Pular para o conteúdo principal

RELAÇÕES INTERPESSOAIS



“Não é bom que o homem esteja só Gênesis 2:18

             Introdução
          Gênesis 2:7 descreve DEUS criando Adão e apresenta o homem como um ser moral livre e inteligente; também afirmando logo em seguida que “não é bom que o homem esteja só Gênesis 2:18

             Objetivo da mensagem
          Mostrar que o fato de ser dotado de moralidade implica responsabilidade, e todos nós, querendo ou não, aceitando ou não, somos e seremos responsabilizados pelos nossos pensamentos, atos e palavras (Ec 12:14; Mt 5:28; Mt 12:36-37).

          Definição
          Relacionamento interpessoal é um conceito tratado na área das ciências humanas pela sociologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais pessoas, ou seja, o fato de viver em sociedade, inevitavelmente, nos faz criar laços com os demais. Este tipo de vínculo é conhecido como relações interpessoais.
          O conceito relações interpessoais pode ser abordado através de duas perspectivas: uma individual e outra coletiva.
          Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto onde ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar, eclesiástico, de trabalho ou de comunidade.
          Presente também nas Santas Escrituras; teologicamente falando ele vai além, transcende os limites da humanidade, pois envolve a nossa relação com o nosso Criador, e dela depende toda nossa experiência cristã, inclusive a nossa salvação.

          O ideal divino
          Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união(Salmos 133:1 – Versão ACF).
          O que o texto bíblico afirma?
          Bom e suave” – ACF; “é bom, é agradável” - VC; “é bom e agradável” – NVI / NVT / NTLH / O Livro; “Quão bom e quão maravilhoso é...” diz um corinho muito conhecido no meio evangélico!
          E vivemos assim? É óbvio que não! Parece algo utópico demais para nós seres humanos alcançarmos esse padrão divino. A pergunta contundente: por quê?

           A resposta
           Para encontrarmos a verdadeira resposta precisaremos voltar no tempo, aos primórdios da criação, algo em torno de 6000 anos e apelarmos para Bíblia.
           A Bíblia já havia sido escrita há 6000 anos? Obviamente que não. Ela começou a ser escrita por volta de 1500 a. C. (quando o homem passou a dominar a escrita), e também não nos informa exatamente quando o fato correu, ela apenas relata o acontecido.
           Gênesis 3:8 relata que DEUS, após a criação desenvolveu um hábito muito peculiar: passear pelo Jardim do Éden ao cair da tarde. “As visitas periódicas de DEUS perto do final do dia sempre haviam sido ocasiões de deleite para o casal”.1
            Periódicas, ocasiões de deleite, até aquele fatídico dia da queda, quando ocorreu a última visita.
            Aquilo que nós conhecemos como “transgressão da lei”, ou seja, o pecado, em essência comprometeu de forma dramática (atentem para a gama de sinônimos - afetou, anulou, danificou, estragou, inutilizou, invalidou, lesou, prejudicou) nossa relação para com DEUS e de uns para com os outros. A palavra chave aqui é relação.
            Uma das piores consequências da queda é vista nas relações interpessoais. Desde o ato de Adão ao tentar culpar Eva por seu pecado (Gn 3:12) até este momento aqui na Terra, a humanidade tem sido devastada e degradada pelo conflito entre as pessoas. Infelizmente, os conflitos não estão presentes apenas no mundo, mas na igreja também.
            Todavia, DEUS, em sua Onisciência sabia que para levar adiante o plano da redenção era necessário que a relação entre Criador e criatura continuasse existindo, não mais face a face, ainda que de outras formas, limitadas pela existência do mal.
            O Decálogo mostra de modo incontestável como deve ser a relação vertical com DEUS (os quatro primeiros mandamentos) e a relação horizontal com nossos semelhantes (os últimos seis mandamentos).
            Surpreendentemente, os fariseus exaltavam principalmente os quatro primeiros preceitos da Lei de DEUS, como sendo mais importantes que os últimos seis e, como resultado, falharam quando se tratava de assuntos de religião prática. “Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas” (Mateus 23:23 – NVI).
            Caso esta norma divina de proceder não seja respeitada, de nada adiantará jejuns, semanas de oração, semanas de reavivamento espiritual, santas ceias, vigílias, até mesmo as orações podem ser abomináveis à vista de um DEUS santo.
            Está escrito: “Façam disso uma prática comum: confessem seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês possam viver juntos, integrados e curados. A oração da pessoa justificada por DEUS é poderosa e vitoriosa”.2
            A Palavra de DEUS não deixa dúvida alguma, ela afirma categoricamente:
           Prestem atenção! O braço do Senhor não está encolhido para que não possa salvar! Ele não é surdo para que não possa ouvir. O problema são os seus pecados; por causa deles, vocês estão separados de DEUS. Por causa dos vossos pecados, DEUS desviou o Seu rosto de vocês e não ouve mais o que vocês pedem”.3
            Para ser considerado justo é necessário ser perdoado por DEUS, para ser perdoado por DEUS é preciso humildade suficiente para reconhecer-se como pecador, é preciso sentir a necessidade de um Senhor e Salvador pessoal, é preciso aceitar o sacrifício expiatório realizado por Cristo na cruz do calvário, é preciso confessar pecados, abandoná-los e passar a viver em novidade de vida! Só assim posso ser considerado junto!
            Talvez, a semelhança dos discípulos de Jesus você esteja se perguntando: “Então quem se salva neste mundo?” (Mateus 19:25 – O Livro).
            Se sim, ouça a resposta do próprio Jesus: “Jesus olhou para eles e respondeu: Humanamente falando, ninguém. Mas a Deus tudo é possível” (Mateus 19:26 – O Livro);  DEUS também tem uma resposta para você: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1:6 – ACF).

