“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Salmo 51:10 - Versão NAA).
Introdução
Falar em ou de pureza em nossos dias,
não é tarefa fácil. Num mundo corrompido pelo pecado, tudo o que se vê à nossa
volta é sujeira, contaminação, corrupção, injustiça; todavia, a oração de Davi,
presente no Salmo 51 vai à raiz da necessidade que todos nós, seres humanos
temos de um novo começo, obviamente provocadas pelas ações divinas do Espírito
Santo, porém, não sem o nosso consentimento e cooperação.
Objetivo da mensagem
Mostrar que, não se trata de uma
gambiarra espiritual, pois no decorrer da oração de Davi (Salmo 51) associado
ao reconhecimento de necessidade, arrependimento e confissão, ele também se
reconsagra para ser um autêntico discípulo de Deus e se compromete a servir-Lhe
pelo resto de sua vida, ou seja, uma verdadeira transformação.
Um acontecimento sobrenatural
O ser humano não possui nem a capacidade
de realizar essa metamorfose. A pureza de coração não é um acontecimento
natural para nenhum ser humano. Todos somos, sem exceção, por natureza impuros,
ou seja, pecadores e perversos. Mas quando alguém ouve a voz e atende ao
chamado do Espírito de Deus, brota dentro do coração um profundo desejo de mudança;
uma vontade nova; um desejo e uma atitude firme de dedicação de todo o ser a
Deus.
É imperativo que a entrega seja
total. Deus não Se alegra com um coração dividido (Mt 6:24), um serviço
destituído de interesse (Jer 48:10), uma piedade ocasional, ou um cristianismo mesclado
de mundanidade. Deus requer tudo ou nada. “Vem decide agora, quem vai ocupar
o seu coração. Mas lembre, se Ele não for o primeiro, em seu coração. Então já
não é mais nada, não passa de uma ilusão. Mas se ele for o primeiro, o seu
companheiro. Motivo do seu existir, você vai viver, você vai sorrir, você vai
vencer” (Hino nº 314 – HA).
O conselho divino é: “busquem a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14 – NAA).
Há também um outro recado para
igreja laodiceana: “Conheço as obras que você realiza, que você não é nem
frio nem quente. Quem dera você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, e não é nem
quente nem frio, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca” (Ap 3:15-16 -
NAA).
E mais outro ainda: “Você não
pode mudar seu coração, não pode por você mesmo consagrar a Deus as suas
afeições; mas pode escolher serví-Lo. Pode dar-Lhe a sua vontade. Ele então
operará em você o querer e o fazer, segundo a Sua graça. Desse modo, toda a sua
natureza estará sob o domínio do Espírito de Cristo; suas afeições irão ser
centralizadas nEle; seus pensamentos estarão em harmonia com Ele” (Ellen G.
White, Caminho a Cristo, pág. 47). Em outras palavras: A mudança só pode ser
realizada unicamente e exclusivamente pelo poder divino. Só Deus pode operar
essa mudança no coração de seus seguidores, obviamente, com o aval e cooperação
deles.
Contexto histórico
Este salmo de autoria do rei Davi
(rei e líder espiritual de Israel), relata o estado de espírito em que ele
ficou quando confrontado pelo profeta Natã (a mando de Deus), depois dele ter
estado com Bate-Seba.
Segundo a Sra. White, “este
período da história de Davi está repleto de significação para o pecador
arrependido. É uma das ilustrações mais flagrantes que nos são dadas das lutas
e tentações da humanidade, do arrependimento genuíno para com Deus e da fé em
nosso Senhor Jesus Cristo” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág.
726).
O Salmo 51 nos revela quatro passos
básicos que devemos dar, cada um de nós, individualmente, para que este
processo de fato aconteça:
1) Deve-se ter a coragem de
reconhecer o estado pecaminoso (Sal 51:3-4).
