Já faz muito tempo. Tanto tempo que
a ditadura militar nem havia se instalado no Brasil. O ano era 1963; a escola, o
Grupo Escolar Arthur Ribeiro de Macedo e o então menino Nelson Teixeira Santos,
com apenas 8 anos de idade cursava a 2ª série do ensino primário (hoje Ensino
Fundamental), quando tudo começou. O
nome da professora; sinceramente não me lembro, contudo, as belas lições por
ela ensinadas, ficaram indelevelmente gravadas.
O livro de Português continha vários
textos para leitura e interpretação e entre eles um que jamais esqueci. Tratava
de uma história, cujo protagonista, um menino chamado Tibúrcio, que como todos
nós, tinha muitas virtudes, mas também possuía defeitos. Sua característica
marcante – a ingenuidade. Por conta de sua exacerbada ingenuidade ele sempre se
colocava em apuros, se metia em confusões e era facilmente enganado.
Embora aos meus 8 anos de idade
fosse incapaz de entender , de fato, o que significava ingenuidade, a lição
permanece até hoje: você não deve acreditar em tudo que vê, em tudo que lê,
em tudo que ouve.
O tempo passou e aos 21 anos de
idade conheci a Jesus e qual foi a minha surpresa ao descobrir nas Santas
Escrituras a seguinte citação: “Os bereanos eram mais nobres do que os
tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando
todos os dias as Escrituras, para ver se
tudo era assim mesmo” (Atos
17:11-
NVI). Gosto demais da mesma passagem na versão NTLH: “As pessoas dali eram mais bem educadas do que as
de Tessalônica e ouviam a mensagem com muito interesse. Todos os dias estudavam
as Escrituras Sagradas para saber se o
que Paulo dizia era mesmo verdade”. Agora,
já com o aval da Bíblia: você não deve acreditar em tudo que vê, em
tudo que lê, em tudo que ouve.
O tempo passou e aos 45 anos de
idade, lá estava eu no IAP cursando o teológico destinado aos obreiros da IASD,
quando numa das etapas entra um professor, pastor (cujo nome pelos motivos
óbvios prefiro não mencionar) e começa a inquirir a classe (na primeira
pessoa), só faltou apontar o dedo em riste, levando a questão para o nível
pessoal mesmo: - Você é ASD? Por quê? Porque foi induzido, coagido, convencido?
Foi um alvoroço geral, muita gente
indignada, alegando que foi até lá na esperança de fortalecer ainda mais a sua
fé e, de repente, vê a sua religião, sua fé, sua instituição sendo questionada.
Com a maturidade de quem já havia
vivido quase meio século, entendi perfeitamente o objetivo daquele pastor: você
não deve acreditar em tudo que vê, em tudo que lê, em tudo que ouve. E novamente, com mais um aval bíblico: “Antes santificai em vossos corações a
Cristo como Senhor; e estai sempre
preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a
razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15 - AA).
Entre uma etapa e outra do curso;
um belo dia lá estou eu desempenhando as funções de administrador financeiro,
numa das escolas da instituição quando o telefone toca. Do outro lado da linha
o departamental de educação chamando-me para uma conversa pessoal. Para encurtar
a história; meu nome tinha sido escolhido para ocupar a função de tesoureiro geral
das escolas da associação. Como fui apanhado de surpresa, pedi um tempo para
dar-lhe a resposta. Sabendo que dois departamentais envolvidos com a área educacional
estavam em rota de colisão (sendo um deles o que me fez o convite) resolvi
declinar da indicação. O homem ficou furioso, indignado mesmo, com a recusa.
- Como você ousa recusar um chamado
de Deus?
- Desculpe-me pastor. Sinceramente
não vi o chamado desta perspectiva. Foi a minha resposta.
Atrevimento em recusar um chamado de
Deus. Chamado de Deus. De Deus. Com estes pensamentos povoando a minha mente, me
sentindo um herege, fui procurar outro pastor, grande amigo, já às portas da
jubilação, que naquele momento trabalhava como departamental da USB, a fim de pedir
ajuda, trocar ideias, receber um bom conselho, para quem sabe, voltar atrás
naquela decisão tomada.
-O que? Quem foi que lhe disse que
todo chamado procede de Deus? Fique você sabendo que nem todo chamado procede
de Deus.
- Mas pastor; nem mesmo os que
acontecem dentro das igrejas, no seio das instituições religiosas?
-Pode acreditar – não! Foi a
enfática resposta.
A conversa foi longa e demorada,
contudo os motivos apresentados pelo experiente pastor foram bastante
convincentes e suficientes para confirmar a decisão previamente tomada, vindo
reforçar a máxima de que: você não deve acreditar em tudo que vê, em tudo
que lê, em tudo que ouve.
