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DAVI, O MENINO PASTOR



Sou pastor e cuido das ovelhas do meu pai. Quando um leão ou urso atacava um cordeiro do rebanho, eu saía atrás, matava-o e resgatava o cordeiro. Se o animal quisesse me atacar, eu o agarrava, torcia seu pescoço e o matava. Leão ou urso, qualquer um deles eu matava” (I Samuel 17:34-35 – A Mensagem).


            Introdução
            Não se trata de uma crítica e sim de uma constatação o fato de que nós, como igreja, adquirimos ao longo do tempo, hábitos que por si só e que aparentemente são inofensivos, porém, com o passar do tempo eles acabam nos induzindo ao erro e erro em questões espirituais é sinônimo de pecado e pecado é o quê?
            Temos a Bíblia como “regra de fé e prática”, contudo, ao fazer uso dela, muitas vezes, por falta de conhecimento achamos, dramatizamos, romanceamos, especulamos, incluímos, excluímos, omitimos, exageramos, contextualizamos; tudo segundo a nossa conveniência pessoal ou institucional.
            Pecamos ao atribuir a Palavra de Deus conceitos, valores, princípios, ordenanças, conselhos, ensinamentos e até puxões de orelha que não fazem parte de suas páginas!
            É por essa e por outras razões que Deus em Sua onisciência, antecipando que as coisas ficariam sérias demais, por conta disso, incluiu no último livro da Bíblia, maldições para quem retirasse ou acrescentasse algo ao seu conteúdo (Ap 22:18-19).

            Apenas dois exemplos para elucidarmos a questão:

            - Você certamente já ouviu falar de Hatshepsut. De quem?
            Certamente que já. Apenas você não consegue associar o nome com a pessoa. Por alguma razão que nos é desconhecida, seu filho adotivo omitiu seu nome.
            Abra sua Bíblia em Êxodo 2:5 e irá encontrá-la; e você certamente também já deve ter ouvido alguém contando uma história mais ou menos assim: E então a “linda princesa egípcia foi banhar-se nas águas do rio Nilo...”. Ouviu? Não ouviu? Eu já ouvi!
            Linda? Linda coisa nenhuma!  A história afirma que ela adotava os atributos faraônicos (reservados exclusivamente aos homens, até então mulheres não governavam no Egito), tais como títulos, nomes, cetros, barba postiça, tanga curta e cauda de touro.
                        
            - De modo semelhante transgredimos os princípios da Hermenêutica quando  tomamos por base apenas parte de um versículo bíblico, como por exemplo, a  primeira parte do versículo 6 do capítulo 4 de Oséias que afirma: “porque meu povo se perde por falta de conhecimento” (Oséias 4:6 – VC).
            Se continuarmos a leitura do texto bíblico encontraremos o motivo de nos perdermos por falta de conhecimento. Para alguns é conveniente que não saibamos e, por conseguinte, que carreguemos sozinhos a culpa!
             A última parte do texto revela de quem é a responsabilidade de transmitir ao povo de Deus o conhecimento necessário para que alcancem a vida eterna, ou seja, para que se salvem!
            Erramos e pecamos quando acabamos institucionalizando os personagens bíblicos, recriando-os segundo nossa conveniência pessoal ou institucional.

            Fazemos isso com quase todos eles, inclusive com Davi!


            O menino pastor Davi bíblico
            Um jovem, o mais novo entre oito irmãos, que se assentava na grama compondo e entoando hinos de louvor a Deus enquanto apascentava as ovelhas de seu pai Jessé, o belemita (1 Samuel 16:10). “Ele era ruivo, de belos olhos e boa aparência” (1 Samuel 16:12 -  NVI).
            Um jovem de atitudes simples e corajosas que costumava caminhar entre as ovelhas do rebanho chamando-as pelo seu nome, tratando de suas machucaduras e levando-as para lugares onde se sentissem seguras.
            O relato bíblico revela que certa vez no exercício de sua tarefa diária teve que defender um das ovelhas do ataque de um leão. Sem levar em conta os riscos que corria, optou por fazer o que se esperava de um verdadeiro pastor!
            Certamente foi nessa época que Deus forjou o seu caráter, pois foi tão marcante sua coragem, sua humildade que isso chamou a atenção de Deus para si por seu coração tão humano!
            Se o próprio Deus chegou a dizer “Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o Meu coração, que executará toda a Minha vontade” (Atos 13:22 – ACF), através dos olhos da fé podemos deduzir que não foi pelos atos que ele praticou quando adulto. Ele era apenas um menino pastor quando o profeta Samuel, a mando de Deus foi até Belém e o ungiu como futuro rei de Israel!
            Muitas lições que podemos aprender através deste menino, entre elas:

