemos para estar ao seu lado
será impossível compartilhar com elas o nosso conhecimento e experiência com
Deus". Pr. Júlio César Leal (Citado na Adventist World, edição Abril
2016, pág. 23).
Passar a enxergar mais claramente é preciso "Não
são só as pessoas de fora da igreja que precisam do toque curador de Cristo.
Dentro da igreja há cegueira também. Membros de igreja que têm visão apenas
parcial e veem as pessoas como estatísticas e objetos não notarão que muitos
novos bebês em Cristo saem pela porta de trás da igreja, e nem se importarão
com esse fato. Eles precisam do segundo toque de Jesus para passar a enxergar
mais claramente e para amar os outros como Ele amava" (LES10082016).
"A missão da igreja inclui cuidar das pessoas, mas com vistas a
motivá-las a querer o reino de Deus que um dia há de livrar definitivamente o
ser humano da condição degradante do pecado - não para ficar aqui"
(Thadeu J. Silva Filho, Revista Ministério edição Jul-Ago 2018, página 17).
“O
grande problema não é o que você não sabe. É o que você tem certeza que sabe,
mas não é verdade” (Mark Twain (1835-1910), pseudônimo de Samuel Langhorne
Clemens, escritor e humorista norte-americano do século XIX).
Resumindo, ao longo dessas quase duas décadas várias respostas vêm sendo
encontradas e acreditem, a principal causa não reside no tempo que as pessoas destinam
para suas atividades missionárias, nem na falta de material missionário
(Bíblias, livros, revistas, folhetos, CDs, DVDs) e sim no despreparo, na falta
de conhecimento suficiente para o cumprimento da missão.
Precisamos nos debruçar sobre o
conhecimento do ser humano, das relações interpessoais, dos temperamentos
humanos, das metodologias de ensino e técnicas de abordagem. Precisamos buscar
a Jesus nos evangelhos, descobrir como Ele tratava as pessoas e ir além das
belas histórias ali registradas. Precisamos extrair lições práticas para o
nosso dia a dia, verdades e princípios ali contidos. Precisamos acreditar mais
no poder da oração intercessória.
E por falar em oração, em um de seus
livros intitulados A Oração de Jabes, o Dr. Bruce H. Wilkinson, além de fazer uso
de uma metodologia de ensino interessante ele nos faz uma contundente pergunta:
“Como é que um gigante na fé começa suas orações?” 2. E aí, quando o personagem que pode ser você ou
eu, descobre a resposta fica chocado: “Ó Senhor, a primeira coisa que te
peço nesta manhã é que abençoes ... a mim!’ 3
Mantenha distância dos influencers;
nunca de homens e mulheres santos
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo” (II Pedro 1:21 – ACF).
Falaram? Não falam mais? Obviamente que sim!
Onde
eles estão? Somente dentro da IASD? Ellen G. White afirma que “Deus tem filhos,
muitos deles nas igrejas protestantes, e um grande número nas igrejas católicas
...” 4. Logo ...
Uma pequena aula de história
Na história do adventismo o nome da
Sra. Pierson deveria figurar com maior destaque. Motivo: Seu filho Roberto,
vivendo uma adolescência despreocupada e sem cuidados, havia perdido
gradualmente o entusiasmo pelo “reino de Deus e Sua justiça”.
O amor aos esportes ocupava um lugar
preferencial em seu coração.
A Sra. Pierson acreditava no poder
da oração intercessória e com frequência se levantava altas horas da noite para
derramar perante Deus sua alma atribulada e aflita, intercedendo em favor
daquele que era um prolongamento de sua vida, desdobramento de seu amor. O Pr.
Enoch de Oliveira, em seu livro intitulado A Mão de Deus ao Leme (1ª edição,
1985, págs. 283/285, CPB), a compara a viúva importuna descrita nos evangelhos.
Um dia chega a notícia: “Mamãe
gravemente enferma. Regresse com urgência”.
2400 km separavam mãe e filho
naquele momento e Roberto inicia a viagem em seu velho carro que duraria três
dias. E enquanto viajava as lembranças da mãe passam pela sua mente como num
filme.
A distância entre os estados da Iowa
e Flórida era evidentemente grande e uma pergunta não saia de sua mente: Será
que chegarei a tempo para dizer a minha mãe que não mais estou fora dos
caminhos do Senhor?