Há dias atrás vivenciamos a dança dos
distritais. E por conta disso, é gente chorando a partida de uns, é gente dando
boas vindas aos que chegam, há os ingênuos que acreditam que todos os chamados
(neste caso mudanças) procedem de Deus, há gente defendo tais mudanças – “é
para o bem deles, é para o bem das igrejas”. Também há os que começam a
questionar certas mudanças: porque mudar de uma igreja para outra, dentro de
uma mesma associação, distritais que assumiram distritos a cerca de um ano? Tem até gente encontrando versículo bíblico
para referendar tais mudanças – Romanos 8:28. Pode? Faço minhas aqui, as
palavras do apóstolo Paulo: “Pois posso
testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no
conhecimento” (Romanos
10:2
- ACF).
E o que dizer das “mensagens escondidas”?
“Os
salvos serão vistos nos cultos de quarta-feira”.
“É pecado montar árvores de natal
em nossas igrejas”
“É pecado fazer encenações teatrais
(dramatizações) em nossas igrejas”
“O último trabalho intercessor de
Cristo antes que Ele ponha de lado suas vestes sacerdotais, é apresentar as
orações dos pais pelos filhos”. A lista é grande!
Permitam-me nem mencionar a quem tais
citações são atribuídas. Coitadinha!
Quando alguém, seja lá quem for,
leigo ou graduado, fizer alguma citação mencionando ou não sua autoria, contudo
omitindo a fonte, o livro, a revista, a página; não se sinta constrangido em
perguntar aonde é que está escrito? É direito seu, pois você não deve
acreditar em tudo que vê, em tudo que lê, em tudo que ouve.
E quanto às páginas sociais; elas não
poderiam se deixadas de lado. Como defini-las? Ainda não encontrei uma
definição adequada para tais ferramentas tecnológicas. Um laboratório. Um
mosaico de coisas. Uma válvula de escape. Uma página social. Uma forma de
entretenimento. Uma vitrine. Um modismo. Pode ser tudo isso. Pode também não
ser nada disso. Agora uma constatação: são bastante democráticas; igualmente ecléticas;
nelas encontra-se de tudo. Agora só uma coisa. Por amor daquilo que lhes é mais
sagrado não me venham com a história de que são coisas do diabo. Podem ser usadas
tanto para promover o bem, como para disseminar o mal. Portanto, tome muito
cuidado com o que você posta, escreve, curte, compartilha. Não seja ingênuo a
ponto de acreditar em tudo que postam nas redes sociais. Afinal, você não
deve acreditar em tudo que vê, em tudo que lê, m tudo que ouve.
Alguns conselhos bíblicos são bastante
úteis ao acessarmos Facebook, Orkut,
Twitter, Youtube, Instagran, Pinterest ou qualquer outra rede (nada
contra nenhuma delas):
“Seja,
porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de
procedência maligna” ( Mateus 5:37 - ACF).
“Como é
feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos
pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!” ( Salmos 1:1 - NVI).
Afinal de contas, ser ingênuo é bom
ou ruim? A julgar pela definição dada pelo Aurélio: sem malícia, franco,
inocente, puro e singelo; ser ingênuo é bom. Estas são qualidades desejáveis
entre todos que se dizem ser cristãos,
contudo, há um grande problema; o possuidor de tais virtudes torna-se presa
fácil (enganada) nas mãos de pessoas despreparadas, mal preparadas e mal
intencionadas.
Portanto, você não deve acreditar em tudo que vê, em tudo que lê, em tudo que
ouve. Seja nobre ou bem educado como os bereanos. Que o “assim diz o Senhor” seja o fator
norteador de sua vida.
É o meu desejo e a minha oração. Amém!!!
© Nelson Teixeira
Santos
Esse ultimo texto de Ellen white "O último trabalho intercessor de Cristo antes que ponha de lado seus vestidos de sacerdote, é apresentar as orações dos pais por seus filhos. E eu vi um anjo poderoso ser enviado e milhares de filhos lembrarem os ensinamentos da infância e voltarem justamente antes que se feche a porta da graça." Esta na : Ellen G. White, Review and Herald, 1902.
ResponderExcluirCaros amigos, em Janeiro deste ano deparei-me com esta citação que me levantou algumas dúvidas. Tendo pesquisado em quase todas as revistas da "Review and Herald" de 1902, e não encontrando a respectiva citação, contactei com o Centro White do UNASP. Tendo recebido a seguinte resposta:
ResponderExcluir"Esta frase que você mencionou tem circulado vez após vez. Contudo, assim como você não a conseguiu encontrar, mesmo pesquisando em todo lugar que pôde, nós também não conseguimos encontrar. A própria referência que você viu não está completa. Quando se faz referência à Review and Herald, dá-se a data da publicação, pois é uma revista. Seria mais ou menos assim: Review and Herald, 12 de agosto de 1870 (esta seria uma data completa). Mas a referência dada está incompleta. Segundo a referência que você viu, só está escrito "Ellen White, Review and Herald, 1902" (sem mês ou dia). Infelizmente, não conseguimos encontrar esta frase, e pode ser que seja uma frase falsa. Até encontrarmos o texto original dela, não podemos usá-la, e deveríamos deixá-la de lado."