            I – Aprender a valorizar toda forma de vida
            Atualmente vemos pessoas morrendo a todo instante, pelos mais banais e variados motivos, então chega uma hora em nosso coração, que vidas passam a ser números estatísticos.
            Morreram assassinadas no Brasil em 2018, 51.589 pessoas, mas, estamos indo bem porque em 2017 foram 59.128, um decréscimo de 12,8%.
            Em 2016 foram registrados 37.345 mortes de trânsito; igualmente progredimos, pois em 2014 ocorreram 43.870, ou seja, um decréscimo de 14,8%.
            Esta é uma visão guiada pela "boa média". Trata-se de algo desumano; de uma falta de sensibilidade gritante da parte daqueles a quem compete zelar pela vida!
            Davi gastou todas as suas forças para salvar uma ovelha (I Sam 17:34). Talvez alguém vendo a situação aconselhasse a Davi: "Ei cara, ovelhas são atacadas por leões e ursos todos os dias, então pare de bancar o herói porque assim vai acabar morrendo. Amanhã virá um outro leão e então não haverá jeito, a vida é assim mesmo". “Permaneça em sua zona de conforto“ Será?
            Davi sabia que não poderia resolver todos os problemas da vida, não resolveria o problema de todos os rebanhos, nem de todas as ovelhas, mas aquela ovelha não morreria enquanto ele pudesse fazer alguma coisa. Ele se entregou de coração em defesa daquela ovelha sem pensar se salvar aquele animal valeria a pena ou não.
            Davi valorizou a vida e ponto final, sem questionamentos ou probabilidades, ele fez a opção pela vida. Davi, o menino pastor ousou deixar sua zona de conforto!
            
            II – Aprender a não cometer o pecado mais comum em nossos dias
            Em uma sociedade extremamente egoísta como a que vivemos, ouvimos constantemente: "cada um com seus problemas”;cada um em seu quadrado”; “em briga de marido e mulher não se mete a colher"; “em brigas entre pais e filhos não se interfere”; “a responsabilidade não é minha" e se a responsabilidade não é minha de fato e nem de direito, eu não preciso mover um dedo para fazer alguma coisa.
            A lógica é simples: se não é por minha culpa que a desgraça está acontecendo eu não tenho que interferir em nada. A semelhança de Pôncio Pilatos, simplesmente lavo minhas mãos Será?
            Quando aquele pastorzinho chegou ao front, ou seja, na linha de frente da guerra contra os filisteus, levando comida para seus irmãos (I Sam 17:17), ele não pode deixar de se envolver com o problema.
            Davi era pastor de ovelhas, não entendia nada de guerra, mas mesmo assim, não se pôs de lado apenas observando o problema.
            Os seus irmãos ainda tentaram persuadi-lo a não se meter naquele negócio, porém seu compromisso com Deus e com o povo de Deus falou mais alto.
            Muitas vezes é mais fácil se esconder atrás de normas, regras, de posição, de nossas impossibilidades e dizer para o outro "eu não posso fazer nada por você".   
            Aprendam uma coisa amados: leis, regras, regulamentos, ordenanças são feitos para facilitar a vida; quando se tornam empecilhos, precisam ser revistos!
            Ninguém precisa realmente enfrentar gigantes pelo outro, mas pelo menos podemos nos colocar ao lado do guerreiro, ajudá-lo em suas feridas!
            Davi sabia que existem circunstâncias que devemos fazer muito mais do que nos é exigido, precisamos nos doar muito mais do que se espera. Jesus chamou a isto de “andar a segunda milha”!

            III – Aprender a amar incondicionalmente
            Às vezes temos a mania de escolher a quem amamos e a quem vale a pena doar nossos esforços. Como cristãos que somos - péssimas escolhas!
            Davi sabia naquele momento - em que aquela ovelha estava ameaçada - que teria de fazer alguma coisa.
            Davi não ficou pensando se valeria a pena, se aquela ovelha já lhe dera muito trabalho ou não, se ela não era tão gorda assim ou se sua lã não era lá aquelas coisas, ele apenas a amou. Não buscou desculpas esfarrapadas para se esquivar da sua responsabilidade!
            Ele não agiu com amor porque aquela ovelha lhe era a melhor e mais querida ou por aquilo que ela pudesse retribuir-lhe; não, mas porque apesar de qualquer coisa ele a decidiu amar com sua vida.
            Até que ponto você está decidido a lutar pela salvação de alguém?
            Amar com palavras é fácil, dizer que te amo não é coisa assim tão complicada, mas viver o amor que se dá sem nada em troca é que é difícil.
            Quando a hesitação bater a nossa porta, não nos esqueçamos de nossa história, não nos esqueçamos de onde viemos. Está escrito: "Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos” (Efésios 2:4,5 - NVI).
            Deus nos amou quando não tínhamos nada para dar em troca, nos amou quando não éramos.

            Conclusão
            Que ao olharmos para aquele menino, ruivo, magricela, de cabelos encaracolados, “de belos olhos e de boa aparência”, lutando com todas as suas forças pela vida daquela pequena ovelha, sintamos o desejo de ser como aquele pastorzinho.
            Esse é o meu desejo e a minha oração. Amém!!!




 © Nelson Teixeira Santos


        

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