O rei Davi derramou o seu coração diante do Senhor, pedindo
o perdão dos seus pecados num dos momentos espiritualmente mais sombrios de sua
vida. “O arrependimento de Davi foi sincero e profundo. Não houve esforço
para atenuar seu delito. Nenhum desejo de escapar dos juízos ameaçados inspirou
sua oração. ... Não era unicamente pelo perdão que ele orava, mas pela pureza
de coração” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 725).
Espiritualmente falando não existe desculpa que justifique
o pecado! Qualquer que seja o pecado
cometido, ele sempre ofende a Deus e quebra o relacionamento do ofensor para
com Ele. Por isso, Davi confessou. Sem o reconhecimento do estado pecaminoso,
sem uma sincera confissão das transgressões, não pode haver perdão. Sem perdão
não há Céu!
2) Deve-se desejar ardentemente receber a verdade
(Salmo 51:6).
“Segundo estatísticas,
existem hoje 12 grandes religiões no mundo que detêm cerca de 80% da população
mundial. Essas religiões são subdivididas em 270 grandes grupos religiosos. No
entanto, se considerarmos também igrejas independentes e outras religiões que
surgiram ao longo do tempo, esse número pode ultrapassar a incrível marca dos
30.000. Portanto, é impossível calcular com precisão a quantidade exata de
religiões”
(https://papoativo.com/todas-as-religioes-no-mundo/).
Em outras palavras, existem
atualmente mais de 30.000 religiões, pregando mais de 30.000 verdades; uma mais
sectarista que a outra (com raras exceções).
Então, onde encontrar a
verdade?
Deus usa a verdade para nos
santificar; “Tua palavra é a verdade” (João 17:17). Por um lado,
revelando-nos os pecados, a Palavra de Deus nos permite ver-nos como somos
(Tiago 1:23-24); por outro, mostra-nos o que podemos tornar-nos por Sua graça.
3) Deve-se pedir que Deus crie um novo coração
(Salmo 51:10).
Deus não deseja apenas
colocar o coração em ordem; Ele deseja criar um novo coração, como prometeu em
Ezequiel 36:26: “Dar-vos-ei coração novo”. A versão Nova Almeida Atualizada
(NAA) traduz este versículo assim: “Eu lhes darei um coração novo e porei
dentro de vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes
darei um coração de carne”. A NTLH é mais contundente ainda: “Tirarei de
vocês o coração de pedra, desobediente, e lhes darei um coração bondoso,
obediente”. Como diz o diácono Estevão (Atos 7:51), pessoas de dura cerviz;
que significa teimoso, de difícil controle. Pessoas de dura cerviz são aquelas
que não aceitam correção, são inflexíveis, obstinadas, intransigentes e
rebeldes. Em outras palavras, surdos para ouvir a mensagem de Deus!
4) Deve-se oferecer o eu a Deus
como sacrifício vivo (Salmo 51:17).
A carência de um coração puro é claramente
perceptível através de tentativas infrutíferas de compensações através de aspectos
exteriores de santidade; porém, o que vale aos olhos de Deus não são os
aspectos exteriores da santidade, mas a disposição íntima do coração e da mente
(Isaias 1:11-17). Deus nem sempre está muito preocupado com as suas habilidades,
mais sim, com a sua disponibilidade. O profeta Isaias entendeu muito bem o recado
divino quando exclamou: “Eis-me aqui. Envia-me a mim” (Isaias 6:8).
Conclusão
“Precisamos abrir o coração à
influência do Espírito Santo e experimentar Seu poder transformador. A razão
por que não recebeis mais da salvífica ajuda de Deus é que o canal de
comunicação entre o Céu e vossa própria alma está obstruído pela mundanidade,
pelo amor à ostentação e pelo desejo de supremacia. Enquanto alguns se adaptam
cada vez mais aos costumes e preceitos do mundo, deveríamos estar moldando
nossa vida segundo o Modelo divino. E o nosso Deus, que guarda o concerto, nos
restituirá as alegrias de Sua salvação e nos susterá com Seu Espírito
voluntário” (Review and Herald, 24 de junho de 1884).
Este é o meu desejo e a minha
oração. Amém!!!
© Nelson Teixeira Santos
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