Com efeito, o Espírito Santo estava
realizando sua obra poderosa e transformadora no coração de Roberto.
Quando ele chega sua mãe já havia
entrado em coma. Não viveu o bastante para ver que suas orações foram
atendidas.
Profundamente triste retira-se para um
aposento para dialogar com Deus. Ajoelhou-se junto a uma cama, abriu a Bíblia
diante dele e, em prantos sentenciou.:
“Senhor, aqui estou, exatamente
onde deveria ter estado há anos. Agora, a Ti me entrego sem reservas. Que
queres que eu faça”?
Como resposta, fulgurou em sua mente
o texto inspirado: “Dá-Me, filho Meu, o teu coração e os teus olhos observem
os Meus caminhos” (Pv 23:26).
O jovem Roberto Howard Pierson
concluiu o curso teológico em 1933 e em 1966 chegava à presidência da
Associação Geral (1966 -1979).
Escreveu um livro intitulado Para
Você Que Quer Ser Líder onde figura uma oração, que ele próprio escreveu quando
ainda dirigia os destinos da igreja.
Nesta simples oração encontramos o segredo de
uma existência vitoriosa, de uma vida de fé a serviço de um grande ideal.
Mesmo que você nunca tenha visto,
lido ou ouvido falar acerca deste grande servo de Deus é perfeitamente possível
conhecê-lo, traçar o seu perfil, vislumbrar o seu caráter, os princípios
divinos que norteavam sua vida. Sua oração é uma verdadeira assinatura.
Querido Senhor:
1 - Ajuda-me a ser eu mesmo o que
desejo que os outros se tornem – um cristão nascido de novo e praticante.
Qualquer reputação como um líder deve ser medida com esta que é a mais elevada
de todas as vocações.
2 - Ajuda-me a exercer maior tato, a
ser tão solícito e bondoso como Jesus foi com os que eram alcançados por Sua
vida. Ajuda-me a nunca ser rude, nunca falar desnecessariamente uma palavra
severa, jamais ocasionar dores desnecessárias a uma alma sensível.
3 - Ajuda-me a ser corajoso, alegre,
zeloso e possuído de santo entusiasmo para meu trabalho [Jr. 48:10 pp].
4 - Dá-me uma consciência que sinta
nitidamente o pecado da inatividade; capacita-me a abrir portas de oportunidade
nas muralhas que me separam do mundo.
5 - Que eu nunca pergunte: “Isto
é seguro?” “Isto é político?” “Isto é popular?” Mas sempre: “Isto
é correto?”
6 - Ajuda-me a aumentar o valor de
todas as pessoas que me rodeiam.
7 - Ajuda-me a ser suficientemente
grande para passar por alto os menosprezos, sejam intencionais ou
despercebidos, a perdoar e a esquecer as injúrias.
8 - Dá-me graça para jamais retaliar
ou ser vingativo – sobretudo, Senhor, nunca usar a minha influência ou posição
para me vingar de alguém que se a pôs a mim ou me feriu.
9 - Ajuda-me a nunca criar desnecessariamente
problemas com os meus companheiros de trabalho.
10 - Que eu possa evitar a
trivialidade. Que eu esteja disposto a ceder em pontos que não envolvam
princípios.
11 - Ajuda-me a tratar aqueles que
estão “sob minhas ordens” com tão grande respeito e deferência como
trato meus “superiores”.
12 - Ajuda-me a nunca passar a culpa
a outros, mas aceitar a minha responsabilidade quando as coisas saem erradas.
13 - Ajuda-me a não pedir aos outros
o que eu posso, mas não quero fazer. Permita-me exercer a liderança mais, por
exemplo, do que por preceito.
14 - Ajuda-me a regozijar-me sempre
com o êxito de um irmão, mesmo quando tenha sido as minhas custas.
15 - Não permitas que me alimente das
cascas dos fracassos e tolices dos outros. Senhor se não tenho nada de bom para
dizer de um irmão, ajuda-me a manter a minha boca fechada [v. tb. Tg 1:19].
16 - Lembra-me com frequência, cada
dia que “o que guarda a boca conserva a sua alma; mas que muito abre os
lábios a si mesmo se arruína” [Provérbios 13:3].