Entristece-me ver que embora já tenha alertado diversas vezes irmãos e pastores sobre esta citação, ela continue a circular de uma forma viral sem se saber a origem. Se esta frase, "aparentemente inocente", entrou no nosso meio como verdadeira (sem se conhecer a fonte) e está a circular entre os irmãos e mesmo entre pastores, ao ponto de ser colocada até em publicações oficiais, não poderia Satanás fazer introduzir no nosso meio outras citações, de forma a que se possível fosse, enganasse até os escolhidos? O inimigo sabe que não aceitaríamos facilmente outra profetisa, mas aproveita a nossa "falta de conhecimento" e "falta de atenção" para lançar falsas visões e falsas mensagens. "Olhai que ninguém vos engane;" Marcos 13:5 Que Deus nos ajude a vigiar e a estar atentos, para não sermos enganados e também para ajudarmos os irmãos a ter alguns cuidados de forma a basear a sua fé apenas naquilo que está realmente escrito e não em teorias ou falsos textos, que não sabemos ao certo a sua proveniência! Abraço!
Marcio Wippel 01:29 Manter esta mensagem na parte superior de sua caixa de entrada
ResponderExcluirPara: nelson_tsantos@hotmail.com
ola querido irmão, fico feliz por ainda existir pessoas como voce, que procura esclarecer e tirar as duvidas das pessoas que por não terem o conhecimento biblico, falam coisas erradas e sem nexo. a resposta para todas as duvidas esta em conhecer a verdade através da palavra de Deus, a bíblia. Sabendo que Jesus esta para voltar, satanás usará todas as armas disponíveis, principalmente as redes sociais, como voce mencionou.conhecereis a verdade e ela te libertará.DEUS seja louvado.
Wilson Hanelt 02:43 Manter esta mensagem na parte superior de sua caixa de entrada
ResponderExcluirPara: nelson_tsantos@hotmail.com
entendo que a frase em questão, em si mesma, sem ter a fonte precisa, é perfeitamente valida. Serve como alerta para tomarmos cuidado com a fonte, ou saber encaixar algum assunto num contexto lógico.
Espero que a publicação do presente comentário que se segue, acabe de uma vez por todas, com todos os questionamentos que envolvem essa declaração/citação atribuída a Sra. Ellen G. White:
ResponderExcluir"Mais de quarenta anos atrás, o White Estate incluiu essa declaração na lista de “Citações Apócrifas” no apêndice C do terceiro volume do Comprehensive Index to Ellen G. White Writtings [índice Detalhado dos Escritos de Ellen G. White]. Essa lista foi ampliada em nosso site (www.WhiteEstate.org), onde você pode encontrá-la na seção “Issues & Answers”, sob o subtítulo “Statements Wrongly Attributed to Ellen G. White”. Aqui está o que diz o verbete:
Última Obra Mediadora de Cristo. Uma declaração atribuída à Sra. White, supostamente apoiada por várias fontes de referência tais como a Review and Herald de 1890,1898 e 1902, com relação à última obra mediadora de Cristo em favor dos jovens que se apartaram do redil não foi vinculada a nenhuma fonte de Ellen G. White. Os inquiridores são conduzidos às seguintes declarações: “Quando a tempestade da perseguição realmente irromper sobre nós, [...] muitos que se desviaram do aprisco retornarão para seguir o grande Pastor” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 401). “O amor de Deus anela sempre aquele que dEle se afastou, e põe em operação influências para fazê-lo tornar à casa paterna. [...] Uma cadeia dourada, a graça e compaixão do amor divino, é atada ao redor de toda pessoa em perigo” (Parábolas de Jesus, p. 202). “O Céu aguarda e anela a volta dos pródigos que vagueiam longe do rebanho. Muitos dos que se extraviaram podem ser trazidos de volta, pelo amoroso serviço dos filhos de Deus” (Nos Lugares Celestiais [M D 1968], p. 10).
Essas passagens alternativas, as quais realmente são oriundas dos escritos da Sra. White, podem servir como valiosos substitutos para aquelas que não o são".
FAGAL, William. 101 perguntas sobre Ellen White e seus escritos. Tatuí, SP : Casa Publicadora Brasileira, 2013, páginas 120-121.