            A lição de vida a ser posta em prática
            Ao se despedir dos discípulos Jesus proferiu um sermão (Jo 13–17).  
            Trata-se de uma fala recheada de promessas, orientações, apelos à unidade, à santificação e ao engajamento na missão. 
            Presente também a garantia de que a comunicação entre Ele e os discípulos seria mantida por meio do ministério do Consolador, o Espírito Santo. Este os guiaria, capacitaria para o cumprimento da missão, inspiraria e os tornaria sábios a fim de superarem obstáculos e desafios ao longo da caminhada.

            Regras básicas (responsabilidades) no plano horizontal
            1ª – Desde criança somos ensinados a cuidar das janelinhas da alma, chamadas pela ciência de: os cinco sentidos - a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato.
            Eles fazem parte do sistema sensorial, responsável por enviar as informações obtidas para o sistema nervoso central que, por sua vez, analisa e processa a informação recebida. Por essa razão a Palavra de DEUS afirma: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4:23 – ACF). Este conselho divino nos remete a primeira regra: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4:8 – ACF).

           2ª – Para a maioria das pessoas a regra válida e: “Faça aos outros antes que eles façam a você”. Como cristãos, reconhecemos que essa é uma versão muito deturpada de Mateus 7:12 – A regra áurea: Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus 7:12 – ACF). Esta é no entender da senhora White “a verdadeira norma do cristianismo” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, págs. 136/137).  

            3ª – O apóstolo Paulo nos exorta a fazermos tudo o que estiver ao nosso alcance para ter paz com nossos semelhantes, está escrito: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Romanos 12:18 – ACF).
            Na verdade Paulo estava apenas reiterando e o fez por diversas vezes em suas epístolas, o que Jesus havia proferido no Sermão da Montanha, ou seja, cristão que se preza, deve seguir, promover, exercitar a paz, enfim, deve ser pacífico, pois: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9 – ACF).

             4ª – Não existe na Palavra de DEUS (pelo menos nas versões clássicas) a palavra fanatismo. A palavra comumente usada nos textos bíblicos é zelo, definida como: “Dedicação ardente; desvelo; cuidado4. Isso não é mau ou ruim, “pois o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso” (Êxodo 34:14 – ACF); o próprio DEUS se autointitula  como: “Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso” (Êxodo 20:5 – ACF).
            O problema passa a existir quando excessos são cometidos; aliás, isso define fanatismo: “Paixão cega que leva alguém a excessos em favor de uma religião, doutrina, partido, etc. – Dedicação excessiva5.
           O texto paulino é abrangente, completo, ele engloba tanto o lado bom quanto o lado ruim respectivamente: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento” (Romanos 10:2 – ACF).

             5ª – Como defensores da “verdade presente” como também de que a “revelação é progressiva”, cabe a nós como cristãos, estar abertos a novas verdades, principalmente a verdade profética, mas devemos ser cuidadosos em nossa avaliação das novas ideias; elas precisam estar fundamentadas no “assim diz o SENHOR”; daí o conselho:
Examinai tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses 5:21 – ACF).

             6ª – Nenhuma ordem de Jesus é mais debatida e considerada mais difícil de ser guardada do que a regra áurea do amor: “Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam” (Lucas 6:27 – ACF).
            Ela não consiste no que não fazer, mas no que fazer. Em vês de dizer: “Não odieis” vossos inimigos, ela recomenda: “Amai os vossos inimigos”. Em vez da lei da reciprocidade (olho por olho, dente por dente), a regra áurea exige a ética da bondade pura: dar a outra face.