17 - Concede-me paciência debaixo da
provação, recorda-me as palavras do sábio: “A resposta branda desvia o
furor, mas a palavra dura suscita a ira” [Provérbios 15:1].
18 - Ajuda-me a ceder sempre
graciosamente quando meu irmão não vê luz em meus planos ou propostas.
Unicamente quando princípios estão em jogo, ajuda-me a permanecer “firme
pelo que é reto, ainda que caiam os céus” [Educação, pág. 57].
19 - Ajuda-me a não agir impetuosamente ou em
julgamento apressado. Quero lembrar sempre que as emergências demandam uma
atenção e uma ação imediatas, mas a maioria das decisões é tomada numa
atmosfera de oração e reflexão.
20 - Ajuda-me a usar sabiamente os
recursos do Senhor - não são meus, mas Teus, e muitos desses centavos vieram
através de muitas horas de trabalho e de abnegação.
21- Ajuda-me a não me comprometer
tanto com as responsabilidades administrativas que eu perca de vista a minha
mais elevada vocação – ganhar almas. Relembra-me frequentemente que estou nesta
vida, unicamente a fim de preparar-me e preparar outros para a vida porvir.
22 - Ajuda-me a ser um homem de
oração e um homem da Palavra, e que nunca encoraje a outros nestes dois
importantes requisitos de êxito espiritual, meramente por preceito. Que cada
dia comece e termine Contigo.
23 - Que nunca creia que nenhuma
tarefa, com a ajuda divina, é impossível.
24 - Ajuda-me a nunca dar menos do
que o meu melhor a Ti e a Tua obra – “boa medida, recalcada... e
transbordante” [Lc 6:38].
25 - Que eu faça sempre de Cristo o
primeiro, o último e o melhor em todas as coisas. Amém!!! 5.
Conclusão
Sejamos gratos a Deus por tudo o que
Ele já realizou em nossas vidas, pelo que Ele atualmente realiza no Céu em
nosso favor e por tudo que ainda faz e fará em prol da nossa salvação.
Que a expressão “maranata” (I
Cor16:22), ultimamente tão esquecida, se constitua realmente em uma invocação
para que o nosso Senhor Jesus volte para buscar-nos e também um lembrete para
manter nossos olhos fixados nas coisas espirituais (eternas).
Precisamos nos esforçar para viver
bem com todos e procurarmos ter uma vida santa; pré-requisitos sem os quais
ninguém verá a Deus (Hebreus 12:14).
Se tivermos alguma coisa para nos
gloriar que não seja nem a nossa força, nem a nossa riqueza; mas sim o entendimento
e o conhecimento de que Deus é o Senhor (Jeremias 9:23-24).
Que a busca por esse tipo de conhecimento
seja uma constante em nossas vidas.
E por fim acreditem, a nossa tão
desejada e necessária idoneidade só será alcançada quando cada um de nós
permitir Deus ser Deus em nossas vidas. Porque está escrito: “Estou convencido de que Aquele que começou boa obra em vocês, vai
completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses
1:6 – NVI).
Que o conhecimento seja a palavra
de ordem!
É o meu desejo e a minha oração.
Amém!!!
Referências bibliográficas:
1 – A Pedagogia de Jesus – O
Mestre Por Excelência, J.M. Price, págs.9-24, 1975, JUERP.
2 – Bruce H. Wilkinson, A
Oração de Jabez, pág., 19, Editora Mundo Cristão, 2001.
3 - Bruce H. Wilkinson, A Oração de Jabez, pág.,
19, Editora Mundo Cristão, 2001.
4 – Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas, vol. 3, pág. 386, 1987, CPB.
5 – Robert Howard Pierson, Para
Você Que Quer Ser Líder, págs. 220-222, IAE (dept° gráfico).
©Nelson Teixeira Santos
"Para Cristo, o fortalecimento das relações interpessoais era de suma importância. Ele valorizava as conexões familiares, celebrava a amizade verdadeira e trazia equilíbrio ao casamento. Sua sociabilidade decorria de Sua amabilidade, de Sua preocupação e de Seu cuidado com o próximo. Por isso, grande parte de Seus ensinamentos consistia em fomentar relações, despertando as que estavam adormecidas com um impulso de esperança e reatando com a força do arrependimento e do perdão os laços desfeitos" (Víctor Armenteros, MD 04112024).
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