Levantamento histórico revela percepção de membros da
Igreja Adventista sobre crenças e outras questões
October
17, 2013 | Silver Spring, Maryland, United States | Autor: Edwin Manuel
Garcia/ANN
A mais
ampla pesquisa já realizada sobre as atitudes, crenças, experiências e práticas
espirituais dos adventistas do sétimo dia reforçou algumas suposições de longa
data sobre a afirmação positiva dos fiéis da denominação, no entanto, revelou
uma tendência emergente em direção a secularização que é preocupante para
alguns líderes da igreja.
Entre
os resultados mais significativos, com base em dezenas de milhares de pesquisas
por todo o mundo:
•
Professores da Escola Sabatina foram avaliados mais elevadamente do que
pastores e anciãos, quando os membros da Igreja foram indagados sobre quem era
mais amigável, mais caloroso, mais solidário e teve um efeito positivo em suas
vidas espirituais.
• Cerca
de três quartos dos adventistas abraçam fortemente o ministério profético da
co- fundadora da IASD, Ellen G. White.
•
Apenas cerca de uma em cada três famílias realiza culto diário.
• Quase
metade dos estudantes universitários e graduados recentes de faculdades
disseram que se deve aceitar homossexuais praticantes como membros regulares da
Igreja.
• Cerca
de 9 em cada 10 pessoas que deixaram a Igreja Adventista nunca foram contatados
por seu pastor depois que pararam de frequentar as reuniões congregacionais.
Os
resultados, divulgados nesta semana para delegados do Concílio Anual da
Associação Geral de 2013, na sede da Igreja em Silver Spring, Maryland, foram
encomendados pelo Escritório de Arquivos, Estatística e Investigação dois anos
e meio atrás.
A
pesquisa foi baseada em cinco projetos separados. Ela consistiu de 41.000
entrevistas ou questionários por todo o mundo; envolveu 4.260 pastores, quase
26 mil membros da Igreja; 1.200 estudantes universitários e recém-formados, e
900 ex-adventistas. Equipes de universidades adventistas estiveram envolvidas
nesse esforço sem precedentes em vários conteúdos da pesquisa.
“Em
termos de amplitude e profundidade”, disse David Trim, diretor do escritório de
pesquisa da Igreja, “este é o melhor retrato que já tivemos da Igreja por todo
o mundo”.
Antes
de apresentar os resultados de centenas de administradores da Igreja, Trim
alertou o público para não se julgar precipitadamente. “Os dados são o que
são”, esclareceu Trim. “O que isso significa, é outra coisa”.
Os
resultados desmentiram suposições de longa data sobre a composição de gênero da
denominação: a Igreja é composta de 57 por cento do sexo feminino, e 43 por
cento do sexo masculino–um dado bem diverso da crença de que 65 por cento dos
adoradores são do sexo feminino e 35 por cento do sexo masculino.
Os
resultados também mostraram uma igreja que é jovem–54 por cento dos membros por
todo o mundo estão entre as idades de 16 e 40 anos, o que apresenta duas
desvantagens, de acordo com Trim. Por um lado, os membros mais jovens podem
também ser chamados rapidamente para posições de liderança administrativa na
denominação sem a experiência adequada. Além disso, os líderes mais velhos
podem precisar de treinamento para aprender a compreender e trabalhar de forma
eficaz com a geração mais jovem.
Apenas
10 por cento dos membros da Igreja no mundo tem mais de 60 anos, e a maior
proporção de idosos fiéis está na América do Norte, Europa e Japão. Em
contraste, Trim disse: “Nossa Igreja na América Latina e África, em particular,
é uma igreja muito jovem”.
Os
resultados continham vários pontos positivos, esclareceu Trim, incluindo uma
estatística que mostra que 53 por cento dos entrevistados afirmaram que a lição
da Escola Sabatina adulta ajudou “muito” no desenvolvimento da sua vida
religiosa.
A lição
da Escola Sabatina, talvez não surpreendentemente, é menos popular entre os fiéis
na América do Norte, partes da Europa, e em torno da Austrália. “Como alguém
que é ao mesmo tempo da Austrália e da Europa, casado com uma americana”, Trim
disse brincando, “vou aceitar a culpa por todas essas coisas. Somos pessoas
muito cínicas na América, Austrália e Europa”.
Outra
“história de sucesso”, comentou Trim, foi que 92 por cento dos adventistas têm
uma convicção esmagadora de que o sábado do sétimo dia é o verdadeiro sábado, e
apenas 3 por cento discordam (sendo que a margem de erro da pesquisa em
particular era de 3 por cento, talvez pudesse significar desacordo zero).
Os
resultados também apontaram para várias áreas consideradas problemáticas, como
as pessoas que saem da Igreja despercebidamente, e a influência de valores
seculares infiltrando-se na Igreja, Trim disse.
Curiosamente,
a grande maioria dos membros inativos e ex-membros não estão rejeitando a
mensagem e missão da Igreja. “Eles estão se deixando levar pela forte dinâmica
da sociedade contemporânea longe de formas estabelecidas de atividade
religiosa”, disse Trim. “O estofo da maioria das igrejas adventistas locais não
é suficiente para conter esta onda”. Acentuou, então, aos delegados: “Irmãos e
irmãs, acho que este é um verdadeiro desafio para nós”.
Embora
apenas 9 por cento dos adventistas foram contatados por seu pastor depois que
pararam de frequentar a igreja, ex-membros em grande número disseram que tinham
sido visitados por pessoas idosas ou outros membros da igreja. No entanto, os
resultados mostram que 4 em cada 10 adventistas saíram da Igreja sem nunca
terem sido contactados por alguém.
O fato
de membros desaparecerem de modo despercebido é uma “tragédia”, definiu Trim.
De 2000
a 2012, mais de 13,6 milhões de pessoas se uniram à Igreja, principalmente
através do batismo. Mas, durante o mesmo tempo, 5,9 milhões de adventistas
foram perdidos (o que não inclui os que morreram). Esse é um índice de perda de
cerca de 43,4 por 100 novos convertidos. “Isso é muito alto”, disse Trim.
Aproximadamente
90 por cento dos entrevistados concordaram fortemente que a Igreja Adventista
do Sétimo Dia é a verdadeira Igreja de Deus dos últimos dias com uma mensagem
para preparar o mundo para a Segunda Vinda de Cristo. Quando perguntados se
esperam que o mundo acabe dentro dos próximos 20 anos, apenas 22 por cento dos
entrevistados concordaram fortemente, e 45 por cento discordaram fortemente,
Trim disse. “Não é que as pessoas não acreditem que Jesus está vindo, mas
parece ser algum tipo de ceticismo quanto à brevidade de Sua vinda”.
A
pesquisa concluiu que a secularização não se limita mais à América, Europa e
Austrália. “É uma sociedade globalizada”, lembrou Trim. “As pessoas estão
assistindo aos mesmos programas de televisão, lendo os mesmos aplicativos e
sites em seus telefones e computadores, e a secularização é um problema”.
Seguindo-se
à apresentação, o vice-presidente Benjamin Schoun reconheceu que desafios de
fato estão à frente. “Temos muito a aprender e provavelmente teremos que
incorporar esses resultados em nosso planejamento estratégico”, afirmou,
“porque é um quadro muito preocupante em alguns casos, embora tenhamos os
nossos pontos fortes também."
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