             7ª – O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) comparou a raça humana a porcos-espinhos aquecendo-se em uma noite de inverno. Ele disse: “Quanto mais frio lá fora, mais nos aconchegamos para nos aquecer; mas quanto mais perto chegamos uns dos outros, mais nos ferimos com nossos espinhos pontiagudos. E na noite solitária do inverno da Terra, acabamos nos separando e vagamos solitários, morrendo congelados em nossa solidão!” 6.
            Até o simples porco-espinho pode ensinar lições valiosas. Como podemos ignorar a dor dos ferimentos e chegar ao coração das pessoas a quem DEUS pediu que amássemos? Por isso é imperativo que: Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também(Colossenses 3:13 – ACF).
            
           Conclusão
           Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15 – ACF).   
           Ajuda-nos a entender como a vida é breve, para que vivamos com sabedoria(Salmos 90:12 – NVT).
            É o meu desejo e a minha oração. Amém!





Referências:
1 – Comentário Bíblico Adventista – Série Logus, vol. 1, pág. 216
2 - Tiago 5:16 – Peterson, Eugene H., The Message: The Bible in Contemporary Language, Portuguese    Edition, Page 1731).
3 – Isaias 59:1-2, Nova Bíblia Viva, pág. 615, Editora Mundo Cristão.
4 – O. S. Boyer, Pequena Enciclopédia Bíblica, pág. 651, Editora Vida.
5 – Grande Enciclopédia Larousse Cultural, pág. 2349, Editora Nova Cultural.
6 – Edward K. Rowell, Fresch Ilustrations for Preaching and Teaching, Page 135.


©Nelson Teixeira Santos

Comentários

  1. "Tão certo como fomos criados para os relacionamentos, não nos relacionaremos de modo benéfico com os semelhantes nem com nós mesmos, a menos que, a sós, realimentemos nosso relacionamento com Deus" (Zinaldo A. Santos,MD 21052020).

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

AS TRÊS FASES DO JUÍZO DE DEUS

Apocalipse 14:6-7                                      Introdução             É um prazer tê-los em nossa igreja para mais uma noite de estudos do livro de Daniel. Nossa proposta é que todos os domingos aprendamos verdades divinas reveladas na Palavra de Deus. No domingo passado estudamos sobre um tema magnífico e antes de entrarmos na aula de hoje, iremos recapitular rapidamente o nosso estudo anterior.             Relembrando             Ao relembrar o gráfico profético vemos que antes da 2ª vinda de Jesus, ocorreria o juízo de Deus, você lembra?             Jesus não vem para julgar, Ele vem para dar a recompensa. O julgamento já terá ocorrido antes dEle voltar e este julgamento é chamado de julgamento investigativo, ou juízo investigativo (Apocalipse 22:12).             É chegada a hora do seu juízo             Leiamos Apocalipse 14:6-7             Devemos destacar alguns pontos nestes versos:             1° essa seria uma mensagem pregada em todo mu

DEZ INIMIGOS DA ORAÇÃO EFICAZ

           Segundo afirma o Pr. John Maxwell, em seu livro intitulado “Parceiros de Oração” existem aproximadamente dez inimigos da oração intercessória eficaz.            I João 5:15 diz que Deus sempre nos ouve.             Isto significa que Ele vai conceder tudo o que pedimos?            “Há condições para o cumprimento das promessas de Deus e a oração nunca pode substituir o dever”. PJ, pág. 143.            Uma coisa, porém, é certa. Deus ouve e responde a todas as orações.            Há, entretanto, três maneiras de Deus responder aos nossos pedidos: sim ; não e espere um pouco .   Alguns exemplos bíblicos que confirmam tal citação:            ·   Um homem leproso pediu para Jesus cura-lo. Jesus o curou imediat. Mat. 8:1- 6;            ·   Josué e Calebe tinham o desejo de tomar posse da terra prometida imediatamente. Mas tiveram que esperar quarenta anos (14600 dias). Num. 14:8;            ·   Moisés rogara a Deus que o deixasse cruzar o Jordão imed

ONDE ESTÁ ESCRITO QUE...

           Introdução .            Existe, inclusive no meio adventista, uma coisa interessante que os estudiosos denominam de cultura corporativa. Trata-se de um conjunto de regulamentos, de regras, de preceitos, que são levados a sério, até demais, muito embora não estejam escritos em lugar nenhum.             “Não tenho nenhum desejo de perturbar a fé de ninguém. Pelo contrário, quero que essa fé seja sincera, realista e verdadeiramente bíblica. Mas os crentes, por vezes, creem em coisas que não estão na Bíblia, por causa de um método errado de interpretação ou de uma esperança infantil de que Deus assumirá as responsabilidades por elas” . (O Mito da Grama Mais Verde de J. Allan Petersen, 4ª Edição/ 1990, Juerp, pág. 63).             O objetivo deste estudo é levá-lo a rever seus conceitos .            Deus é avesso a mudanças?            Todos nós certamente temos a resposta na ponta da língua. Sim. Está escrito lá no livro de Malaquias 3:6. Ou então está lá n