Por
vezes, na igreja sobram línguas para criticar destrutivamente, e faltam braços
para fazer.
Qualquer
que seja a necessidade da igreja, quando alguém resolve fazer a obra, não
faltarão aqueles que dirão que fariam diferente, os mesmos que nunca se
apresentaram para fazer. Os que estiverem fazendo terão que ter muita convicção
para não permitirem que o dom seja apagado. Em casos como este, precisa-se de
pessoas que se alistem no grupo, que usem seus braços para trabalhar, nunca a
língua para destruir.
Por
vezes, na igreja sobram dedos para apontar os erros dos outros, e faltam ombros
para sustentar os que querem ficar firmes.
A
tendência humana competitiva também grassa na igreja, de modo que o fracasso de
um é discretamente comemorado. Quando se confirmam as direções dos nossos
dedos, em lugar de chorar, preferimos dizer: "não falei?".
A queda é
uma possibilidade na vida do crente. Mas é triste saber que há pessoas que têm
de trocar de igreja para recomeçar suas vidas. Deus já as perdoou, mas, muitas
vezes, nós não perdoamos.
Por vezes, na igreja sobram olhos
para ver as brechas, e falta disposição para tapar uma só delas.
Em outras
palavras, por vezes, na igreja sobram ligeiras pernas para escorregar dos
compromissos, e falta vigor para se pôr a caminho. Nós somos capazes de fazer
belos diagnósticos, identificando os problemas da igreja. No entanto, nós nos
esquecemos de que, quando não nos empenhamos em solucioná-los, nós somos os
problemas.
Precisamos
de fiéis que se disponham a se pôr na brecha, para serem usados por Deus, para
reparar a iniquidade (Ezequiel 22:30).
Por
vezes, na igreja sobra cérebro para discutir temas irrelevantes, e falta
inteligência e criatividade para encontrar soluções novas para um tempo novo
que tem as carências de sempre.
Como
perdemos tempo com coisas sem importância!
Enfim, em
alguns momentos, na igreja sobram palavras, palavras de compreensão e
entendimento, e faltam ações, ações de compreensão e entendimento.
Jesus
recomenda (Mateus 18.15) que, quando tivermos alguma informação sobre um irmão,
nós temos que ir a ele, para saber o que está acontecendo e ajudá-lo, se for
possível. No entanto, achamos que a maneira de ajudar este irmão é espalhar a
informação que temos dele a um amigo mais íntimo, que o divulga para outro
irmão mais íntimo, que pede oração a um grupo íntimo. Quando o irmão-vítima
fica sabendo, ele esclarece que não é nada daquilo, mas já não é mais possível
recolher as penas lançadas do alto da montanha.
Este
irmão, certamente, será um que terá que lutar muito com Deus para que o dom não
seja apagado por um cristianismo teórico demais nas intenções boas e prático
demais nas realizações más.
Por isso,
e por outros fatores, há muita gente cansada de igreja, gente que logo ficará
cansada de Deus, gente que logo se afastará de Deus, às vezes,
irremediavelmente.
Há gente
cansada porque fez muito e acabou sufocada pela incompreensão e pela crítica.
Há gente cansada por não ter feito nada. Há gente que se cansou de sua própria
acomodação. Há gente cansada de esperar atitudes coerentes.
Autor: Israel Belo de Azevedo,
Fonte: Gente Cansada de Gente, págs.16-19, (Editorial
Habacuc, 1ª edição Setembro / 2003).
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